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Varejo dos EUA prevê menor número de contratações sazonais desde a Grande Recessão

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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As contratações temporárias no varejo dos Estados Unidos para o período de festas de fim de ano devem atingir o menor nível em pelo menos 15 anos, segundo projeção da Federação Nacional do Varejo (NRF). A entidade estima entre 265 mil e 365 mil vagas sazonais, número inferior ao de 2024, quando foram contratados 442 mil trabalhadores temporários.

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(Imagem: Envato)

O CEO da NRF, Matthew Shay, afirmou à CNBC que o cenário reflete o enfraquecimento do mercado de trabalho e a postura mais cautelosa das empresas diante de custos mais altos e das incertezas econômicas.

De acordo com o economista-chefe da federação, Mark Mathews, parte das contratações pode ter sido antecipada para eventos promocionais em outubro. Ainda assim, os varejistas têm buscado reduzir despesas em razão das tarifas e da pressão inflacionária.

Desaceleração nas contratações

Apesar da redução nas vagas, a NRF projeta um recorde histórico de vendas para as festas de fim de ano. As receitas devem alcançar entre US$ 1,1 trilhão e US$ 1,2 trilhão entre 1º de novembro e 31 de dezembro, a primeira vez que o total ultrapassa a marca de US$ 1 trilhão.

A estimativa representa crescimento de 3,7% a 4,2% em relação ao mesmo período de 2024, ligeiramente abaixo da alta de 4,3% registrada no ano passado.

Segundo a federação, mesmo com a baixa confiança do consumidor, a inflação persistente e a prolongada paralisação do governo, as famílias tendem a priorizar os gastos de fim de ano, compensando cortes em outras áreas do orçamento.

O relatório indica que este será o quarto menor volume de contratações desde 2000, superando apenas os anos de 2009, 2010 e 2012, períodos logo após a Grande Recessão.

Sinais de desaceleração econômica

Os dados da NRF acompanham outros indicadores de enfraquecimento no mercado de trabalho. Em outubro, a empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas registrou 153 mil anúncios de demissões, o maior número para o mês desde 2003 e 175% acima do mesmo período de 2024. Segundo a consultoria, 2025 já é o pior ano em cortes de empregos desde 2009.

Por outro lado, dados da ADP apontam criação líquida de 42 mil vagas no setor privado em outubro, revertendo dois meses consecutivos de perdas.

Para Matthew Shay, o ritmo mais lento de contratações reflete o ambiente de incerteza e mudanças estruturais no mercado de trabalho, como a aposentadoria da geração Baby Boomer e as restrições à imigração implementadas durante o governo Donald Trump.

Ele acrescenta que, embora a recente onda de investimentos em inteligência artificial tenha sustentado parte da atividade econômica, ela pode estar mascarando fragilidades mais profundas no mercado.