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Confiança do varejo atinge o menor nível desde a pandemia

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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A confiança do empresário do comércio brasileiro caiu ao pior patamar desde a pandemia de Covid-19. O cenário é de retração nas intenções de contratação e investimento, em meio a juros elevados, crédito restrito e desaceleração da atividade econômica.

É o que mostra o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

confiança do varejo em outubro
(Imagem: Envato)

Segundo o levantamento, 46% dos empresários ouvidos em setembro e 43,6% em outubro projetam piora na economia brasileira, os maiores percentuais desde junho de 2020.

De acordo com o economista da CNC, João Marcelo Costa, o principal fator que sustenta o pessimismo é o alto custo do crédito.

“O empresário do comércio precisa se financiar, depende do fluxo de caixa para fazer contratações e investir. Quando os juros estão altos, ele precisa tomar capital de giro, o que fica mais difícil no cenário atual”, explica.

A intenção de investimento recuou para 99,1 pontos em outubro, abaixo do nível de neutralidade (100 pontos) pelo segundo mês consecutivo, algo que não ocorria desde novembro de 2023. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 4,2%.

Menor disposição para contratar e expandir

Entre os diferentes tipos de investimento, a maior queda foi na intenção de contratar funcionários, que caiu de 121,1 pontos em junho para 112 pontos em outubro, o que representa retração de 6,3% em relação a outubro de 2024 e de 0,4% em relação a setembro.

A intenção de expandir os negócios também diminuiu, chegando a 93,4 pontos, com redução mensal de 1,2% e anual de 5,7%. O único tipo de investimento que registrou alta foi o de formação de estoques, com leve avanço de 0,5% na comparação anual.

Endividamento das famílias agrava cenário

Além das taxas elevadas, o alto nível de endividamento das famílias tem pressionado o setor. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também da CNC, mostram que 30,5% das famílias tinham contas em atraso em setembro, o maior índice da série histórica.

“As pesquisas de atividade do IBGE já indicam que a economia começa a arrefecer, e nesse cenário as pessoas consomem menos. Há muitas famílias endividadas, que possuem menos renda disponível para consumir”, afirma Costa.

O recuo na confiança foi generalizado entre os setores do varejo, com destaque para os segmentos mais sensíveis ao crédito. As lojas de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, material de construção e veículos registraram queda de 14,5% no índice em relação a outubro do ano passado.

Supermercados, farmácias, lojas de cosméticos e de vestuário também tiveram reduções significativas, de 10,6% e 9,1%, respectivamente.

Índice total tem o menor nível desde 2021

O indicador geral de confiança do comércio atingiu 95,7 pontos em outubro, permanecendo abaixo de 100 pelo segundo mês consecutivo e alcançando o menor nível desde maio de 2021. Entre julho e outubro, o índice acumulou retração de 10,3%.

Atualmente, 77,4% dos comerciantes avaliam que a economia brasileira piorou em relação ao período anterior, o que reforça o clima de cautela e o cenário de incerteza no varejo nacional.