O universo de “Wicked” voltou ao centro da cultura pop com a chegada da segunda parte do filme e, como já virou tendência em estreias desse porte, o impacto ultrapassou as telas. Cores, personagens e toda a estética do musical reinventado para o cinema criaram uma onda de consumo que respinga diretamente no e-commerce, em campanhas licenciadas, em produtos oficiais e até em pequenas marcas que tentam surfar a hype sem cair em armadilhas jurídicas.

A influência não chega a ser uma surpresa. Desde fenômenos recentes como “Barbie”, o varejo aprendeu que grandes estreias movimentam públicos apaixonados e dispostos a transformar o afeto por uma história em compra. Mas, no caso de “Wicked”, a dinâmica ganha contornos próprios: a iconografia da trama é simples, altamente reconhecível e facilmente adaptável, o que abriu espaço para uma explosão de produtos, ativações e estratégias digitais.
Um fenômeno comercial movido a cores, colecionáveis e comunidade
As protagonistas Glinda e Elphaba carregam dois elementos que fazem qualquer time de marketing sorrir: rosa e verde. A partir dessa estética clara e replicável, marcas do food service e de lifestyle criaram produtos oficiais com forte apelo visual, que se tornaram peças de colecionador e impulsionaram vendas.
Licenciados e pensados para mídias sociais, esses itens foram ao encontro do comportamento atual do consumidor, que busca experiências compartilháveis e produtos temáticos que garantem sensação de pertencimento. Em casos de grandes redes, o resultado foi direto no caixa: campanhas ativas desde outubro já elevaram o faturamento mensal em até 35%.

A data de estreia, marcada para 20 de novembro, intensificou o movimento. Novas embalagens, ações promocionais atreladas à experiência do filme e ativações offline como unidades decoradas e distribuição de brindes completam a estratégia.
Pequenos negócios entram no jogo com estética, não com personagens
Se grandes marcas trabalham com licenciamento oficial, pequenos empreendedores encontram outra porta de entrada: a estética do filme. Verdes, rosas, glitter, referências ao mundo da fantasia e até nomes genéricos inspirados no clima da história criam produtos que dialogam com o público sem infringir direitos autorais.
O movimento ganhou força em segmentos como velas artesanais, acessórios, bebidas, confeitaria e moda casual. O ponto de atenção, segundo especialistas em propriedade intelectual, está no limite entre homenagem e violação.
Termos como o nome do filme, personagens, logotipos, falas icônicas, trilha sonora, imagens oficiais e qualquer elemento que possa ser identificado como propriedade exclusiva precisam ficar fora da vitrine quando não há licença.
Empreendedores vêm contornando o desafio com criatividade: produtos com nomes genéricos, paletas de cores reconhecíveis e símbolos amplos da fantasia (bruxas, chapéus, vassouras) ajudam a capturar a atenção dos fãs sem atravessar a linha legal.
O que explica a força comercial de Wicked
O apelo emocional é o ponto de partida, mas não é o único. O musical tem uma base de fãs consolidada há anos, e o filme amplificou essa comunidade nas redes sociais. A combinação de nostalgia, estética forte e storytelling bem estabelecido cria terreno fértil para vender de roupas a sobremesas temáticas.
No digital, o engajamento vira combustível. Vídeos de unboxing, comparações de produtos, conteúdos ASMR de bebidas coloridas e coleções limitadas dominaram o TikTok e o Instagram nas últimas semanas. Para marcas, é o tipo de divulgação orgânica que nenhum plano de mídia consegue comprar.

O cinema, por sua vez, segue se consolidando como uma plataforma de marketing indireta para o varejo. Grandes estreias se convertem em conversas, e conversas viram intenção de compra. No comércio eletrônico, essa lógica é acelerada pelos algoritmos: hashtags, buscas, recomendações de produtos e campanhas geolocalizadas completam o ciclo.
Entre tendências e riscos: onde o e-commerce precisa pisar com cuidado
A onda é promissora, mas as regras de propriedade intelectual continuam rígidas. Especialistas reforçam que tanto o uso comercial indevido quanto a associação direta a personagens ou frases podem gerar consequências legais.
Mesmo quando a violação ocorre sem intenção, o empreendedor pode ser responsabilizado. Multas, recolhimento de produtos e indenizações relacionadas ao número estimado de cópias vendidas entram no radar. Para evitar problemas, a recomendação é clara: em caso de dúvida, consulte um especialista e aposte em elementos estéticos, não em referências diretas.
O que Wicked ensina ao varejo digital
O fenômeno deixa uma lição clara para o e-commerce: a cultura pop continua sendo um dos motores mais fortes de consumo, principalmente quando encontra narrativas visuais marcantes. Tendências que nascem no cinema rapidamente migram para redes sociais, embalagens e produtos personalizados, abrindo novas possibilidades para marcas de todos os portes.
Mas é preciso estratégia. Licenciamento garante segurança e credibilidade para grandes operações, enquanto pequenos negócios precisam equilibrar criatividade e cautela jurídica. O consumidor já mostrou que está disposto a comprar o que conversa com sua experiência afetiva, desde que as marcas saibam contar a história certa.
O mundo de Oz pode ser fictício, mas o impacto de “Wicked” no comércio é real, crescente e deve seguir movimentando o varejo digital até o fim do ano.