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Fenômeno Labubu dá sinais de desgaste e Pop Mart amarga desvalorização na bolsa

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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Após um crescimento explosivo e resultados recordes em 2025, a Pop Mart começa a enfrentar sinais de desaceleração. O Labubu, monstrinho que transformou a empresa em fenômeno global, já não sustenta sozinho o entusiasmo do mercado.

Labubu
(Imagem: reprodução)

Segundo a Bloomberg, na segunda-feira (15), as ações da Pop Mart registraram a maior queda desde abril. Logo na abertura do pregão, os papéis recuaram quase 9%, movimento que não era visto desde o anúncio de tarifas comerciais pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O recuo acontece após meses de euforia. Apenas no primeiro semestre de 2025, a companhia chinesa reportou alta de 204% na receita em relação ao mesmo período do ano anterior, somando 13,88 bilhões de yuans (R$ 10,5 bilhões). O lucro disparou 400%, chegando a 4,57 bilhões de yuans (R$ 3,46 bilhões). Na bolsa de Hong Kong, as ações acumulavam valorização de 213% no ano.

Expectativas em queda

A instabilidade já pressiona as projeções. O JPMorgan reduziu a recomendação para as ações, citando riscos ligados ao mercado de revenda, menor visibilidade de novos lançamentos e incertezas no licenciamento.

O reflexo é claro: a proporção de recomendações de compra caiu para 91%, o menor patamar em um ano. Desde o pico de 26 de agosto, os papéis já recuaram 25%, resultando em perda de cerca de US$ 13 bilhões em valor de mercado. Hoje, são negociados a quase 23 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses.

Mesmo diante do cenário de cautela, a Pop Mart anunciou planos para lançar uma animação, novos brinquedos e produtos interativos até o fim do ano. Analistas, porém, avaliam que essas iniciativas não devem conter sozinhas a desaceleração do Labubu.

O fenômeno Labubu

O crescimento da Pop Mart foi impulsionado pela abertura de megalojas fora da China, com destaque para os Estados Unidos, onde os brinquedos se consolidaram como sucesso de vendas. O modelo das “blind boxes”, em que o consumidor só descobre o personagem após abrir a embalagem, se tornou motor de fidelização e elemento cultural.

Criado pelo designer Kasing Lung em 2015 e lançado em 2019, o Labubu ganhou espaço na categoria “ugly-cuties”, rivalizando com marcas tradicionais como a Mattel. Edições limitadas chegaram a ser leiloadas por mais de US$ 150 mil. No TikTok, a hashtag #Labubu soma mais de 1,7 milhão de vídeos de unboxing e coleções.

O caso mostra que emoção, novidade e senso de comunidade atravessam fronteiras culturais. Marcas chinesas como a Pop Mart borram os limites entre produto e plataforma, comércio e cultura, apostando em experiências interativas em vez de marketing de massa.

10 fatos que ajudam a entender a febre

  • Criado em 2015 por Kasing Lung e lançado em 2019 pela Pop Mart.
  • Personagem da categoria “ugly-cuties”, com corpo de pelúcia e dentes pontudos.
  • Comercialização em caixas-surpresa impulsionou o colecionismo.
  • Celebridades como Lisa e Rose (Blackpink), Rihanna e Lady Gaga ajudaram na popularização.
  • A escassez de modelos originais alimentou falsificações conhecidas como “Lafufus”.
  • Os preços variam de R$ 12,80 até US$ 150 mil em leilões na China.
  • O personagem já apareceu em desfiles de moda, como o da Pronounce em Milão.
  • Houve casos de filas caóticas e até roubos de colecionáveis.
  • O fenômeno se consolidou nas redes sociais, com vídeos virais de unboxing.
  • Desde o IPO em Hong Kong, em 2020, a Pop Mart registra valorização expressiva, com salto de 400% em 2023.