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Empreendedores digitais ainda desconfiam de ferramentas tecnológicas, aponta PayPal

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

O PayPal apresentou nesta quinta-feira (13) o estudo Panorama PayPal: PMEs e o Comércio Digital no Brasil 2025, que traça um retrato dos empreendedores e pequenas e médias empresas no país. O levantamento nacional mostra que, embora 99% das PMEs já estejam digitalizadas, sete em cada dez ainda não confiam totalmente nas ferramentas digitais.

Imagem aproximada de um homem usando um smartphone enquanto paga a um garçom em um café
(Imagem: Envato)

Segundo Brunno Saura, general manager do PayPal no Brasil, “o papel da digitalização é quebrar fronteiras, quebrar barreiras regionais e locais”. Ele explica que as pequenas empresas ainda mantêm um senso de comunidade restrito a seus próprios territórios, o que sustenta suas existências, mas limita o potencial de expansão.

O estudo revela que a maioria dos empreendedores tem entre 35 e 40 anos e ensino superior completo. As empresas que participaram da pesquisa atuam majoritariamente nos setores de tecnologia e serviços, mas também há representantes de indústria e comércio — como moda, cosméticos, eletrônicos, decoração e móveis. O perfil é diverso: o faturamento anual varia de R$ 50 mil a R$ 300 milhões, com equipes de um até mais de 300 funcionários.

Concorrência e confiança

A confiança é o principal desafio para as PMEs brasileiras. Além da falta de segurança nas soluções digitais, 51% dos entrevistados apontam a concorrência com grandes empresas como o maior obstáculo para crescer. Outros 43% citam a dificuldade em aumentar as vendas, e 41% mencionam a atração de novos clientes.

Para 49% dos empreendedores, segurança é o fator mais importante na escolha de uma ferramenta digital, seguido por facilidade de uso (39%) e custo (33%). Reputação da marca (22%) e suporte técnico (27%) também estão entre os critérios considerados.

Atualmente, não basta ser online, é preciso ser relevante. Segundo Saura, a confiança não é mais um diferencial, mas uma condição básica. O levantamento mostra que 72% das empresas relataram experiências negativas com tecnologia, que vão desde falhas em integrações até suporte insatisfatório.

Inteligência artificial e o futuro das transações

O uso de inteligência artificial ainda é limitado: 75% das PMEs afirmam não utilizar nenhuma ferramenta de IA. Entre as que adotam a tecnologia, 25% aplicam em criação de conteúdo e atendimento ao cliente com chatbots. “A quantidade de chatbots ainda é subaproveitada”, comenta Saura, questionando se as empresas estão realmente criando soluções úteis para o negócio.

Ele também destaca o conceito de Agent Commerce, que considera o próximo passo da IA. “É basicamente como eu uso o meu bot de inteligência artificial para realizar atividades por mim”, explica.

Em outubro, o PayPal anunciou um acordo com a OpenAI para integrar sua carteira digital ao ChatGPT, permitindo que usuários realizem compras e transações diretamente na plataforma de IA.

Perfil regional e relação com o mercado

A pesquisa evidencia diferenças entre empreendedores das regiões do país. No Nordeste, 67% empreendem buscando liberdade financeira, mas apontam falta de planejamento estratégico (24%).

No Sudeste, 52% temem errar e perder conquistas, enquanto 28% pedem mais apoio jurídico. No Centro-Oeste, 60% enfrentam insegurança financeira devido à sazonalidade.

Já no Sul, 49% buscam equilíbrio e sustentabilidade de longo prazo, e no Norte, 97% já usam redes sociais, mas 55% relatam dificuldade em formar parcerias.

Para o executivo do PayPal, o caminho para o crescimento passa pela colaboração entre PMEs. “Essas empresas não estão filtrando só como vão aumentar as vendas delas, mas como expandem o mercado via uma parceria”, afirma.

Apesar das incertezas, seis em cada dez empreendedores consideram as ferramentas de pagamento digital muito relevantes para o sucesso do negócio. Saura reforça que o Pix é parte desse ecossistema em evolução. “O Pix não é um detrator, é mais um integrante para evoluir para o mercado do consumidor, criando mais tecnologia”, conclui.