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Black Friday 2025: consumidor brasileiro lidera em desconfiança, mas abraça inovações

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado digital desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

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Ano a ano, o consumidor brasileiro se consolida como experiente nas compras online, especialmente em grandes datas promocionais, como a Black Friday. Nem tudo é positivo neste cenário, contudo.

Segurança digital no e-commerce se torna um ponto central na confiança do consumidor. Imagem: Freepik

Um estudo realizado pela World revela que o Brasil se destaca na América Latina pela alta incidência de golpes digitais, ao mesmo passo em que o consumidor está cada vez mais disposto em adotar novas ferramentas de segurança online, como as tecnologias de verificação de humanidade.

Para Juliana Felippe, diretora-geral da Tools for Humanity no Brasil, essa abertura a soluções de segurança indica um novo patamar de maturidade digital no país.

“As compras de fim de ano não deveriam deixar ninguém em dúvida sobre quem está do outro lado da tela”, ela argumenta. “Ferramentas que assegurem a prova de humanidade sem deter qualquer dado pessoal podem ajudar no resgate da confiança às transações digitais sem comprometer a privacidade”, completa.

A pesquisa, realizada entre os dias 24 e 27 de outubro de 2025 com mais de 30 mil participantes em 10 países, traça um panorama claro da desconfiança. Um dado alarmante mostra que um em cada quatro brasileiros (25,7%) já sofreu tentativa ou foi efetivamente vítima de algum tipo de golpe digital durante períodos de promoções, como a Black Friday ou a Cyber Monday.

Abandono de carrinho e prejuízos para o e-commmerce

A desconfiança tem um impacto direto e mensurável no varejo digital. O levantamento indica que três em cada quatro consumidores brasileiros (75%) já desistiram de uma compra online por receio de serem enganados. Este é o maior índice registrado em toda a América Latina.

A desconfiança, é claro, tem uma consequência: de acordo com o último levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pelo menos metade da população (55%) já foi vítima de fraudes ou tentativa de golpes no último ano, o que resulta em um impacto estimado de R$ 186 bilhões ao ano.

Bots: aliados ou vilões?

O estudo mostra ainda que a desconfiança do brasileiro não se limita apenas ao phishing ou às fraudes diretamente, pois há uma percepção de “competição desigual” por ofertas, o que coloca o consumidor sob alerta na hora de comprar.

8 em cada 10 respondentes (83%) acreditam que bots maliciosos — programas que criam promoções falsas automaticamente e em larga escala — conseguem garantir os melhores descontos em grandes promoções. Os descontos falsos atraem consumidores, que são enganados e perdem a oportunidade de comprar de sites confiáveis, que não têm o mesmo dinamismo que os bots.

O estudo mostra ainda que os consumidores passaram a desconfiar também das avaliações nos sites dos e-commerces. 85% dos brasileiros acreditam que os reviews de produtos e lojas possam ser falsificados por automações, sendo este um dos percentuais mais altos da América Latina.

Luz no fim do túnel

Cada vez mais, o brasileiro se mostra disposto a adotar novas tecnologias, o que demonstra a crescente maturidade digital dos consumidores. Em um cenário de muitas fraudes, aumenta também a disposição para adotar tecnologias de segurança.

Quase 75% dos brasileiros afirmam que aceitariam adotar alguma tecnologia para provar que são humanos — por meio de uma verificação simples e segura — se isso garantisse uma experiência mais justa, com avaliações reais e menos golpes. Esta taxa é significativamente maior que a média da região latino-americana, que é de 67%.

Junto ao México e à Colômbia, o Brasil compõe um bloco de países com consumidores experientes e exigentes, principalmente com relação à autenticidade e confiança digital, acima inclusive do preço dos produtos.