A América Latina tem uma oportunidade histórica de liderar a nova geração do Retail Media global. A avaliação é de Francisco Larraín, CTO da Topsort, adtech global de infraestrutura para retail media, que destaca a fragmentação do varejo e a flexibilidade do mercado latino como vantagens competitivas para a criação de soluções mais eficientes, relevantes e justas para varejistas, anunciantes e consumidores.

Enquanto mercados como Estados Unidos e Europa operam com estruturas rígidas, desenvolvidas há mais de uma década, a América Latina surge não como uma região atrasada, mas como um ecossistema capaz de aprender com os erros e acertos dos pioneiros do setor. “Em vez de pensar que estamos atrasados, precisamos enxergar isso como uma oportunidade de inovação. Os grandes players globais construíram seus sistemas há muitos anos e hoje têm pouca margem para mudanças. Nós, na América Latina, conseguimos começar do zero”, afirma Larraín.
México e Brasil lideram o crescimento do Retail Media na região
De acordo com a Topsort, México e Brasil despontam como os principais motores de crescimento do retail media na América Latina. O México já movimenta cerca de US$ 2 bilhões em receita publicitária, mas ainda possui um grande potencial inexplorado. Já o Brasil se destaca pela alta fragmentação do varejo, fator que impulsiona a adoção de novas tecnologias.
“Em países como o Brasil, nenhum varejista concentra mais de 15% de participação de mercado. Isso cria uma oportunidade extraordinária para que pequenas e médias empresas entrem no jogo do Retail Media sem depender de grandes infraestruturas”, explica o executivo.
Pular etapas e acelerar a inovação
Segundo Larraín, a principal vantagem da América Latina é a possibilidade de “pular a curva de erros” enfrentada pelos pioneiros globais do Retail Media. “Amazon e outros gigantes começaram há mais de 13 anos, resolvendo problemas ao longo do caminho. Hoje, corrigir esses sistemas exigiria reconstruções completas. Nós começamos já com todos esses aprendizados”, afirma.
Essa abordagem permitiu à Topsort desenvolver modelos de leilão mais flexíveis, integrações rápidas — de três semanas para grandes empresas e com apenas um clique para pequenos e-commerces — além de soluções modulares adaptáveis a varejistas de qualquer porte. “Democratizar a tecnologia não é discurso, é modelo de negócio. Varejistas aumentam margens e anunciantes encontram audiências mais relevantes a custos menores”, completa.
Inovação além do varejo: o case Despegar
A capacidade de inovação da região também se reflete em outros setores. Um exemplo é o projeto desenvolvido pela Topsort em parceria com a Despegar, plataforma de viagens. Juntas, as empresas criaram um sistema de leilões capaz de processar, em tempo real, dados como origem, destino, segmentos de voo, número de viajantes, preferências e variações de rota.
“É uma tecnologia única no mundo do travel, inexistente até mesmo em plataformas globais como a Booking”, destaca Larraín. O case reforça o potencial da América Latina não apenas para adotar tecnologias globais, mas para criá-las e exportá-las para mercados mais maduros.
Toppie amplia acesso das PMEs ao Retail Media
Para aproveitar a fragmentação do mercado latino, a Topsort lançou a Toppie, uma rede que permite que pequenas e médias empresas monetizem sua audiência sem a necessidade de infraestrutura própria. A empresa negocia diretamente com as seis maiores agências de mídia do mundo e distribui os investimentos publicitários a pequenos varejistas por meio da instalação de um simples tag.
“As PMEs são o coração da economia latino-americana. Monetizar não pode ser um privilégio dos gigantes”, afirma Larraín.
América Latina como protagonista global
Fundada no Vale do Silício, a Topsort possui uma equipe de engenharia majoritariamente latino-americana. Para o CTO, esse é um símbolo claro do novo momento da região. “É motivo de orgulho ver tecnologia criada por latino-americanos sendo exportada para os Estados Unidos, Europa e Austrália. A América Latina não é apenas consumidora de tecnologia — ela pode liderar a nova geração do retail media”, conclui.