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Fraudes: o outro lado do Dia das Mães que o varejo precisa encarar

Por: Matheus Manssur

Superintendente Comercial

Como Superintendente Comercial à frente de grandes contas do varejo, impulsiona novos negócios e expande a presença da empresa no Brasil e no exterior. Com formação em Estatística pela UNICAMP, especializações em Administração e Marketing, e um MBA em Negócios pela FGV, ele acumula mais de 14 anos de experiência em pesquisa, comunicação e gestão estratégica. Essa trajetória sólida permite que ele tenha uma visão de negócio diferenciada, contribuindo para o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficazes tanto na prevenção à fraude quanto no fortalecimento do relacionamento com o consumidor.

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O Dia das Mães é, ano após ano, uma das datas mais relevantes para o varejo brasileiro. Para além da simbologia afetiva, ela representa um movimento de mercado intenso, com milhões de consumidores buscando formas de presentear e homenagear suas mães. E, como já é esperado, essa movimentação chama atenção não apenas de marcas e lojistas, mas também de quem age com má-fé no ambiente digital.

Mulher preocupada segura cartão de crédito enquanto faz compras online para o Dia das Mães em um notebook.
Imagem gerada por IA.

Neste ano, de acordo com a ClearSale, foram registradas mais de cinco milhões de compras online durante o período do Dia das Mães. O volume impressiona, mas os dados de tentativas de fraude também. Foram identificados mais de 55 mil pedidos fraudulentos, que, juntos, somaram um total superior a R$ 66 milhões em tentativas de golpe.

A taxa de tentativas de fraude chegou a 2,09%, com um ticket médio de R$ 1.200 por transação, número 8,44% maior que o observado na mesma data em 2024. Ou seja: não apenas os fraudadores continuam ativos, como estão mirando produtos de maior valor agregado, potencializando o prejuízo a cada tentativa bem-sucedida.

Categorias preferidas dos criminosos

As categorias mais visadas pelos criminosos refletem essa estratégia. Em 2025, lideraram o ranking de fraudes:

– Celulares (4,23% de tentativas, com ticket médio de R$ 3.039);
– Eletrodomésticos (3,08%, ticket médio de R$ 2.732);
– Produtos infantis (1,68%, ticket médio de R$ 315);
– Beleza (1,01%, ticket médio de R$ 523);
– Calçados (0,95%, ticket médio de R$ 511).

A lógica é simples: quanto mais alto o valor e maior a procura pelo produto, maior a atratividade para quem tenta fraudar. A preferência dos consumidores por bens duráveis, como celulares e eletrodomésticos, fortalece essa dinâmica. Em datas como o Dia das Mães, os golpistas enxergam a oportunidade perfeita para se infiltrar entre os pedidos legítimos, aproveitando o volume e a urgência da data para burlar sistemas e processos de segurança.

Impactos além do financeiro

O impacto desse tipo de crime vai além do financeiro. Para o varejista, lidar com uma fraude significa mais do que prejuízo: envolve perda de confiança, custos operacionais extras, desgaste na reputação e, muitas vezes, a frustração de um cliente que teve uma experiência negativa. Para o consumidor, os danos podem incluir exposição de dados sensíveis, transtornos com estornos e, em casos mais graves, comprometimento da identidade digital.

Por isso, é essencial que empresas de todos os portes reforcem suas medidas de segurança, desde sistemas de verificação mais inteligentes até processos internos bem definidos. Mas a responsabilidade não é só das empresas. Consumidores também precisam adotar práticas mais seguras, como evitar compras em sites pouco conhecidos, desconfiar de preços muito abaixo da média e sempre verificar a procedência dos canais de venda.

A necessidade de vigilância constante

O comércio eletrônico segue em expansão, impulsionado por conveniência, diversidade de oferta e velocidade. Mas à medida que cresce, cresce também a sofisticação de quem tenta se aproveitar das brechas. Em datas comemorativas, o alerta deve ser ainda maior.

Fraudes não são um efeito colateral inevitável do e-commerce. Elas podem ser prevenidas, evitadas e enfrentadas, desde que haja estratégia, atenção e compromisso coletivo.