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Fraudes em janeiro: o que os números revelam sobre os golpes no e-commerce?

Por: Rodrigo Sanchez

Diretor de Growth da ClearSale

Formado em Ciências da Computação pela FEI e pós-graduado em Estratégias de TI pelo Senac, atua há mais de 15 anos no mercado de tecnologia da informação com desenvolvimento nas áreas de vendas, gestão e relacionamento com cliente. Atualmente, é chamado para ministrar palestras e congressos na área (Febraban, Banrisul International IT Forum, Gemalto Innovation Forum entre outros).

O comércio eletrônico segue sendo um dos principais alvos de fraudadores no Brasil. De acordo com um estudo realizado pela ClearSale, o mês de janeiro registrou 157,4 mil tentativas de fraude no setor. Em valores, as tentativas poderiam ter causado um prejuízo de R$ 211,6 milhões, uma redução de 14% em comparação com o mesmo período de 2024.

Saiba como os fraudadores estão agindo no e-commerce e descubra as estratégias essenciais para proteger seu negócio contra golpes cada vez mais sofisticados.

Neste mês, um dado do levantamento acende um alerta a todos nós: o ticket médio dos pedidos fraudulentos aumentou quase 30%, atingindo R$ 1.300 por pedido. Isso indica que, mesmo com um número menor de transações suspeitas, os golpistas estão focados em fraudes mais sofisticadas e de maior valor.

Fraudes seguem em alta: games lideram o ranking dos alvos mais visados

Os fraudadores estão cada vez mais estratégicos ao escolher os produtos-alvo. Segundo o levantamento, games seguem como a categoria mais visada pelo segundo ano consecutivo, com um índice de tentativas de fraude de 5,4%. Na sequência, aparecem celulares (5,3%), informática (3,7%), acessórios eletrônicos (3,5%) e eletrodomésticos (3,0%).

Esse padrão reflete a alta demanda por produtos de tecnologia, que possuem alto valor agregado e grande liquidez no mercado informal. Itens como consoles, jogos digitais, smartphones e notebooks continuam sendo alvos preferidos, pois podem ser facilmente revendidos ou utilizados em outras fraudes.

O comportamento dos golpistas no início do ano

Janeiro é tradicionalmente um mês menos aquecido para o comércio, já que vem logo após o período de festas e coincide com o pagamento de despesas anuais, como IPVA e IPTU. No entanto, os fraudadores não deixam de atuar nesse período.

Historicamente, as fraudes costumam se intensificar em datas comemorativas e períodos de alto volume de compras, como a volta às aulas, Carnaval e Dia do Consumidor. Golpistas aproveitam esses momentos para tentar aplicar golpes, explorando a alta movimentação do varejo e eventuais brechas nos sistemas de segurança.

Fraudes no cartão de crédito: o método preferido dos criminosos

O estudo da ClearSale analisou 14,5 milhões de compras feitas via cartão de crédito entre 1º e 31 de janeiro. Todas as transações classificadas como suspeitas ou confirmadas como fraudes foram contabilizadas no levantamento.

O cartão de crédito segue sendo o principal meio de pagamento explorado pelos criminosos, pois possibilita a realização de compras rápidas e, muitas vezes, sem necessidade de autenticação adicional. Os fraudadores costumam utilizar dados roubados de cartões para realizar compras em nome de terceiros, sendo que muitas dessas transações só são identificadas como fraudulentas após o dono do cartão contestar a cobrança.

Como os varejistas podem se proteger?

Mesmo com sistemas de segurança cada vez mais sofisticados, os fraudadores continuam buscando novas maneiras de burlar os controles antifraude. Por isso, é essencial que os varejistas adotem estratégias para minimizar os riscos. Algumas das principais ações incluem:

– Uso de soluções antifraude avançadas: tecnologias baseadas em inteligência artificial e análise de comportamento são fundamentais para identificar transações suspeitas e prevenir fraudes.

– Autenticação em dois fatores: sempre que possível, exigir verificações adicionais, como envio de código por SMS ou autenticação via aplicativo.

– Monitoramento contínuo: acompanhar padrões de compra e identificar comportamentos fora do comum pode ajudar a evitar prejuízos.

– Educação do consumidor: orientar os clientes sobre práticas seguras no e-commerce, como evitar compras em redes públicas e utilizar cartões virtuais.

É importante ressaltar que os criminosos estão focando em golpes de maior valor, resultando no aumento do ticket médio das fraudes. Não à toa, o setor de games continua liderando como a categoria mais visada, seguido de celulares e produtos eletrônicos.

Diante desse cenário, é fundamental que varejistas invistam em tecnologia e boas práticas de segurança, além de acompanhar tendências e novas técnicas utilizadas pelos fraudadores. O combate à fraude no e-commerce é um desafio constante, mas, com medidas preventivas adequadas, é possível proteger tanto as empresas quanto os consumidores.