O varejo brasileiro deve registrar um fim de ano aquecido, impulsionado pelas celebrações de Natal e Réveillon. É o que aponta uma pesquisa do Centro de Estudos Aplicados de Marketing (CEAM) da ESPM, realizada com 400 consumidores de todas as regiões do país. Segundo o levantamento, 86% dos entrevistados afirmam que pretendem realizar compras no período.
O estudo analisou motivações de consumo, canais utilizados, categorias de interesse, uso de tecnologia, planejamento financeiro e intenção de viagem, traçando um panorama do comportamento do consumidor brasileiro no fim do ano.
Os dados indicam que o consumo segue fortemente associado a vínculos emocionais. Entre os entrevistados, 73% afirmam que compram principalmente para presentear familiares, com destaque para mães, filhos e parceiros.
Para Eduardo Mesquita, coordenador da pesquisa, o comportamento reforça o caráter simbólico do período. Segundo ele, presentear permanece como um gesto emocional e ritualístico, mesmo em cenários de restrição financeira, quando os consumidores reorganizam prioridades para manter as celebrações no ambiente familiar.
Pontos de atenção
A tecnologia aparece como um fator cada vez mais relevante na jornada de compra. Um em cada quatro consumidores afirma utilizar ferramentas de inteligência artificial (IA) para buscar ideias de presentes, comparar produtos ou receber recomendações personalizadas.
Influenciadores digitais e avaliações online também figuram entre as principais fontes de informação, ao lado de canais tradicionais. De acordo com Mesquita, a IA já ocupa um papel semelhante ao de buscadores e recomendações pessoais, o que exige das marcas uma revisão das estratégias de conteúdo e influência.
A pesquisa também confirma a consolidação da Black Friday como principal gatilho de consumo no país. Segundo o levantamento, 77% dos consumidores utilizam a data para realizar compras, e mais da metade antecipa as aquisições semanas antes do Natal. Ainda assim, uma parcela relevante mantém o hábito de comprar nos últimos dias, reforçando a importância estratégica de novembro para o varejo físico e digital.
Valores e tipos de consumo
Os valores médios previstos superam R$ 250 tanto para compras pessoais quanto para presentes. Entre os critérios mais valorizados no momento da decisão, estão durabilidade, frete grátis e parcelamento. Quando a compra é para uso próprio, a qualidade lidera como fator decisivo, enquanto no caso de presentes, o preço ganha maior relevância.
As viagens também devem movimentar o período. Segundo a pesquisa, 42% dos brasileiros planejam viajar no fim de ano, majoritariamente para destinos nacionais, enquanto 27% ainda não decidiram. Entre aqueles que não pretendem viajar, o custo aparece como o principal fator de desistência.
Mesmo com o otimismo predominante, 14% dos entrevistados afirmam que não pretendem realizar compras no período, principalmente por restrições financeiras. Ainda assim, o levantamento aponta que o consumo segue resiliente. Para Mesquita, mesmo diante de limitações, os rituais de celebração continuam presentes, com o afeto funcionando como elemento central do comportamento de consumo no Brasil.