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Clima e mudança de hábitos desaceleram consumo no varejo alimentar em outubro

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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O varejo alimentar encerrou outubro com retração de 3,6% nas vendas. A queda foi influenciada pela alta de 5% nos preços e por uma redução de 2,6% no fluxo de consumidores, segundo dados do Radar Scanntech. O comportamento do shopper e as condições climáticas foram determinantes para o desempenho negativo do mês.

Supermercados vivenciam ruptura de 13,6 em junho
(Imagem: Envato)

Os itens mais associados ao calor, especialmente bebidas, e a cesta de indulgência foram os principais responsáveis pela queda, somando 90% da perda em volume de unidades. Do total, 55% da retração veio da cesta de bebidas e 20% dos produtos indulgentes, como chocolates, biscoitos, balas, pirulitos e snacks.

Segundo Felipe Passarelli, head de Inteligência de Mercados da Scanntech, o cenário reforça a sensibilidade do setor ao comportamento do consumidor. Ele afirma que o varejo precisa estar preparado para adaptar o mix e as estratégias às novas demandas e estilos de vida.

Clima mais frio e preocupações sanitárias impactam bebidas

Com temperaturas 0,4°C abaixo das registradas no mesmo período de 2024, categorias como cerveja e refrigerantes, que juntas representam 76% do volume total de bebidas, recuaram 16,3% e 4,3%, respectivamente.

Além disso, o aumento de casos de intoxicação por metanol na Região Metropolitana de São Paulo derrubou as vendas de gin, vodca e uísque em até 40% na última semana de outubro. No cenário nacional, o impacto foi menor, mas ainda significativo, com queda média de 26% no consumo desses destilados.

Saudabilidade avança e afeta categorias indulgentes

A queda dos produtos de indulgência também contribuiu para o resultado negativo do setor. Diferentemente das bebidas, afetadas por fatores climáticos e conjunturais, essa retração reflete uma mudança na preferência do consumidor, que tem buscado categorias associadas à saudabilidade.

Entre os itens indulgentes, o chocolate sofreu o maior recuo, com 10,6% nas vendas, seguido por biscoitos, com 6,4%, e balas e pirulitos, com 4,1%. Petiscos e snacks apresentaram queda mais moderada, de 2,2%. Em preço, o chocolate liderou o avanço, ficando 18,6% mais caro.

De acordo com Passarelli, produtos funcionais e proteicos seguem em expansão, mas ainda conectados a sabores que remetem à indulgência, como doce de leite e chocolate. Para ele, o consumidor busca opções prazerosas que também ofereçam benefícios.

Queda em todas as regiões do país

A retração atingiu todas as regiões, ainda que com intensidades diferentes. Norte e Sul registraram os recuos mais expressivos, de 6,4% e 4,3%, respectivamente.

O desempenho de outubro reforça a importância de acompanhar de perto o comportamento do consumidor e ajustar o portfólio para atender a novas demandas que combinam conveniência, bem-estar e preços competitivos.