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Customer experience começa no back office, muito antes de chegar ao cliente

Por: Camila Olaechea

Diretora Comercial da SAP Emarsys para a LATAM

Como Diretora Comercial da SAP Emarsys para a LATAM, Camila Olaechea é uma líder com mais de uma década de experiência na SAP. Sua expertise está em guiar grandes marcas na transformação digital, utilizando estratégias de engajamento omnicanal. Camila apoia empresas de diversos setores a conectar dados, inteligência artificial e automação para personalizar a experiência do cliente em escala, resultando em maior retenção, fidelização e crescimento de receita.

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Todo mundo pensa que a próxima transformação da experiência do cliente virá dá tecnologia ou dos pontos de interação. Na verdade, a mudança precisa começar de dentro das empresas para fora, não na ponta. Antes de olhar para a jornada, é preciso entender como a inteligência pode atuar nos bastidores, ajudando times de marketing, CRM e atendimento a transformar dados em decisões. A experiência se torna uma consequência da eficiência.

Homem sorrindo enquanto trabalha em um tablet em uma mesa.
Imagem: SAP.

Falar sobre conhecer o cliente, entender suas preferências ou oferecer um caminho sem interrupções já não é uma grande novidade. O diferencial é mostrar como a tecnologia acelera esse processo, permitindo que as informações sejam ativadas em tempo real e se transformem em ação. Nesse ponto, a inteligência artificial assume um papel central para aprimorar a relação com o consumidor e tornar a rotina das equipes ainda mais inteligente, ágil e estratégica.

Segundo dados do relatório de engajamento da SAP, 77% dos profissionais de marketing acreditam que precisam transformar significativamente sua estratégia de engajamento com o cliente, e 76% afirmam que a IA é essencial para conquistar novos públicos. Os números mostram que a urgência da transformação não fica no discurso, é uma realidade competitiva que exige respostas práticas e mensuráveis.

Quando a inteligência e a estratégia trabalham em favor das pessoas

O volume de dados disponíveis para um time de CRM é gigante e, muitas vezes, desafiador. Isso prova que o conceito de “quanto mais, melhor” simplesmente não se aplica à estratégia de vendas moderna. É nesse ponto que a inteligência e a estratégia passam a atuar de forma conjunta, traduzindo dados em decisões e dando clareza às prioridades.

Nesse cenário, a IA é uma aliada importante pela sua capacidade de processar essas informações de forma automatizada e oferecer respostas contextualizadas para as demandas dos clientes. Em vez de gastar tempo filtrando relatórios e listas, os profissionais passam a trabalhar com dados que já chegam tratados, segmentados e priorizados.

Essa inteligência também responde a outro desafio do mercado: 76% dos profissionais de marketing dizem que precisam se adaptar às mudanças mais rápido do que nunca, conforme o mesmo estudo da SAP. Automatizar processos e usar dados de forma inteligente é o que permite essa agilidade, sem comprometer a consistência das estratégias.

Isso acaba mudando a dinâmica de trabalho. As decisões deixam de depender da intuição e passam a se basear em padrões que revelam comportamentos, preferências e potenciais de compra. A tecnologia amplia a nossa capacidade de enxergar com mais clareza, sem substituir o olhar humano.

Na prática, isso significa que um gestor de CRM pode identificar quais clientes estão com padrão de abandono, receber sugestões automáticas de ofertas personalizadas e acionar campanhas, tudo isso em minutos e sem precisar cruzar planilhas ou esperar relatórios. A IA já fez o trabalho pesado. O time só precisa validar e agir.

Além disso, quando a IA atua integrada ao CRM, o resultado é um sistema capaz de recomendar a “próxima melhor ação” para cada cliente. Essa inteligência melhora o relacionamento externo e facilita a vida do time interno, que pode criar valor em vez de apenas executar tarefas.

Experiência do cliente começa no dia a dia da equipe de marketing e vendas

Quando falamos de customer experience (CX), estamos falando também de eficiência operacional. A melhor jornada do cliente é aquela que começa com times capacitados, dados confiáveis e processos conectados. E isso só acontece quando as plataformas de CX conversam com o ERP e o back office, garantindo que o que é prometido na frente da loja possa ser cumprido nos bastidores.

Um exemplo simples ilustra isso bem. Antes de enviar uma campanha de promoção, o sistema precisa saber se o estoque está disponível e se a logística consegue atender à demanda. Essa integração entre experiência e operação é o que evita rupturas e constrói confiança, qualidade que nenhum CRM ou tecnologia isolada teria a capacidade de oferecer.

O olhar para fora precisa estar sustentado em uma estrutura interna conectada, que acompanhe o ritmo da promessa feita ao cliente.

Os dados certos para os clientes certos

Os dados qualificados precisam chegar aos clientes certos. E aí está a importância de saber como e por que segmentar o investimento por cliente. A lógica de Pareto permanece atual e relevante. Apenas 20% da base gera 80% da receita.

É exatamente para resolver esse desafio que existem data science e IA. Elas identificam quem são esses 20%, o que eles valorizam e como mantê-los engajados. Fidelizar todo mundo é desperdício. Direcionar esse investimento a quem está engajado traz retorno de verdade.

Mais uma vez, o “quanto mais, melhor” fica para trás.

A IA ajuda a reconhecer padrões de comportamento, prever possíveis abandonos e antecipar necessidades desses clientes de alto valor. Mais do que isso, ela permite identificar quem tem potencial para migrar para esse grupo e direcionar esforços em prol do desenvolvimento dessas relações.

É assim que a fidelidade deixa de ser um programa genérico e se torna um relacionamento sustentável, pautado em relevância e inteligência.

Da orquestração à ação

Quando os dados fluem com qualidade e os sistemas trabalham de forma orquestrada, a experiência se torna mais humana. A IA garante que a visão humanizada sobre a estratégia aconteça no momento ideal, com a mensagem certa e para a pessoa correta.

Ao mesmo tempo, as equipes ganham velocidade, clareza e propósito. A tecnologia permite agir com confiança, sabendo que cada decisão é sustentada em informação e análise. Conectar pessoas, processos e resultados de forma harmônica é a principal mudança proporcionada pela tecnologia dentro das empresas.

O futuro é de quem transforma inteligência em experiência

A evolução do CRM para uma plataforma de experiência do cliente (CX) integrada com IA representa mais do que uma tendência tecnológica. É um novo modelo mental conectado à cultura do negócio. A experiência deixa de ser apenas uma meta e se torna um reflexo da maturidade interna das empresas.

As marcas que entendem isso estão redefinindo as regras do jogo. Elas usam tecnologia para empoderar pessoas, nunca para substituí-las. A aceleração de processos é o foco, ela garante que cada interação se transforme em inteligência acionável.

Customer experience vai além de olhar para o cliente. Já superamos essa visão. O verdadeiro diferencial é o modo como a empresa funciona quando ninguém está olhando, porque é nesse bastidor que a transformação acontece de verdade.