Alta é sustentada pelo avanço de 23,4% no volume de pedidos, apesar da queda no ticket médio
O varejo digital brasileiro apresentou uma performance robusta na primeira quinzena do Natal de 2025. Entre os dias 1º e 15 de dezembro, o e-commerce movimentou R$ 19,88 bilhões, alta de 15% na comparação anual, segundo levantamento realizado pela Confi Neotrust em parceria com o E-Commerce Brasil, principal empresa responsável por impulsionar e desenvolver o setor de e-commerce no país.

O crescimento foi sustentado principalmente pela expansão do volume de compras. O número de pedidos avançou 23,4%, totalizando 66,7 milhões, enquanto o ticket médio recuou 6,8%, para R$ 298,10. O movimento indica um consumidor mais ativo, porém mais racional, priorizando recorrência, descontos e itens de menor valor unitário.
“Os dados mostram um Natal menos concentrado em grandes compras pontuais e mais distribuído ao longo do mês, com decisões orientadas por preço, conveniência e frequência. Isso revela um amadurecimento do consumidor digital e uma operação mais eficiente por parte dos varejistas”, afirma Bruno Pati, CEO do E-Commerce Brasil.
Segundo ele, a combinação entre aumento de pedidos e retração do ticket médio aponta para uma estratégia clara do setor. “O e-commerce brasileiro entra em dezembro operando com foco em giro, competitividade e elasticidade de demanda. Não é apenas crescimento de receita, mas ganho de densidade operacional e previsibilidade”, completa.
Do ponto de vista de consumo, o levantamento evidencia uma mudança estrutural no mix de categorias. O maior destaque foi o segmento de Remédios, que registrou um crescimento de 119,1% em relação ao ano anterior, superando R$ 1 bilhão em faturamento no período analisado. O desempenho consolida a farmácia digital como um dos pilares do comércio eletrônico brasileiro.
“A aceleração da categoria de medicamentos não é mais episódica ou sazonal. Ela reflete uma mudança definitiva de hábito, com o consumidor incorporando o canal digital para compras recorrentes, essenciais e sensíveis a preço”, explica Vanessa Martins, Head de Marketing da Confi Neotrust. “Esse comportamento amplia a relevância do e-commerce em setores historicamente menos digitalizados.”
Apesar da diversificação, Smartphones seguem como a principal categoria em faturamento, com R$ 1,35 bilhão movimentados na primeira quinzena do mês. Já a análise mensal mostra a influência direta de fatores climáticos: a categoria de Ar-Condicionado cresceu 19,3% em relação a novembro, impulsionada pelas altas temperaturas do verão.
Para Vanessa, os números reforçam a maturidade do setor. “O e-commerce brasileiro deixou de ser sustentado apenas por eletrônicos e datas promocionais. Hoje, saúde, bem-estar e categorias funcionais têm peso estrutural, o que reduz volatilidade e amplia a resiliência do canal”, afirma.
A leitura consolidada dos dados indica que o Natal de 2025 avança com um e-commerce mais equilibrado, menos dependente de grandes tickets e mais ancorado em volume, recorrência e diversificação de categorias, um sinal de consolidação do digital como infraestrutura central do varejo brasileiro.