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Personalização em escala: como o print on demand muda o jeito de vender online

Por: Bruno Brito

CEO da Empreender

Co-fundador da Empreender, empresa que desenvolveu o Dropi (maior plataforma de dropshipping da América Latina) e mais de 20 apps como SAK, Rastreio.net, Lily Reviews e Landing Page.

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A personalização deixou de ser uma tendência de consumo para se tornar um modelo de produção. E nenhuma tecnologia traduz melhor essa virada do que o print on demand (PoD) ou impressão sob demanda, em português.

Esse formato, que permite fabricar apenas o que é vendido, está reconfigurando a cadeia de valor do e-commerce e criando uma nova lógica de operação: estoque zero, variedade infinita.

Pessoa escolhendo roupas em um cabideiro, segurando uma camiseta branca estampada entre outras peças.
Imagem: Reprodução.

Segundo a Precedence Research, o mercado global de impressão sob demanda deve saltar de US$ 10,21 bilhões em 2024 para US$ 102,99 bilhões em 2034, com uma taxa média anual de crescimento de 26%.

Na América Latina, o Brasil tende a liderar o avanço, com previsão de atingir US$ 1,83 bilhão até 2033, de acordo com a Grand View Research – uma taxa de crescimento anual de 22,4%.

Esses números revelam mais do que um novo segmento em expansão: indicam uma mudança estrutural na forma de produzir e vender.

Da personalização de produtos à personalização de modelos de negócio

O print on demand permite que a personalização aconteça em duas camadas. A primeira é visível: produtos exclusivos, feitos sob medida para o gosto do consumidor.

A segunda é operacional: negócios que se adaptam em tempo real à demanda, sem depender de estoques ou previsões longas. Essa dupla flexibilidade transforma o print on demand em uma estratégia de eficiência.

Empresas que antes precisavam investir em grandes lotes passam a operar com base em pedidos confirmados, reduzindo custos logísticos e desperdício de matéria-prima.

Para o e-commerce, isso significa vender sem imobilizar capital – um diferencial importante em um cenário de margens pressionadas.

Segundo a Grand View Research, quatro categorias lideram o crescimento no Brasil: vestuário, decoração de casa, utilitários e acessórios.

Todas refletem um mesmo movimento: o consumidor quer produtos que reflitam identidade, propósito e estilo de vida. É a personalização deixando o nicho e se tornando padrão.

Eficiência como motor de crescimento

Se a personalização impulsiona a demanda, é a eficiência que garante a escala. A popularização de plataformas de integração entre e-commerce, fornecedores e sistemas de produção tornou o modelo viável mesmo para pequenas operações.

Hoje, uma loja virtual pode oferecer centenas de variações de produtos sem precisar gerenciar estoque – o sistema faz a ponte entre pedido, impressão e envio.

Esse avanço tecnológico é o que explica a velocidade do crescimento no Brasil. Além do alto índice de digitalização da população, o país reúne três fatores que favorecem o modelo:

– Amplo consumo online via dispositivos móveis, o que impulsiona a compra direta em plataformas integradas.
– Cultura de diferenciação, especialmente nas categorias de moda e decoração.
– Expansão de softwares de gestão e automação, que tornam o print on demand escalável e economicamente sustentável.

Inteligência artificial: o novo operador da cadeia de valor

A próxima fase do print on demand é definida pela integração da inteligência artificial. Mais do que automatizar tarefas, a IA passa a atuar como o orquestrador da operação, ajustando variáveis em tempo real – do design à logística. Dados da Precedence Research destacam quatro aplicações consolidadas:

– Correção automática de arquivos, reduzindo falhas e retrabalhos.
– Automação de design, com geração de variações gráficas baseadas em preferências do usuário.
– Previsão de demanda de insumos, o que otimiza custos e evita desperdício.
– Análise de dados avançada, que personaliza recomendações e aumenta conversão em e-commerce.

Essas aplicações ampliam a previsibilidade de receita, reduzem risco financeiro e criam espaço para ciclos curtos de experimentação – um modelo de operação cada vez mais ágil e inteligente.

O futuro: produção digital como diferencial competitivo

As projeções indicam que, até 2033, a impressão sob demanda deixará de ser uma alternativa e se tornará pilar estrutural do e-commerce brasileiro.

Empresas que souberem alinhar personalização, automação e inteligência de dados estarão melhor posicionadas para competir em um mercado que exige velocidade e diferenciação constante.

Mais do que fabricar produtos personalizados, o desafio será produzir relevância em escala com tecnologia que garanta eficiência sem perder o caráter humano da criação.

O print on demand simboliza essa convergência: um modelo em que cada venda aciona uma produção sob medida, conectando diretamente criatividade, tecnologia e consumo.