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Impressão sob demanda na América Latina: Brasil deve liderar mercado até 2033

Por: Bruno Brito

CEO da Empreender

Co-fundador da Empreender, empresa que desenvolveu o Dropi (maior plataforma de dropshipping da América Latina) e mais de 20 apps como SAK, Rastreio.net, Lily Reviews e Landing Page.

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O mercado global de impressão sob demanda deve crescer de US$ 10,21 bilhões em 2024 para US$ 102,99 bilhões em 2034, segundo a Precedence Research.

Esse avanço de quase dez vezes em dez anos revela o tamanho da transformação que a personalização e o e-commerce estão provocando na indústria de consumo.

Duas mulheres lado a lado usando camisetas estampadas, com calças jeans, em frente a uma parede coberta por pôsteres coloridos de filmes e quadrinhos.
Imagem: Reprodução.

No Brasil, a Grand View Research projeta que o setor alcançará US$ 1,833,2 milhão até 2033, tornando o país o mercado de maior expansão da América Latina.

Mais do que oferecer produtos exclusivos, a impressão sob demanda redefine a forma como as empresas estruturam seu portfólio, equilibrando custo, eficiência e diferenciação.

O desafio, a partir daqui, é compreender de que forma esse crescimento se dará no Brasil e quais condições podem sustentar a consolidação desse modelo.

Crescimento no Brasil: oportunidades estratégicas e desafios

De acordo com a Grand View Research, o mercado brasileiro de impressão sob demanda deve crescer a uma taxa anual de 22,4% entre 2025 e 2033. Já a Precedence Research projeta, a nível global, um crescimento médio de 26% entre 2025 e 2034, conforme o gráfico abaixo:

Gráfico com informações de impressão sob demanda.

A diferença entre Brasil e mundo é pequena e não muda a conclusão: o país tende a liderar a região em receita, superando outros mercados latino-americanos, como México, Chile e Argentina. Esse crescimento se apoia em vetores bem definidos:

– Adoção digital massiva: o brasileiro está entre os maiores usuários de internet e smartphones do mundo, o que favorece a compra de produtos personalizados em plataformas online;
– Valorização da diferenciação: categorias como vestuário, decoração e acessórios ganham força por atender ao desejo do consumidor de expressar identidade;
– Aumento da renda disponível: maior poder de compra amplia o consumo de itens personalizados, antes considerados supérfluos;
– Avanço dos softwares de gestão: ferramentas que integram pedidos, impressão e logística tornam o modelo escalável também para operações mais maduras.

Apesar das oportunidades, o relatório da Grand View Research também menciona pontos de atenção. Entre eles estão a necessidade de melhorar a integração entre plataformas de e-commerce e fornecedores de PoD e a complexidade logística de um território de dimensões continentais, como o Brasil.

O crescimento projetado indica que a impressão sob demanda não será apenas mais um canal de receita, mas um eixo estratégico para repensar como as empresas estruturam seus negócios digitais.

Quem já vende online precisará ir além de adicionar produtos personalizados: será necessário alinhar tecnologia, operação e experiência de compra para competir em um mercado em que a personalização deixa de ser diferencial e passa a ser padrão.

Quais são as principais categorias de destaque em receita no PoD?

Segundo a Grand View Research, quatro categorias puxarão o crescimento da PoD no Brasil até 2033 e indicam que o seu consumo não está restrito a nichos criativos. Pelo contrário: ele permeia setores variados, conectando moda, lifestyle e presentes em uma lógica de personalização como valor agregado:

– Vestuário: maior segmento em receita, impulsionado pelo apelo da moda personalizada. Peças como camisetas e moletons atendem tanto ao consumo individual quanto ao corporativo (uniformes customizados, coleções sazonais);
– Decoração de casa: quadros, almofadas e itens de design refletem o aumento da importância da estética doméstica, ampliada pelo trabalho remoto e pela valorização do espaço pessoal;
– Copos e utilitários: canecas e garrafas personalizadas seguem fortes por sua praticidade e apelo como presente;
– Acessórios: bonés, bolsas e itens de uso diário funcionam como extensão de identidade, em linha com a busca por diferenciação. Essas categorias mostram que a PoD não cresce apenas porque é tecnicamente viável, mas porque dialoga com formas atuais de consumo: produtos como símbolos de identidade, presentes que carregam personalização e itens de uso cotidiano que se diferenciam pela exclusividade.

IA no print on demand: da automação ao desenho de novos modelos

A impressão sob demanda ganhou escala porque eliminou a necessidade de estoques. Mas ganhar escala sem criar gargalos operacionais exige um nível de previsibilidade e controle que o processo humano dificilmente entrega sozinho.

É nesse ponto que a inteligência artificial (IA) altera a lógica do setor: ela não apenas acelera etapas, mas muda a forma como o negócio é gerido. O relatório da Precedence Research aponta quatro aplicações já consolidadas:

– Correção em tempo real de arquivos, reduzindo falhas que gerariam desperdício;
– Automação de design, criando variações gráficas a partir das preferências do usuário;
– Previsão de demanda de insumos, otimizando custos de produção;
– Análise de dados avançada, permitindo recomendações personalizadas e maior conversão em e-commerce.

Esses pontos podem parecer operacionais, mas têm consequências estratégicas, pois, ao prever insumos com precisão, a IA reduz riscos financeiros em um modelo que depende de margens bem calibradas.

Ao automatizar design, abre espaço para lançamentos mais frequentes e diversificados, criando ciclos curtos de experimentação com menor custo de erro, assim como ao personalizar recomendações, aumenta a taxa de conversão e melhora a previsibilidade de receita.

O papel da IA, portanto, não é apenas sustentar eficiência, mas definir a competitividade do setor. As empresas que souberem integrar inteligência de dados ao ciclo de criação e entrega terão as melhores condições para escalar com consistência.