Quando a Black Friday desembarcou no Brasil, em 2010, apenas 50 lojas aderiram. 15 anos depois, o evento se consolidou como a maior data do e-commerce nacional, devendo superar R$ 13 bilhões em vendas. Mas, enquanto o volume cresce ano após ano, a capacidade de converter essas intenções em compras efetivas segue sendo o maior desafio, e ele está concentrado em um ponto específico: o pagamento.

Hoje, mais de 70% das compras da Black Friday acontecem pelo smartphone, ao mesmo tempo em que até 80% das transações são abandonadas antes da finalização. É a combinação perfeita entre alta demanda e alta fricção, e o varejo brasileiro ainda não resolveu esse descompasso.
O consumidor já decidiu: pagar bem é tão importante quanto pagar barato. Levantamentos recentes mostram que 87,5% dos consumidores consideram essencial encontrar seu método de pagamento preferido no checkout.
Não se trata apenas de preferência. Trata-se de eliminar barreiras. A cada etapa adicional, desde abrir outro app, preencher manualmente dados até autenticar mais de uma vez, a desistência cresce. No mobile, esse efeito é ainda mais severo. Taxas de abandono de carrinho são naturalmente maiores no celular, onde telas menores e conexões variáveis ampliam qualquer atrito na jornada.
O consumidor brasileiro se tornou mobile-first de forma definitiva, e isso exige uma revisão profunda do fluxo de pagamento. Designs responsivos já não bastam; a expectativa agora é de fluidez absoluta.
Recursos como checkout em um clique, preenchimento automático, armazenamento seguro de dados e integração nativa de métodos como Pix, carteiras digitais e cartões reduzem a fricção e encurtam a jornada. As empresas que já redesenharam a experiência com foco no celular conseguem conversões mais altas não por oferecerem mais descontos, mas por oferecerem menos esforço.
Fraude: rigor excessivo também derruba vendas
Outro ponto crítico é o equilíbrio entre segurança e conversão. Black Friday é sinônimo de aumento de tentativas de fraude, mas, em muitos casos, o impacto das medidas de proteção no consumidor legítimo é maior do que o risco real.
Verificações rígidas aplicadas indiscriminadamente afastam bons compradores. As soluções mais eficientes adotam análise dinâmica:
– Clientes de baixo risco passam por validações mais leves,
– Verificações adicionais só são acionadas quando um comportamento suspeito é detectado.
A personalização da checagem em tempo real reduz falsos positivos e mantém o fluxo sem comprometer a segurança.
Estabilidade: o “detalhe” que causa prejuízo milionário
Em picos como a Black Friday, sistemas de pagamento são submetidos a níveis de tráfego incomuns. Falhas, lentidões e indisponibilidades de bancos ou gateways, que já são um problema no dia a dia, tornam-se catastróficas quando milhares de consumidores tentam comprar simultaneamente.
A preparação não pode se limitar a testes internos. O varejo precisa contar com tecnologias de contingência, roteamento dinâmico e múltiplos conectores de pagamento, capazes de redirecionar transações automaticamente quando algum provedor apresenta instabilidade. Na prática, funciona como um seguro: o cliente paga independentemente do que acontecer com o sistema por trás.
A Black Friday de 2025 será definida por quem reduzir atrito
O setor evoluiu em logística, marketing e personalização, mas o pagamento continua sendo o ponto em que a conversão realmente se decide. Em um contexto de consumidores impacientes, uso massivo do mobile e concorrência intensa, cada segundo e cada clique contam.
A Black Friday que se aproxima não será vencida pelos maiores descontos, e sim por quem entender que pagamento é experiência, e que experiência, na era mobile, significa zero fricção.