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O impacto da Inteligência Artificial na comercialização de produtos e experiência dos clientes

Por: Redação E-Commerce Brasil

Equipe de jornalismo E-Commerce Brasil

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Grandes nomes da tecnologia no Brasil comentam sobre o papel da tecnologia e Inteligência Artificial nas compras online, hiperpersonalização do serviço e o futuro da ferramenta no varejo.

Na segunda manhã do Fórum E-Commerce Brasil 2025, o palco principal recebeu um painel de peso para discutir um dos temas mais urgentes da atualidade: o impacto da inteligência artificial e debater sobre a seu impacto em automações no varejo.

Participaram da conversa Guilherme Fuhrken, LATAM Enterprise Sales Manager na NVIDIA, Marcos de Moraes CEO da Doris, José Augusto de Góes diretor de TI e e-commerce no Grupo Aste, e Ângelo Vicente, CEO da Seila Fullcommerce e conselheiro do E-Commerce Brasil.

A revolução da IA e a jornada da NVIDIA

Guilherme Fuhrken destacou a transformação da NVIDIA ao longo das últimas três décadas: de uma empresa focada em placas gráficas para games a líder em aceleração computacional e IA. “A filosofia da NVIDIA é criar uma plataforma aberta, capaz de treinar redes neurais que aprendem a identificar e gerar conteúdo a partir de dados”, explicou.

O marco para a democratização da IA, segundo Guilherme, foi em novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT 3.5. Afirma, ainda, que a plataforma foi responsável por abrir os olhos do mercado para a utilidade real da inteligência artificial, especialmente considerando a evolução rápida de tecnologias generativas multimodais – como texto para imagem, vídeo ou som.

A NVIDIA, que tradicionalmente é reconhecida por suas GPUs, hoje também lidera no desenvolvimento de infraestrutura para IA com foco na redução do custo computacional. A meta é tornar viável o que há poucos anos era economicamente inacessível, até mesmo para grandes empresas.

De e-commerce para Experience Commerce

Marcos de Moraes, CEO da Doris, compartilhou sua trajetória desde o surgimento da internet no Brasil até a fundação da Doris, empresa que desenvolve soluções de IA generativa para o varejo. O slogan ‘Adeus e-commerce, bem-vindo Experience Commerce’, resume bem a missão da marca: trazer experiências reais, personalizadas e memoráveis para o consumidor digital.

A Doris se consolidou como parceira da NVIDIA ao criar soluções como shootings automatizados com IA, provadores virtuais hiperpersonalizados e ferramentas de visualização em tempo real para lojas físicas e digitais. Nesse contexto, a inteligência artificial aproxima o cliente de uma experiência mais capaz de retê-lo, recorrendo para a subjetividade de cada pessoa.

Case: Grupo Aste e a economia de 90% com utilizando inteligência artificial

José Augusto de Góes, do Grupo Aste, compartilhou como a IA transformou a forma como a empresa cria conteúdo e interage com seus consumidores. Identificaram a necessidade de um shooting, ou seja, fotos de modelos vestindo suas peças para a composição de portfólio.

O custo elevado, no entanto, originou o insight de que seria possível realizar o mesmo trabalho por um custo muito menos utilizando a inteligência artificial. “A IA nos permitiu reduzir o investimento em 90%”, afirma.

Mais do que economia, a iniciativa possibilitou um novo patamar de personalização. A ferramenta leva em consideração o biotipo, peso, tamanho, cor de pele, resultando em inclusão e identificação com as peças comercializadas, utilizando apenas os dados e fotos oferecidos pelos clientes.

Resultados tangíveis: conversão e logística reversa

Com o apoio da Doris e da NVIDIA, o Grupo Aste implementou tecnologias que impactaram diretamente os indicadores de negócio. Percebeu-se um aumento de até 2,5 na taxa de conversão e redução de 40% a 60% na logística reversa, principalmente no consumo de calçados, devido às variáveis de tamanho.

Há, também, a ideia da implementação de provadores virtuais, capazes de sugerir tamanhos, cores e até mesmo visualizar o caimento da peça no corpo do consumidor, e sugestões baseadas em estoque e localização, conectando a jornada de consumo online ao físico.

Hiperpersonalização e estratégia baseada em dados

A combinação de IA e dados de comportamento permitiu à Doris criar um ecossistema de varejo orientado pela experiência. Utilizando a inteligência artificial, é possível reconquistar um cliente que abandonou seu carrinho de compras ao enviar uma foto, gerada por IA, que o permita visualizar o caimento das peças em seu próprio corpo.

Além da jornada de compra, os dados também impactam o planejamento estratégico ao permitir uma análise preditiva de sortimento e coleções com base em dados, reposição de estoque inteligente considerando não apenas o que foi vendido, mas o que deixou de vender, e uma segmentação hiperpersonalizada que vai além de categorias demográficas genéricas.

IA para todos: da curiosidade à capacitação

O painel encerrou com um ponto importante: a necessidade de letramento digital e formação técnica para popularizar o uso da IA no varejo. Guilherme Fuhrken destacou três níveis de capacitação:

  • Letramento geral: todo profissional deve saber o que é IA e como usá-la no seu dia a dia em auxílio a sua profissão;
  • Exploração de ferramentas: conhecer bibliotecas, plataformas e soluções prontas no mercado;
  • Construção de modelos próprios: voltada para profissionais especializados, como cientistas de dados.

A NVIDIA tem atuado com o poder público em iniciativas que buscam formar milhares de profissionais em IA nos próximos anos, ampliando o acesso e a capacidade de inovação.

A mensagem unânime dos palestrantes foi clara: o maior inimigo da inovação é o medo. “Temos que nos desapegar do velho. O mundo já mudou. E a IA está reinventando a forma como vendemos, compramos e nos relacionamos com marcas e produtos”, concluiu Ângelo Vicente.