Nesta terça-feira (26), auditores fiscais da Receita Federal oficializaram o início de uma greve nacional em prol de um reajuste salarial. Ainda sem tempo determinado para acabar, a ação deve impactar no andamento do e-commerce nas próximas semanas, principalmente na logística.
A decisão pela paralisação aconteceu na última quinta-feira (21), em assembleia geral do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional). O principal motivo é a falta de acordo com o Governo Federal, por meio do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), com relação ao reajuste de cargos e salarios dos auditores fiscais.
Sem formação de mesas específicas, que deveria acontecer até julho deste ano, o grupo decidiu protestar por meio da greve.
“É inaceitável que os auditores fiscais não tenham reajustado o seu vencimento básico, que acumula perdas inflacionárias desde 2016. Da mesma maneira, não aceitaremos tratamento não isonômico em relação a outras categorias. O governo tem uma obrigação a cumprir com os auditores fiscais e está inadimplente. Vamos, mais uma vez, com a força da nossa categoria mobilizada, fazer valer nossos direitos”, afirma Isac Falcão, presidente do Sindifisco Nacional.
A curto prazo, entre os principais impactos da greve, incluindo o e-commerce nesta equação, estão os atrasos nos procedimentos aduaneiros, dificuldade com cargas de importação e exportação, além da perda de arrecadação.
Opinião
Procurado pela reportagem do E-Commerce Brasil, Ewerton Caburon, CEO de Emiteai, falou como executivo que integra um processo importante em remessas do e-commerce. Segundo ele, quanto aos impactos da greve, ele acredita que ela pode não refletir diretamente, principalmente na Black Friday, mas alerta para outras consequências.
“A greve dos auditores fiscais pode não refletir diretamente nos custos diretos desta Black Friday, mas sim nos esforços e tempo dos times de logística, pois muitas empresas já estão com suas operações da Black Friday planejadas e em andamento, mas com certeza terão que pensar em como resolver este problema agora, para que o impacto seja menor nos custos das vendas de final de ano. Esse problema chega em um período onde os esforços dos times de logística já estão intensificados, sem falar no trabalho pós Black Friday. Além disso, embarcadores e transportadores provavelmente precisarão repassar os custos adicionais ao cliente final, enquanto enfrentam gargalos significativos nas operações de distribuição, comprometendo prazos e a eficiência logística”, comenta.
Situação do desembaraço aduaneiro
Apesar da greve ser geral, a classe de trabalhadores informou que 30% das aduanas ainda devem operar. Neste caso, a prioridade destas estações será processar cargas vivas, perecíveis (alimentos e medicamentos) e itens de perigo.
“Na próxima quarta-feira (27), será realizado, ainda, um ato público no Porto de Santos, com a participação dos representantes de cada Região Fiscal. As Delegacias Sindicais da 8ª RF deverão mandar caravanas para reforçar a manifestação. A categoria reivindica, entre outros pontos, o reajuste do vencimento básico – congelado desde 2016, à exceção dos 9% conquistados em 2023 depois de negociação na Mesa Nacional de Negociação Permanente”, diz o Sindisco Nacional em comunicado oficial.
Até o momento, a classe também se manifesta em frente ao Ministério da Economia, em Brasília.