O e-commerce brasileiro vive um momento de expansão sem precedentes. Em 2024, o setor movimentou mais de R$ 200 bilhões e deve ultrapassar R$ 234 bilhões em 2025, segundo a ABComm. No entanto, em meio ao entusiasmo com tráfego, CAC e funis de conversão, um aspecto essencial ainda é negligenciado por muitos: os pagamentos online.

Tratar pagamentos apenas como “etapa final do checkout” é um erro. E é justamente nesse ponto que o Payments as a Service (PaaS) ganha relevância.
Muita gente ainda confunde o PaaS com mais uma solução de gateway ou processador. Mas estamos falando de algo maior: um modelo de negócio.
O que é Payments as a Service (PaaS)?
No Payments as a Service, empresas terceirizam a infraestrutura de pagamentos para fornecedores especializados e, ao mesmo tempo, podem operar o serviço sob sua própria marca. É um modelo que permite a agências digitais, consultorias, SaaS e criadores de conteúdo transformarem a operação de pagamentos em fonte de receita.
Esse movimento abre espaço para players que antes estavam fora de um mercado altamente lucrativo, dominado por grandes instituições.
Um exemplo disso vem do empreendedor José Ortiz, que buscava aumentar sua taxa de aprovação e reduzir dores com pagamentos. Ao adotar o PaaS, não apenas reduziu falhas e ampliou a previsibilidade das vendas, como também conseguiu implementar ofertas mais agressivas com segurança. Além disso, abriu uma nova frente de receita em sua empresa, transformando o que antes era apenas uma etapa operacional em ativo estratégico de crescimento.
Por que o PaaS pode redefinir o e-commerce brasileiro
Esse movimento está alinhado a uma tendência maior: o setor de pagamentos no Brasil deve crescer em média 9% ao ano até 2029, segundo estimativas de mercado. Ou seja, não se trata de moda passageira, mas de um campo fértil para inovação e expansão.
Ao adotar o PaaS, agências e prestadores de serviços para e-commerces passam a ser parceiros completos de performance, influenciando não apenas a aquisição de clientes, mas também a conversão final.
O impacto é claro:
– Novas fontes de receita recorrente, atreladas ao volume de vendas;
– Maior controle sobre a jornada de compra, reduzindo fricções no checkout;
– Mais previsibilidade e segurança, já que a infraestrutura é cuidada por especialistas em regulação, compliance e antifraude.
Em termos práticos, isso pode significar aumento de taxas de aprovação, redução de fraudes e crescimento mais sustentável das operações digitais. Mas é preciso olhar além do entusiasmo inicial.
Os desafios que quase ninguém menciona
Nenhum modelo de negócio é isento de pontos de atenção e com o Payments as a Service não é diferente. Mas esses aspectos não devem ser vistos como barreiras, e sim como fatores a serem avaliados para garantir uma adoção bem-sucedida.
Entre eles, destaco:
– Dependência tecnológica: ao escolher um parceiro, é essencial avaliar cláusulas contratuais e o nível de autonomia sobre dados e clientes. Quanto mais clara for a relação, mais sustentável será a parceria.
– Transparência de informações: acompanhar métricas como taxa de aprovação, chargeback e recuperação de vendas é fundamental para que o PaaS se torne uma verdadeira alavanca de performance.
– Experiência do consumidor: pagamentos bem estruturados fortalecem não apenas a operação de quem vende, mas também a percepção de valor da marca junto ao cliente final.
Quando esses pontos são bem endereçados, o PaaS deixa de ser apenas uma infraestrutura terceirizada e se transforma em um ativo estratégico que fortalece tanto o negócio da agência quanto o resultado dos lojistas que ela atende.
O futuro do PaaS no Brasil: oportunidade ou armadilha?
Na minha visão, o PaaS representa uma mudança de mentalidade. Pagamentos deixam de ser vistos apenas como operação e passam a ocupar um papel central na estratégia de crescimento. Para agências, isso significa ir além da aquisição de clientes e do marketing, assumindo também influência direta na conversão final.
Quando bem implementado, o PaaS transforma pagamentos em um motor de crescimento sustentável, gerando mais previsibilidade para quem presta o serviço e mais resultados para os lojistas atendidos.
O futuro do e-commerce não será definido apenas por quem investe mais em mídia ou atrai mais visitantes, mas por quem garante que cada venda realmente se concretize. Nesse cenário, o Payments as a Service não é detalhe: é uma das próximas grandes fronteiras estratégicas do comércio digital no Brasil.