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O futuro das plataformas de e-commerce: o fim do “ir ao site”?

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Por: Diego Santana

Especialista em Performance para E-Commerce

Diego Santana é Gestor de Performance, Especialista em Growth para E-Commerce, Professor/Palestrante, atua no comércio eletrônico desde 2006 e oferece soluções para Gestores e Lojistas melhorarem os resultados das vendas on-line. Em 2024, ajudou a realizar mais de R$1.4 Bilhões em vendas digitais.

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Durante duas décadas, a estrutura do e-commerce mudou pouco: um consumidor vê um anúncio, clica, acessa um site, adiciona produtos ao carrinho, preenche dados e, só então, finaliza a compra.

Toda a indústria de plataformas nasceu para sustentar esse fluxo de gigantes como Shopify, Wbuy, VTEX, Nuvemshop até soluções headless complexas.

Mas o comportamento do consumidor não é estático.

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Imagem gerada por IA.

O que acontece quando a jornada de compra se encurta drasticamente, eliminando etapas e concentrando tudo em um único ambiente de consumo de conteúdo? O que acontece quando o “ir ao site” se torna opcional ou até desnecessário?

Essa não é uma hipótese distante. Ela já está acontecendo, e o catalisador se chama social commerce 2.0: a fusão entre entretenimento, comunidade e conversão dentro do mesmo espaço digital.

O movimento que já começou

O TikTok Shop é o exemplo mais claro: um feed de vídeos curtos, criadores apresentando produtos e um botão de compra que leva direto ao checkout dentro do aplicativo.

O YouTube está seguindo o mesmo caminho com o YouTube Shopping, integrando checkout nativo em vídeos e transmissões ao vivo.

O Instagram e o Facebook, apesar de avanços mais lentos, continuam aprimorando suas funções de “tap to buy” e lojas internas.

Esse modelo não é apenas conveniência; é o colapso das barreiras de conversão.

A distância entre o desejo e a compra está sendo comprimida a um ponto em que o conteúdo e a transação viram uma só experiência.

Por que isso importa para as plataformas tradicionais de e-commerce?

As plataformas clássicas foram construídas sob uma lógica: ser o centro de toda a experiência digital. Tudo passava por ali: identidade visual, checkout, dados, CRM.

Agora, o checkout pode estar no TikTok, no YouTube, no Instagram, no WhatsApp. Isso obriga essas plataformas a repensarem seu papel: de serem a vitrine para se tornarem o motor invisível por trás de cada venda, gerindo estoque, logística, atendimento, pagamentos e dados, mesmo quando a venda acontece fora do seu domínio.

Perguntas incômodas começam a surgir:

– Se o checkout não é mais no seu site, o design da sua PDP ainda importa tanto?

– Quem é o dono dos dados do cliente quando a conversão acontece numa rede social?

– Como manter a identidade da marca em checkouts terceirizados?

– Até que ponto o modelo DTC (Direct to Consumer) permanece “direto”?

Quem ganha e quem perde com essa mudança?

Quem ganha

– Marcas com agilidade criativa
Que já entendem que o conteúdo é a nova vitrine e investem em criadores, UGC e conteúdo nativo.

Plataformas adaptáveis e headless
Capazes de se integrar facilmente com TikTok Shop, YouTube Shopping, WhatsApp Commerce e outras APIs.

– Criadores de conteúdo e influenciadores
Que se tornam “consultores de venda digitais”, participando diretamente da conversão.

Quem perde

– Lojas que ainda veem social commerce como “apenas branding”
E não criam estratégia para conversão nativa.

– Empresas lentas na adoção de novos canais
Que gastam milhões em mídia paga direcionando para um site enquanto seus concorrentes convertem dentro do próprio conteúdo.

– Plataformas engessadas
Que nasceram para um mundo em que o checkout era centralizado no domínio do lojista.

O futuro é plugável e invisível

As plataformas de e-commerce do futuro serão plataformas plugáveis: infraestruturas invisíveis que se conectam a vários checkouts sociais, marketplaces, apps de mensagens e até dispositivos de voz.

Seu papel deixa de ser apenas “a loja” e passa a ser o cérebro da operação:

Estoque unificado

– Integração de pagamentos múltiplos

– Automação logística

– Experiência de pós-venda multicanal

– Orquestração de dados em tempo real

A vitrine, por outro lado, será cada vez mais distribuída, existindo onde o consumidor está: assistindo a um vídeo, ouvindo um podcast, interagindo com um criador.

O consumidor não quer ir até a loja; ele quer que a loja vá até ele

Esse é o ponto mais provocativo: a jornada de compra não pertence mais à marca. Ela pertence ao consumidor.

Ele quer decidir onde comprar, como comprar e quando comprar – sem sair do ambiente em que está confortável.

Na prática:

– Se ele está no TikTok, ele quer comprar sem sair do vídeo.

– Se está no YouTube, ele quer comprar enquanto vê o review.

– Se está no WhatsApp, ele quer concluir o pedido com um clique no chat.

– Se está em um dispositivo de voz, ele quer comprar apenas falando.

O futuro do e-commerce não é sobre onde você vende, mas sobre onde o seu cliente decide comprar. E esse lugar, cada vez mais, não é um site.

As plataformas de e-commerce precisam evoluir de vitrine digital para plataforma de orquestração e inteligência, enquanto as marcas precisam se preparar para um mundo em que conteúdo e checkout são uma coisa só.

Essa mudança não é tendência – é ruptura. Quem se adaptar agora estará no topo quando os sites deixarem de ser o centro da jornada. Quem insistir no modelo tradicional pode se tornar irrelevante muito antes de 2030.

Estamos entrando na era em que a loja não é um lugar, mas um fluxo. Quem entende isso hoje constrói o futuro amanhã.

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