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Social commerce: o novo capítulo da compra online e a reconfiguração do seu funil de vendas

Por: Daila Vieira

Marketing na Avanti

Profissional de marketing com 5 anos de experiência, focada em estratégias digitais e performance.

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Você sabe onde pode acontecer o próximo salto de vendas do seu e-commerce? Nas redes sociais – mais perto do que parece. O que começou como um espaço de conexão e entretenimento evoluiu para um ambiente dinâmico de descoberta, influência e conversão. Em 2025, o social commerce não é mais uma mera funcionalidade, mas um ecossistema completo, projetado para movimentar a impressionante cifra de US$ 1,2 trilhão globalmente até o final do ano (Accenture).

Funil de vendas direcionando conteúdo para Instagram, Pinterest e TikTok, com um homem sorrindo ao laptop.
Imagem: Reprodução.

Para lojistas e indústrias com operações digitais consolidadas, compreender essa evolução não é apenas uma oportunidade de receita, é uma redefinição estratégica do relacionamento com o consumidor e da gestão da lucratividade. Vamos explorar como essa fusão entre interação social e transação está reescrevendo as regras da compra.

Quando o feed vira vitrine: a compra sem atritos

Imagine seu cliente. Ele rola o feed em busca de inspiração, um vídeo ou uma imagem que prenda sua atenção e, em um piscar de olhos, o produto desejado já pode estar no carrinho. Essa é a essência do social commerce maduro: a fluidez da experiência de compra, na qual o atrito entre o desejo e a aquisição simplesmente desapareceu. Essa jornada, quase mágica, é impulsionada por inovações cruciais:

– Conteúdo comprável (shoppable content) nativo: a era do “link na bio” como única ponte acabou. Agora, vídeos curtos (reels, TikToks), fotografias e até transmissões ao vivo vêm com tags de produtos diretamente integradas. Um simples toque no item desejado dentro do conteúdo abre uma vitrine de produto ou um minicarrinho, permitindo que a compra seja finalizada sem que o usuário precise deixar o ambiente da rede social. Essa funcionalidade não apenas simplifica o processo, mas capitaliza o momento exato do alto engajamento e da intenção de compra.
– Vitrine e lojas integradas: as plataformas sociais, antes meras galerias de fotos, evoluíram para se tornarem vitrines virtuais completas. Marcas podem criar suas próprias “lojas” ou catálogos digitais, gerenciando produtos, estoques e até mesmo integrando sistemas de pagamento. O perfil da sua marca se transforma em um hub de e-commerce, acessível e navegável por milhões de usuários.
Live shopping (livestream commerce) evoluído: pense em um programa de auditório interativo, mas em que cada demonstração de produto pode resultar em uma venda imediata. Transmissões ao vivo com venda de produtos tornaram-se eventos sofisticados, incorporando elementos de gamificação, sessões de perguntas e respostas (Q&A) dinâmicas, e o lançamento de ofertas-relâmpago exclusivas. O sucesso aqui reside na capacidade de recriar a atmosfera envolvente de uma venda pessoal ou um evento de lançamento, gerando um senso de urgência e pertencimento à comunidade.

Para quem lidera o e-commerce, otimizar essa convergência exige atenção aos detalhes da experiência do usuário (UX/UI). Cada transição – do conteúdo que inspira à finalização da compra – precisa ser fluida e estratégica, maximizando as taxas de conversão (CRO) nas redes sociais.

O pulso da confiança: como a autenticidade move o marketing de influência

No universo do social commerce, a velha máxima de “a propaganda é a alma do negócio” ganha um novo significado. O motor principal não é mais apenas o anúncio polido, mas a confiança e a autenticidade geradas por pessoas. É a recomendação genuína, vinda de influenciadores ou de outros consumidores, que ressoa mais fundo. Os números não mentem: 73% dos brasileiros já realizaram uma compra influenciados pelas redes sociais (Sebrae, com base em estudo MARCO), um testemunho claro do poder da prova social.

– Estratégias de micro e nanoinfluenciadores: grandes marcas estão percebendo que o impacto não está apenas no alcance massivo, mas na profundidade da conexão. Muitas vezes, o engajamento e as taxas de conversão são mais altos com influenciadores de nicho, que, embora possuam comunidades menores, são incrivelmente leais e segmentadas. A autenticidade dessa conexão com o público é, hoje, um diferencial competitivo poderoso.
– Conteúdo gerado pelo usuário (UGC) como testemunho irrefutável: fotos e vídeos de clientes reais utilizando seus produtos se transformam em uma das ferramentas de marketing mais persuasivas. Incentivar o UGC – seja por meio de concursos, hashtags específicas ou programas de recompensa – cria um ciclo virtuoso em que a própria comunidade da sua marca se torna um canal de vendas orgânico e altamente crível.
– Conteúdo, contrato e conversão, a tríade de uma parceria de impacto: colaborar eficazmente com influenciadores vai muito além do simples envio de produtos. Exige contratos claros, metas de vendas realistas e, fundamentalmente, sistemas de atribuição que permitam rastrear o impacto real das campanhas sociais nas vendas (diretas e indiretas). É essa visão holística que possibilita a otimização contínua da sua estratégia de mídia social.

Orquestrar essas parcerias e integrar o UGC em suas campanhas exige mais do que uma ação isolada. Requer uma estratégia de mídia digital alinhada e um profundo conhecimento de como o funil de vendas se comporta em cada canal social.

Redes sociais: o novo ponto de contato (e de conversão) com o cliente

A visão tradicional de que as redes sociais ocupam apenas o “topo do funil” – para descoberta e construção de marca – já não se aplica. Com a ascensão do social commerce, essas plataformas se tornaram uma extensão vital e estratégica do seu CRM (Customer Relationship Management).

– Encurtamento do funil: a jornada do cliente está cada vez mais dinâmica. Um usuário pode ser impactado por um vídeo no feed, ser convencido pela demonstração e finalizar a compra em questão de minutos, eliminando etapas intermediárias que antes eram consideradas essenciais.
– Dados comportamentais e personalização preditiva: as plataformas sociais, com seu vasto volume de dados comportamentais, abrem portas para uma personalização sem precedentes. Não se trata apenas de recomendar produtos com base em compras passadas, mas de antecipar desejos e necessidades com base em interações, interesses e até mesmo conversas dentro da plataforma. Para grandes operações, integrar esses dados do CRM com as APIs das redes sociais (quando permitido) é crucial para construir um perfil unificado e poderoso do cliente.
– CRM no social: as interações dos clientes via DMs (mensagens diretas), comentários e chats nas redes sociais tornam-se pontos críticos de contato para o seu CRM. Um atendimento eficiente, com respostas rápidas e resolução de problemas diretamente nessas plataformas, não apenas fortalece o relacionamento com o cliente, mas também influencia decisivamente futuras decisões de compra e o LTV.

Para gestores de grandes operações de varejo, o social commerce não pode ser tratado como um canal isolado. Ele é uma extensão orgânica da estratégia omnichannel. O sucesso reside na capacidade de integrar a inteligência das redes sociais com os dados de vendas e relacionamento já existentes. Essa união cria uma experiência contínua e lucrativa, reconfigurando a forma como o consumidor interage e compra em 2025. É a consolidação da compra no fluxo da vida digital, em que a interação social se funde de forma orgânica com a transação comercial.