TikTok, Instagram, YouTube, aplicativos e sites próprios: não importa a plataforma, o live shopping ou live commerce veio para ficar. Uma pesquisa do Instituto QualiBest, em parceria com a Spark, mostrou que mais da metade dos brasileiros já está familiarizada com o formato. A estratégia é sucesso absoluto em países como China e Estados Unidos. Para se ter uma ideia da grandiosidade, em solo norte-americano, há previsões de que as vendas resultantes da estratégia atinjam US$ 35 bilhões até o final deste ano (dados da Coresight Research).

No Brasil, ainda há muito espaço para crescimento e inúmeras oportunidades. Na minha opinião, o live shopping tem tudo para dar certo por suprir duas lacunas importantes da experiência online: a impessoalidade da venda e a falta de contato físico com o produto. Nas transmissões ao vivo, é possível tirar dúvidas, ver detalhes de perto, verificar funcionalidades, entre tantos outros benefícios que trazem calor humano para a compra, o que é algo muito importante na nossa cultura. A interação direta com o cliente auxilia a conversão e ajuda a fidelizar a base.
China: a grande referência
O live commerce surgiu na China em 2016, mas foi no boom do comércio eletrônico, durante a pandemia, que realmente se consolidou e se espalhou pelo mundo. Dados do Ministério do Comércio do país asiático mostram que, em 2023, mais de um terço das vendas online por lá aconteceram durante as lives, gerando US$ 160 bilhões em faturamento e atingindo 597 milhões de consumidores (54,7% do total de internautas).
No país, as transmissões ao vivo podem durar muitas horas, aumentando as chances de vendas. TikTok, WeChat e o Taobao Live, do grupo Alibaba, estão entre os canais favoritos, mas muitos e-commerces utilizam também plataformas próprias.
Como fazer do jeito certo
Um dos pontos mais importantes é que o live commerce ajuda a criar um senso de comunidade. Os consumidores querem ter a possibilidade de fazer parte de algo maior. Por isso, é essencial que as ações ao vivo tenham essa ideia de unir pessoas e criar conexões com significado.
É importante destacar que a escolha do canal deve ser criteriosa, considerando o público que se deseja alcançar. Por exemplo, marcas que trabalham fortemente com a geração Z devem olhar com carinho para o TikTok. A pesquisa que já citamos do Qualibest aponta que, no Brasil, embora a utilização da rede social chinesa venha crescendo substancialmente (chegando a 15%), o Instagram ainda é líder absoluto desse formato, com 67% da preferência. O YouTube aparece em segundo lugar, com 55%, seguido pelo Facebook, com 26%.
Praticamente todos os segmentos de mercado podem se beneficiar dos streamings, mas as categorias mais desejadas incluem moda e acessórios (39%), produtos de beleza (38%), celulares/smartphones (32%), livros (31%), artigos para casa (27%) e eletrodomésticos (25%).
Outro ponto crucial é a escolha do rosto à frente das lives. Muitos e-commerces desistem da modalidade por acharem que é necessário haver o envolvimento de um influenciador digital. Claro que pode ser interessante contar com algum nome de peso que tenha sinergia com o seu posicionamento de marca. Mas, se a verba for curta, temos diversos casos bem-sucedidos de empresas que utilizam a própria equipe. Outra possibilidade é convidar clientes fiéis: ao mesmo tempo em que agrada o convidado, consegue mostrar uma prova social para a audiência.
Para empresas de todos os portes
Embora o live shopping tenha ficado marcado no Brasil pela utilização por grandes influenciadores com milhares de seguidores, varejistas conhecidos como Casas Bahia, Magalu e Mercado Livre têm investido no formato. A Magalu fez a sua primeira experiência em uma live de cinco horas na Black Friday do ano passado. Conduzida pelo elenco do Pod Pah, a live contou ainda com a presença de Sabrina Sato.
Pequenas e médias empresas também conseguem estimular as suas comunidades. Trago aqui um case super legal de uma empresa “gente como a gente”: a Boutique Dona Cota. Trata-se de uma loja de roupas com duas unidades na cidade de São Paulo, nos bairros de Santana e Bela Vista. A marca usa clientes e vendedoras como modelos em suas lives, que bombam e ajudam a esgotar diversas peças. O formato é bastante informal e descontraído, cheio de brincadeiras e improvisos, criando uma conexão direta com as consumidoras. Ou seja, é possível fazer muito com pouco.
E você, está esperando o que para testar o live commerce com o seu público?