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Execução: o verdadeiro motor da inovação em compras

Por: Beto Sirotsky

Co-Founder da BPool

Co-Founder da BPool, plataforma de curadoria, contratação e gestão de serviços de marketing que viabiliza que grandes empresas se conectem ao ecossistema de comunicação, presente em mais de 10 países, com clientes como Unilever, Vivo, Novartis, Reckitt e L'Oréal.

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Tenho escrito com frequência sobre um tema que parece simples, mas continua desafiando empresas em diferentes estágios de maturidade: a distância entre o discurso de inovação e a capacidade real de executá-lo.

Mulher sorrindo enquanto trabalha no computador, com caixas ao fundo.
Imagem: Freepik.

Uma nova pesquisa da Raindrop Systems, publicada pela Procurement Magazine, reforça essa lacuna: 83% dos líderes de compras e finanças se declaram responsáveis por inovar, mas apenas 27% afirmam ter condições de entregar. O número é sintomático. Mostra que, embora a inovação esteja presente em quase todas as agendas corporativas, ela ainda encontra barreiras internas que travam sua materialização, sejam culturais, estruturais ou de mindset.

O relatório, intitulado Ambition Meets Attrition: Finance and Procurement Leaders Must Bridge the Growing Gap Between AI Ambition and Real-World Agility, entrevistou mil líderes de procurement e finanças nos Estados Unidos. Entre os principais achados, o estudo aponta que 55% das organizações ainda priorizam o controle de custos em detrimento da flexibilidade, mesmo diante de tantas disrupções.

Além disso, os indicadores de sucesso seguem concentrados em metas tradicionais: 48% dos entrevistados afirmam ser avaliados pela capacidade de gerar redução de custos e 43% pela mitigação de riscos, enquanto apenas 29% reconhecem que o maior valor de suas áreas está em potencializar o crescimento do negócio.

Desafio real da execução

O diagnóstico é evidente: ainda há uma lacuna entre ambição e execução. Como destaca Ward Karson, COO da Raindrop Systems: “procurement e finanças evoluíram muito além do estereótipo de apenas gerenciar custos. Hoje, essas áreas são chamadas a impulsionar a resiliência estratégica, mas muitas permanecem presas em um ciclo de ambição sem ação. Até que tenham as ferramentas certas para transformar a intenção em resultado, seu potencial de gerar inovação e crescimento permanecerá fora de alcance”.

Essa constatação reforça uma crença que venho compartilhando há algum tempo: execução é mais importante que estratégia. Essa visão, aliás, não é apenas minha. Ela foi reforçada recentemente por um grande executivo em um encontro de C-levels do qual participei e está no centro de um livro que considero fundamental: Execução, de Larry Bossidy e Ram Charan, uma obra que se mostra cada vez mais atual e relevante.

Os autores lembram que toda estratégia precisa considerar um ambiente de negócios global em constante mudança e listam sete comportamentos essenciais para gerar resultados:

1. Conheça seu pessoal e sua empresa;
2. Insista no realismo;
3. Estabeleça metas e prioridades claras;
4. Conclua o que foi planejado;
5. Recompense quem faz;
6. Amplie as habilidades das pessoas;
7. Conheça a si próprio.

Os autores trazem uma reflexão valiosa: “a execução é o melhor meio de mudança e transição. Melhor do que a cultura, melhor do que a filosofia. As empresas voltadas para a execução mudam mais rápido do que as outras, pois estão mais perto da situação”.

A oportunidade da IA e o papel da execução

A emergência da inteligência artificial abre uma oportunidade inédita para acelerar transformações reais nos negócios, mexendo ponteiros, gerando impacto e resolvendo problemas históricos.

Mas, sozinha, não entrega nada. É a execução, disciplinada, mensurável e sustentada por propósito, que separa quem fala sobre o futuro de quem realmente o constrói.