O e-commerce brasileiro entrou em 2025 demonstrando um grande nível de maturidade. O setor segue em crescimento pelo oitavo ano consecutivo, com projeção de faturamento de R$ 224,7 bilhões, o que representa um avanço de aproximadamente 10% em relação a 2024, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico( ABComm). Nesse cenário, destacam-se números expressivos: 94 milhões de consumidores ativos (+3 milhões em relação a 2024), 435 milhões de pedidos online (+5%) e ticket médio de R$ 515,80, um crescimento de 4,7%.

Esse desempenho tem sido impulsionado principalmente pela adoção de tecnologias baseadas em inteligência artificial. Ferramentas como chatbots – que já resolvem 80% das consultas em menos de dois minutos – e algoritmos preditivos com quase 90% de acurácia vêm aumentando as taxas de conversão em até 35%.
Além da tecnologia, a evolução do comportamento do consumidor tem desempenhado papel fundamental nesse crescimento. A predominância do mobile commerce, que hoje responde por 73% dos pedidos online, reflete a eficácia de estratégias “mobile first”, como pagamentos em um clique e aplicativos otimizados de marketplaces. Paralelamente, o social commerce ganha força: aproximadamente 40% das vendas online ocorrem por meio de plataformas como Instagram e TikTok, com checkouts integrados que reduzem significativamente o abandono de carrinho.
No que diz respeito aos meios de pagamento, o Pix assumiu uma posição central nas transações do varejo eletrônico. Neste ano, estima-se que represente 44% dos pagamentos online, ultrapassando os cartões de crédito, que devem responder por 41%.
Para se diferenciar em um ambiente cada vez mais competitivo, as empresas têm priorizado eficiência operacional. Estima-se que 70% do território nacional já conte com entregas em até 24 horas, viabilizadas por centros de distribuição regionais, drones e soluções automatizadas. A sustentabilidade também ganha protagonismo: 60% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por marcas que adotem práticas ESG, como o uso de embalagens ecológicas e iniciativas ambientais consistentes.
Diante desse contexto de evolução consistente e sofisticada, o perfil dos executivos de e-commerce também está em transformação. O setor passou a exigir menos dos líderes com perfil disruptivo e mais daqueles com uma atuação estrategista operacional, ou seja, profissionais com foco em eficiência, domínio de dados e entrega contínua de resultados.
Esses executivos precisam combinar visão sistêmica, domínio técnico e inteligência relacional, atuando como integradores naturais entre áreas como marketing, logística, tecnologia, operações e finanças.
As competências mais valorizadas nesse novo cenário incluem:
– mentalidade data-driven: mais do que interpretar dashboards, o executivo deve tomar decisões baseadas em dados de forma ágil, identificar gargalos nos funis de conversão e compreender o impacto de cada ação sobre métricas-chave, como margem, ticket médio, retenção e lifetime value;
– alfabetização tecnológica: embora não se espere que ele seja um especialista técnico, é essencial entender o funcionamento de ferramentas como CRMs, algoritmos de recomendação, automações e plataformas de IA, e, ainda, saber extrair valor estratégico dessas soluções;
– gestão orientada à eficiência: com orçamentos mais enxutos, a capacidade de gerar impacto com recursos limitados tornou-se um diferencial competitivo, tanto nas operações logísticas quanto na performance de campanhas e organização de times.
Além disso, ter liderança integrada e transversal é fundamental para romper silos organizacionais e articular times multidisciplinares, muitas vezes híbridos e distribuídos. Isso requer escuta ativa, empatia, habilidade de negociação e repertório emocional. E vale dizer que líderes do novo varejo precisam estar atentos ao impacto social e ambiental de suas decisões, além de promover culturas inclusivas, adaptativas e orientadas a propósito.
O grande desafio desse novo perfil é equilibrar agilidade com consistência, inovação com disciplina. Mais do que reinventar o negócio a todo instante, trata-se de extrair o máximo valor do que já funciona – sempre, é claro, com o apoio de dados, tecnologia e equipes bem lideradas.
Esses profissionais não apenas entregam resultados, mas orquestram a operação com precisão, garantindo que cada frente do e-commerce contribua de forma harmônica para a performance geral. Em um setor em que a margem de erro é mínima, essa capacidade de liderar com clareza, foco e pragmatismo se tornou o principal diferencial competitivo.
Sem dúvida alguma, o e-commerce brasileiro vive, em 2025, um momento de crescimento sustentável e execução disciplinada. Longe das disrupções abruptas, a prioridade é consolidar o que já funciona: excelência operacional, uso estratégico de tecnologia e uma liderança cada vez mais integrada, técnica e orientada a resultados.
As empresas que conseguirem combinar esses fatores com executivos de perfil analítico, digital e colaborativo estarão prontas para liderar o próximo ciclo do e-commerce, que com certeza será mais robusto, consciente e cada vez mais conectado ao consumidor.