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Qual será o impacto da alta do ICMS no bolso dos gaúchos

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

A vida dos gaúchos se tornou mais cara a partir da última sexta-feira. É quando começaram a valer as novas alíquotas de ICMS aprovadas pelo governo do Estado na Assembleia Legislativa em setembro. O impacto no bolso não será pequeno: nos cálculos da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), o peso extra no orçamento mensal de uma família de classe média chegará a 4,6%.

Ou seja, o tarifaço do governo irá corroer quase metade dos ganhos com reajustes salariais obtidos pelos trabalhadores em 2015, que foi de 9,82%, conforme dados do Dieese para os acordos coletivos fechados no primeiro semestre.

E nem se deve esperar que as empresas sacrifiquem suas margens e absorvam parte da alta, acreditam economistas: o lucro de indústrias e supermercadistas já está espremido em tempos de crise.

— Os empresários também terão maiores custos para produzir, pois terão de pagar mais pela luz, pelo telefone ou no frete, por exemplo — explica Patrícia Palermo, economista da Fecomércio-RS — A conta deverá acabar sendo paga mesmo pelo consumidor.

São os produtos e serviços considerados essenciais que se esticarão mais com o aumento de ICMS. O imposto sobre a conta de luz passará de 25% para 30%. O mesmo percentual pesará sobre o litro da gasolina — coincidência ou não, dois serviços cujos preços são regulados por governos que foram às alturas ao longo de 2015.

O caso da gasolina é exemplar. Em janeiro, o consumidor pagava R$ 2,92 pelo litro em postos de Porto Alegre, conforme a pesquisa de preços da UFRGS — o IPC/Iepe. Em dezembro, em razão de reajustes determinados pela Petrobras, o valor havia passado para R$ 3,69 (alta de 26%), e na próxima sexta-feira saltará para R$ 3,95 (novo ajuste de 7%). Disparada de 35,3% em um ano.

O ritmo no qual os consumidores passarão a se deparar com os reajustes varia. Alguns produtos em fartura nos estoques de lojistas, como roupas e algumas marcas de vinhos e refrigerantes, poderão demorar até dois meses para subir. O preço pelo uso da luz e do telefone já sobe imediatamente, mas estará nas contas a serem pagas em fevereiro. Os combustíveis devem subir já na sexta-feira.

— Os distribuidores já começam a pagar imposto maior no dia 1º, e repassam imediatamente para os postos — esclarece o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), Adão Oliveira.

Com o reajuste do ICMS, a Secretaria da Fazenda projeta um incremento na receita líquida para o Estado de quase R$ 1,9 bilhão por ano. A medida está entre as ações de ajuste fiscal do Estado, mas ainda insuficiente para cobrir o déficit financeiro previsto para 2016 em R$ 4,6 bilhões — agravada pela queda de arrecadação em ano de crise.

Novas alíquotas passaram a valer no dia 1º

Gasolina

De 25% para 30%
Aumento real: 7,1%
Preço do litro passa de R$ 3,69 para R$ 3,95

Energia elétrica

De 25% para 30%
Aumento real: 7,1%
Uma conta de R$ 150 chegará a R$ 160,65

Telefonia

De 25% para 30%.
Aumento real: 7,1%
Um plano pós-pago de R$ 69 custará R$ 73,80

Refrigerantes

De 18% para 20%.
Aumento real: 2,50%
Uma garrafa de 2 litros de R$ 4,99 chegará a R$ 5,11

Roupas

De 17% para 18%.
Aumento real: 1,22%
Uma camiseta de R$ 99 passará a R$ 100,21

TV a cabo

De 12% para 14%
Aumento real: 2,33%
Um plano de R$ 129 passa a custar R$ 132

Cigarros

De 25% para 27%.
Aumento real: 2,74%
Um maço de R$ 6,50 custará R$ 6,68

Perfumaria e cosméticos

De 25% para 27%.
Aumento real: 2,74%
Um esmalte de R$ 30 passa para R$ 30,82