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Produção industrial da China desacelera e varejo registra pior ritmo desde 2022

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

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A China encerrou novembro com uma combinação de indicadores industriais e de consumo que acendem alertas sobre a sustentação do crescimento econômico. A produção industrial avançou no menor ritmo em 15 meses e as vendas no varejo registraram a pior performance desde o fim abrupto da política de “Covid-19 zero” em 2022, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas..

Funcionário da indústria vestindo roupas de proteção gerenciando o processo de enlatamento na fábrica.
(Imagem: Envato)

A atividade industrial cresceu 4,8% em novembro na comparação anual, ligeiramente abaixo dos 4,9% de outubro e distante da previsão de 5% apurada pela Reuters. O resultado marca o desempenho mais fraco desde agosto de 2024 e reforça a perda de tração em setores que vinham sustentando parte do dinamismo econômico chinês.

Com o arrefecimento dos subsídios ao consumidor e uma crise imobiliária que continua a pressionar o orçamento das famílias, o investimento industrial também opera sob risco de deflação. Nesse cenário, Pequim tem recorrido às exportações para manter o crescimento, movimento que agora encontra resistência crescente de parceiros comerciais incomodados com o superávit de US$ 1 trilhão acumulado pelo país.

Varejo tem pior desempenho desde reabertura pós-pandemia

As vendas no varejo avançaram apenas 1,3% em novembro, bem abaixo dos 2,9% registrados no mês anterior e da expectativa de 2,8%. É o resultado mais fraco desde dezembro de 2022, quando a China suspendeu as restrições da política sanitária. A fraqueza do consumo indica que estímulos anteriores perderam força e que o apetite do consumidor segue limitado pela pressão sobre a renda e pela insegurança em relação ao setor imobiliário.

“As exportações fortes limitaram a necessidade de turbinar a demanda doméstica este ano, e os subsídios começaram a se esgotar”, afirmou Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit. Segundo ele, o governo já concentra esforços em 2026, diante da proximidade de cumprimento da meta de crescimento de cerca de 5% para 2025.

Pressão por reformas e estímulos mais eficientes

Economistas têm ressaltado que a economia chinesa já ultrapassou o ponto em que estímulos convencionais teriam impacto significativo. Na semana passada, o Fundo Monetário Internacional reforçou o pedido para que Pequim acelere reformas estruturais e avance na solução da crise imobiliária. O FMI estima que o ajuste do setor exigirá investimento equivalente a 5% do PIB nos próximos três anos, dado que cerca de 70% da riqueza das famílias está atrelada ao mercado de imóveis.

Após a divulgação dos indicadores, Fu Linghui, porta-voz da administração alfandegária, afirmou que será necessário fazer mais para recuperar a confiança dos consumidores domésticos, elemento essencial para estabilizar o crescimento e reduzir a dependência das exportações.