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Pesquisa global mostra Brasil como um dos líderes em adoção de IA generativa

Por: Amanda Lucio

Jornalista e Repórter do E-Commerce Brasil

A Cisco divulgou os resultados de um estudo realizado em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que analisa como a inteligência artificial generativa está sendo adotada e como seu uso afeta o bem-estar digital em diferentes países e faixas etárias. A pesquisa integra o Digital Well-being Hub da OCDE e aponta desigualdades geográficas e geracionais no acesso, na confiança e nos impactos da tecnologia.

Tela de smartphone com aplicativos de inteligência artificial. Gemini, Perplexity, ChatGPT
(Imagem: iStock)

Os dados mostram que jovens adultos lideram o uso de ferramentas digitais e de IA generativa em todo o mundo, com destaque para países de economias emergentes. Índia, Brasil, México e África do Sul apresentam as maiores taxas de adoção, níveis mais elevados de confiança e maior engajamento em treinamentos relacionados à IA.

O Brasil aparece como o segundo país com maior uso de IA generativa, com 51,6% dos entrevistados afirmando utilizar a tecnologia, atrás apenas da Índia, com 66,4%.

Em contraste, participantes de países europeus demonstraram menor confiança e mais incerteza em relação ao uso da inteligência artificial. O movimento indica uma inversão em relação a padrões anteriores, nos quais economias emergentes costumavam adotar novas tecnologias de forma mais lenta.

O estudo também aponta que, nos países com maior adoção de IA, há uso mais intenso da tecnologia para lazer. Nessas regiões, os entrevistados registram maior tempo de tela recreativo, maior dependência de interações sociais exclusivamente digitais e variações emocionais mais acentuadas associadas ao uso de dispositivos e plataformas digitais.

De forma global, a pesquisa indica que mais de cinco horas diárias de tempo de tela recreativo estão associadas a menor bem-estar e redução da satisfação com a vida. Embora o levantamento não estabeleça relação de causa e efeito, os dados reforçam a necessidade de atenção ao impacto do uso excessivo de tecnologia na saúde e na qualidade de vida.

“As economias emergentes têm um grande potencial quando se trata de capacitação em IA, mas é preciso garantir que essas ferramentas sejam desenvolvidas e usadas de forma responsável, com transparência, privacidade e equilíbrio”, afirmou Guy Diedrich, vice-presidente sênior e diretor global de Inovação da Cisco. Segundo ele, o avanço da IA deve estar alinhado à melhoria do bem-estar e à criação de oportunidades de aprendizado e crescimento.

A pesquisa também evidencia diferenças geracionais. Globalmente, mais da metade dos entrevistados com menos de 35 anos utiliza ativamente inteligência artificial, e mais de 75% desse grupo considera a tecnologia útil. Quase metade dos jovens entre 26 e 35 anos já concluiu algum tipo de treinamento na área. No Brasil, porém, apenas 41,4% afirmaram ter passado por alguma qualificação relacionada à IA oferecida por empresas nos últimos 12 meses.

Entre adultos com mais de 45 anos, a percepção é diferente. A maioria desse grupo utiliza menos a tecnologia e tende a enxergá-la como menos útil. Entre os entrevistados com mais de 55 anos, a incerteza em relação à IA aparece com mais frequência, o que, segundo o estudo, pode estar ligado à falta de familiaridade, e não necessariamente à rejeição.

As diferenças também se refletem nas expectativas sobre o mercado de trabalho. Jovens e participantes de economias emergentes são os que mais acreditam que a IA terá impacto direto sobre empregos e carreiras nos próximos anos.

Para a Cisco, os resultados reforçam a importância de iniciativas voltadas à capacitação digital e à redução da desigualdade no acesso à tecnologia. A empresa afirma que já treinou mais de 26 mil funcionários em inteligência artificial e participa de iniciativas voltadas à preparação da força de trabalho para o uso da tecnologia em diferentes setores.

O estudo conclui que o avanço da IA exige ações coordenadas entre empresas, governos e sociedade para ampliar a alfabetização digital, reduzir disparidades de habilidades e equilibrar inovação com bem-estar, de forma que os benefícios da tecnologia alcancem diferentes gerações e regiões.