Após meses de planejamento da entrada no mercado, a gigante chinesa Meituan confirmou o início de suas operações no Brasil. A empresa estreia no país por meio da Keeta, seu braço internacional, com investimento inicial de R$ 1 bilhão e atuação em São Paulo e mais oito cidades da região metropolitana a partir de 1º de dezembro de 2025.

O anúncio já era esperado, pois ainda em maio, ao retornar de sua missão na China, o presidente Luís Inácio “Lula” da Silva anunciou que o país pretende investir R$ 27 bilhões em novos projetos no Brasil.
A entrada da Keeta faz parte de um plano maior: são R$ 5,6 bilhões previstos para os próximos cinco anos. Os recursos serão usados para aprimorar tecnologia, fortalecer a rede de restaurantes, especialmente PMEs, ampliar a base de consumidores e oferecer melhores condições de trabalho para entregadores.
A expansão ocorre um mês após o piloto em Santos e São Vicente, onde a Keeta registrou mais de 16 mil downloads orgânicos e mais de 8 mil usuários ativos. No mesmo período, o número de entregadores chegou a 4.700, com remuneração média de R$ 30 por hora. A plataforma afirma ter reduzido o tempo médio de entrega para 30 minutos e ampliado em 60% o volume de restaurantes cadastrados, totalizando 1.600 estabelecimentos.
Lançamento em nove cidades
A partir de dezembro, a operação passa a atender São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Osasco, Barueri, Diadema e Itaquaquecetuba. O vice-presidente de parcerias estratégicas, Danilo Mansano, afirma que o objetivo é acelerar a presença nacional, começando pelo maior mercado do país. A empresa não comentou sobre a presença em outros estados.
Segundo Tony Qiu, presidente de operações internacionais da Keeta, o nome foi escolhido para facilitar a expansão global, já que Meituan é de difícil pronúncia fora da China. A marca é inspirada no guepardo, representado como mascote da plataforma pela agilidade e rapidez. A chinesa também desenvolveu um mascote brasileiro, apelidado de Kiki.
Operação e serviços
A Keeta chega ao Brasil com algumas propostas de diferenciação:
- Entrega com horário garantido: atrasos superiores a 15 minutos dão ao usuário direito a cupom;
- Compra intermediada: a plataforma auxilia consumidores no pagamento e integra os restaurantes ao sistema, modelo já consolidado na China;
- Pacote de boas-vindas: consumidores receberão vouchers de R$ 200;
- Mais de 90% dos pedidos com rastreamento e 90% dos restaurantes com entrega grátis.
Para entregadores, a Keeta promete novas tecnologias, incluindo capacetes inteligentes para ciclistas, que reduzem o uso do celular durante a rota e ativam alertas em caso de acidentes. A empresa também afirma ter 98.200 entregadores parceiros cadastrados em sua fase inicial de expansão.

Taxas e relacionamento com restaurantes
Sobre taxas, a empresa não divulgou valores, mas afirma cobrar atualmente 2,3 pontos percentuais a menos que o líder do mercado e permitir que restaurantes antecipem recebíveis sem tarifa a partir de sete dias. Segundo Mansano, a Keeta não trabalha com contratos de exclusividade.
A companhia também está estudando as operações com drones no Brasil, mas afirma que não há regulamentação suficiente para o uso em larga escala.
Concorrência e planos locais
Qiu também afirmou que a forte disputa no mercado de delivery é positiva, pois indica potencial de crescimento a longo prazo. Segundo a empresa, o Brasil é hoje o segundo maior mercado da Meituan fora da China e 90% do time local é brasileiro.
A meta da companhia é ampliar o alcance logístico, apoiar restaurantes da região e oferecer mais estabilidade de ganhos aos entregadores. “No fim das contas, quem precisa receber o melhor serviço é o consumidor”, concluiu Qiu durante a coletiva.