Semanas antes da Black Friday, data mais relevante do varejo online, o e-commerce brasileiro já movimentou R$ 29,07 bilhões entre 1º e 21 de novembro. Os dados são da Neotrust, que monitora transações de 80 milhões de consumidores em sete mil lojas virtuais. O montante representa uma alta de 32% em comparação com o mesmo período de 2024.

O volume de pedidos acompanhou o ritmo e subiu 44,5%, alcançando 94,9 milhões. O tíquete médio, porém, recuou 8,6%, para R$ 306,20. O cenário revela um início de mês aquecido, mas levanta dúvidas sobre a real intensidade da Black Friday de 2025.
Um novembro cada vez mais promocional
O avanço antecipado das compras tem alimentado a incerteza sobre o pico de vendas da sexta-feira, 28 de novembro. Parte da demanda pode ter sido deslocada pelo 11 de novembro, o Dia dos Solteiros, marcado por campanhas agressivas de grandes varejistas.
A evolução das vendas reforça essa tendência. Entre 12 e 19 de novembro, o faturamento cresceu 37% ante o mesmo intervalo do ano passado, uma aceleração em relação aos dez primeiros dias do mês, que já registravam alta de 32%.
Para Marcelo Prado, consultor e diretor do Iemi Inteligência de Mercado, a Black Friday está se tornando uma “Black November”. Ele destaca que a antecipação de descontos pelos varejistas modifica o comportamento do consumidor, que já não concentra as compras no dia oficial da data.
11.11 impulsiona o mês
Antes mesmo da chegada da Black Friday, o levantamento da Gauge e W3haus estimava que um terço das vendas de novembro ocorreria na própria sexta-feira promocional. Porém, os dados da Neotrust sugerem que o 11 de novembro desempenhou um papel determinante.
Segundo Léo Homrich Bicalho, head de negócios da Neotrust, o 11/11 gerou um “uplift de vendas”, elevando o patamar médio de consumo nos dias seguintes. Ele pondera que parte do salto decorre de uma base mais fraca em 2024, mas observa que o padrão indica um ciclo promocional mais longo. Com isso, varejistas têm sustentado altos volumes de venda tanto no 11/11 como ao longo da “Black November”.
A expectativa, afirma Bicalho, é verificar se o movimento se repetirá na própria Black Friday. A dúvida é se o setor manterá as altas taxas de crescimento no pico da data ou se a antecipação das compras limitará o volume da sexta-feira.
Ritmo forte e comparações desafiadoras
Até o momento, o 11/11 de 2025 já alcançou 65% do faturamento da Black Friday do ano passado. O valor movimentado foi de R$ 2,78 bilhões, alta de 105% sobre 2024, com 8,07 milhões de pedidos e tíquete médio de R$ 344,80. Calçados, smartphones e TVs lideraram as vendas.
Houve também avanço de 17% em itens acima de R$ 1 mil, sinalizando apetite por produtos de maior valor. Comparado a dias regulares do mês, o salto impressiona: em 10 de novembro o faturamento foi de R$ 1,55 bilhão e, no dia 7, de R$ 1,44 bilhão. Na data comercial, o crescimento foi de 79% e 92%, respectivamente.
O ritmo já vinha forte nos primeiros dez dias de novembro, com avanço de 32%. O 11.11 elevou o acumulado do mês para 41%, reforçando que o desempenho será robusto independentemente do resultado da sexta-feira.
Expectativa de recorde, apesar das dúvidas
Mesmo com a antecipação das compras, a Neotrust projeta alta de 17% no faturamento da Black Friday 2025. Considerando o período de 26 a 30 de novembro, o setor pode atingir R$ 11 bilhões.
Saúde, esporte e lazer, automotivo e beleza e perfumaria são as categorias com maior potencial de crescimento percentual. Em peso absoluto, eletrodomésticos, eletrônicos e smartphones seguem puxando o faturamento.
O setor de saúde é destaque em 2025, com crescimento de 72% entre janeiro e setembro, impulsionado pelas canetas emagrecedoras, que somam 2,34 milhões de unidades vendidas. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o e-commerce registra R$ 282,6 bilhões, alta de 18%.