A dinâmica de consumo de informação na internet segue em mudança. Um levantamento da Kipiai, com base em dados do Search Engine Land, mostra que o clique deixou de ser um indicador garantido de acesso a sites externos. Cada vez mais, usuários encontram respostas diretamente na página de resultados do Google por meio de painéis, trechos em destaque e respostas geradas por inteligência artificial.

No primeiro trimestre de 2025, apenas 40,3% das pesquisas feitas nos Estados Unidos resultaram em cliques orgânicos. Um ano antes, o índice era de 44,2%. No Reino Unido e na Europa, o movimento é semelhante: a taxa caiu de 47,1% para 43,5%. Paralelamente, as chamadas zero-click searches, buscas que não geram visitas a outros sites, avançaram de 24,4% para 27,2% nos EUA e de 23,6% para 26,1% na Europa.
O estudo indica que o Google passou a atuar como ponto final da jornada de busca. Para Bruno Cunha Lima, fundador da Kipiai, o mecanismo se consolidou como um ambiente de resolução imediata. “O usuário quer resolver sua dúvida ali mesmo, sem precisar abrir outras abas”, afirma. Segundo ele, isso altera o planejamento de visibilidade de marcas e veículos, já que estar bem posicionado não garante exposição fora da própria SERP.
Outro dado do levantamento mostra o aumento das pesquisas que direcionam para propriedades do próprio Google, como YouTube e Maps. Em março de 2025, elas representaram 14,3% das buscas, ante 12,1% no mesmo mês de 2024. O avanço amplia a disputa pela atenção do usuário e pressiona estratégias que dependem de tráfego orgânico.
Cunha avalia que o fenômeno não indica retração do SEO, mas um novo modelo. “As pessoas continuam pesquisando, inclusive mais. O que muda é o destino dessa atenção. O clique já não é a única métrica de sucesso”, diz. Para ele, visibilidade e autoridade passam a ter peso semelhante ao volume de acessos.
A pesquisa aponta ainda que o SEO precisa ser tratado de forma integrada, com atuação distribuída em diferentes formatos e espaços da SERP. O algoritmo tende a destacar conteúdos que entregam respostas imediatas em texto ou vídeo. “As marcas precisam entender a intenção de busca do usuário para disputar espaço dentro da própria página de resultados”, afirma.
A consolidação das zero-click searches reforça a centralização da experiência digital. Para Cunha, o desafio agora é disputar memória e não apenas cliques. “As empresas que conseguirem se posicionar como fonte confiável dentro da busca terão vantagem competitiva, mesmo quando o clique não acontece”, conclui.