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Do SEO ao SXO: a nova era das buscas em tempos de inteligência artificial

Por: Rebecca Fischer

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank, ela é formada pela Universidade de Georgetown e tem mais de 12 anos de experiência na indústria de marketing e publicidade. Iniciou sua carreira em 2008 como estagiária na Pinacoteca do Estado de São Paulo e, ao longo dos anos, ocupou Diretora de Sucesso do Cliente na Skai (antiga Kenshoo), onde atendeu clientes como Mercado Livre, Nubank e iFood. Em 2020, uniu-se a Jaime Taboada para fundar a Divibank, combinando sua expertise em marketing digital com a experiência financeira de Jaime.

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A revolução provocada pela inteligência artificial está redesenhando silenciosamente o modo como consumimos informação e, consequentemente, produtos. Durante décadas, as marcas competiram por um espaço no topo do Google; agora, lutam para serem lembradas pelos algoritmos de IA. Ferramentas como ChatGPT, Copilot e Gemini estão substituindo o clique pelo diálogo e, com isso, o comportamento do consumidor está sendo reprogramado.

O fenômeno do “zero clique”, quando o usuário obtém respostas diretas sem visitar um site, representa mais do que uma mudança técnica. É o colapso de um modelo baseado na lógica do tráfego orgânico e da visibilidade mensurável. Para as empresas, não basta mais estar nas primeiras posições do Google: é preciso conquistar a confiança das inteligências artificiais, que decidem o que é relevante, confiável e útil.

Laptop sobre mesa de madeira exibindo na tela a sigla “SXO” em fundo preto, com caneca e caderno ao lado.
Imagem gerada por IA.

Mesmo assim, o SEO (Search Engine Optimization) não morreu, apenas evoluiu. Segundo a ROI Evolution, 61,5% das empresas ainda priorizam a otimização de busca em suas estratégias de marketing. Mas o conceito tradicional de SEO deu lugar ao SXO (Search Experience Optimization), uma abordagem que desloca o foco da palavra-chave para a experiência completa do usuário. Agora, o que importa é a coerência entre conteúdo e intenção de busca, a velocidade de carregamento, a arquitetura técnica e, sobretudo, a relevância semântica.

A nova lógica das buscas alimentadas por IA

O processo de aprendizado das inteligências artificiais difere profundamente dos algoritmos tradicionais de busca. Enquanto o Google se baseia em sinais estruturados e previsíveis, as ferramentas de IA aprendem a partir de contextos, interpretações e conexões semânticas. Isso torna a jornada do consumidor menos linear e mais fragmentada, exigindo dos profissionais de SEO uma adaptação constante. A relevância das marcas, antes medida por posições no ranking, passa agora a depender da capacidade de serem compreendidas e reconhecidas por sistemas inteligentes que valorizam consistência, clareza e autoridade digital.

Essa imprevisibilidade é reforçada por outro dado: 76% dos consumidores pesquisam online antes de comprar em lojas físicas, segundo a HubSpot. O caminho de decisão é fragmentado, começa num buscador, passa pelo YouTube, transita por marketplaces e termina no caixa da loja. A visibilidade, portanto, se tornou multicanal.

Autoridade digital ganha nova dimensão

É nesse cenário que a autoridade digital ganha uma nova dimensão. As ferramentas de IA passaram a avaliar uma teia complexa de sinais externos, como engajamento nas redes sociais, coerência entre campanhas pagas e conteúdo orgânico, além de backlinks de fontes confiáveis, para determinar quais marcas merecem destaque em suas respostas. A autoridade multicanal se tornou, assim, um critério essencial para a visibilidade digital. O avanço das estratégias de digital PR baseadas em dados reforça essa mudança: estudos mostram que backlinks de qualidade podem aumentar em até 37% a autoridade de domínio, ampliando a credibilidade e o alcance das empresas.

Mas há algo que a automação ainda não consegue replicar: a autenticidade. Segundo a ROI Evolution, 72% dos profissionais de marketing consideram a criação de conteúdo a principal ação de SEO, e não é por acaso. As IAs valorizam originalidade, profundidade e consistência, atributos que nascem da curadoria humana. Em um ambiente saturado de informação, textos e vídeos com propósito genuíno se destacam pela capacidade de educar e engajar o público.

Análises de performance confirmam essa mudança: guias de compra geram três vezes mais engajamento do que simples descrições de produtos, enquanto buscas long-tail (com três ou mais palavras) representam 58% das consultas em e-commerce, revelando uma intenção de compra mais madura.

Estratégias de pillar content, vídeos com transcrição e hubs temáticos não são apenas técnicas de indexação: são instrumentos de narrativa. A experiência de busca, agora, é também uma experiência de marca. O desafio está em equilibrar tecnologia e humanidade, dados e empatia, para que o conteúdo continue sendo uma ponte (e não um muro) entre empresas e pessoas.

No fim, quem compreender essa nova lógica híbrida entre SEO e SXO não estará apenas disputando espaço nas telas, mas construindo relevância duradoura em um ecossistema digital mediado por máquinas que aprendem e por pessoas que ainda decidem. A era do clique pode estar acabando, mas a disputa pela atenção, pela confiança e pela narrativa das marcas está apenas começando. Nesse cenário, não vence quem fala mais alto, e sim quem consegue ser interpretado, recomendado e lembrado, tanto pelos algoritmos quanto pelos seres humanos.