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Crescimento acelerado do e-commerce brasileiro impulsiona vendedores locais

Por: Rebecca Fischer

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank

Chief Strategy Officer (CSO) de co-fundadora da Divibank, ela é formada pela Universidade de Georgetown e tem mais de 12 anos de experiência na indústria de marketing e publicidade. Iniciou sua carreira em 2008 como estagiária na Pinacoteca do Estado de São Paulo e, ao longo dos anos, ocupou Diretora de Sucesso do Cliente na Skai (antiga Kenshoo), onde atendeu clientes como Mercado Livre, Nubank e iFood. Em 2020, uniu-se a Jaime Taboada para fundar a Divibank, combinando sua expertise em marketing digital com a experiência financeira de Jaime.

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O comércio eletrônico no Brasil segue em forte expansão. Desde 2018, a digitalização e a mudança no comportamento do consumidor impulsionam o setor, tornando-o central para o varejo nacional. Hoje, os consumidores não buscam apenas produtos, mas experiências, promoções e conveniência. Cupons, frete grátis e descontos tornaram-se parte do cotidiano, enquanto os marketplaces consolidaram presença, ampliando participação e moldando o mercado.

Gráfico de barras em crescimento com seta para cima ao lado de um notebook.
Imagem: Freepik.

Mercado e concentração entre os gigantes

Apesar do crescimento expressivo, o setor apresenta sinais claros de concentração. Quatro grandes plataformas, Mercado Livre, Shopee, Magalu e Amazon, dominam grande parte das transações online, enquanto novas entrantes, como Shein e Temu, ainda buscam espaço. A Magalu, que começou como loja de presentes nos anos 1950, registrou R$ 31 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2025, com quase 70% do total oriundo do e-commerce. O Mercado Livre atingiu US$ 12 bilhões no mesmo período, sendo US$ 7 bilhões relacionados às vendas online. Já a Amazon, combinando comércio eletrônico com tecnologia e streaming, registrou vendas líquidas globais de mais de US$ 320 bilhões, consolidando sua relevância.

A chegada de empresas internacionais trouxe novos modelos de atuação. A Shopee, de Singapura, chegou ao Brasil em 2019 e rapidamente se tornou estratégica, especialmente pela alta adesão a aplicativos e pelo potencial de empreendedorismo local. A plataforma avançou no modelo Local to Local, captando vendedores nacionais para atender o público brasileiro, reduzindo a dependência do cross-border e fortalecendo o ecossistema de pequenos e médios empreendedores.

Promoções constantes e desafios operacionais

Além do crescimento, as campanhas promocionais se tornaram constantes. Plataformas estruturam ações de descontos, cupons e frete grátis de forma contínua, praticamente reproduzindo o clima da Black Friday ao longo do ano. Essa lógica revela como a pressão por conversão e engajamento se mantém elevada, criando uma cultura de promoções permanentes que exige agilidade operacional.

O crescimento acelerado, porém, não está isento de desafios. Manter a base de consumidores ativa sem elevar os custos de marketing, crescer de forma sustentável e ampliar a infraestrutura logística são questões centrais. Com mais de dez centros de distribuição e 150 galpões pelo país, algumas plataformas mostram que logística eficiente deixou de ser diferencial para se tornar requisito básico de competitividade.

O cenário atual evidencia uma dualidade: o e-commerce brasileiro cresce de forma impressionante, mas se concentra em poucos players que controlam o ritmo do setor. Ao mesmo tempo, empresas que apostam em inovação operacional, atração de sellers locais e promoções inteligentes conseguem não apenas sobreviver, mas expandir participação. Para pequenos e médios empreendedores, a oportunidade existe, mas exige adaptação rápida, investimento em tecnologia e compreensão de um consumidor cada vez mais exigente e conectado.

Mais do que nunca, a expansão do e-commerce brasileiro mostra que tamanho e escala são importantes, mas eficiência, inteligência operacional e conexão com o consumidor definem quem lidera e quem apenas acompanha o mercado. A consolidação e a inovação caminham juntas, e o varejo que não equilibrar esses dois fatores corre o risco de ficar para trás.