O comércio eletrônico no Brasil segue em forte expansão. Desde 2018, a digitalização e a mudança no comportamento do consumidor impulsionam o setor, tornando-o central para o varejo nacional. Hoje, os consumidores não buscam apenas produtos, mas experiências, promoções e conveniência. Cupons, frete grátis e descontos tornaram-se parte do cotidiano, enquanto os marketplaces consolidaram presença, ampliando participação e moldando o mercado.

Mercado e concentração entre os gigantes
Apesar do crescimento expressivo, o setor apresenta sinais claros de concentração. Quatro grandes plataformas, Mercado Livre, Shopee, Magalu e Amazon, dominam grande parte das transações online, enquanto novas entrantes, como Shein e Temu, ainda buscam espaço. A Magalu, que começou como loja de presentes nos anos 1950, registrou R$ 31 bilhões em vendas no primeiro semestre de 2025, com quase 70% do total oriundo do e-commerce. O Mercado Livre atingiu US$ 12 bilhões no mesmo período, sendo US$ 7 bilhões relacionados às vendas online. Já a Amazon, combinando comércio eletrônico com tecnologia e streaming, registrou vendas líquidas globais de mais de US$ 320 bilhões, consolidando sua relevância.
A chegada de empresas internacionais trouxe novos modelos de atuação. A Shopee, de Singapura, chegou ao Brasil em 2019 e rapidamente se tornou estratégica, especialmente pela alta adesão a aplicativos e pelo potencial de empreendedorismo local. A plataforma avançou no modelo Local to Local, captando vendedores nacionais para atender o público brasileiro, reduzindo a dependência do cross-border e fortalecendo o ecossistema de pequenos e médios empreendedores.
Promoções constantes e desafios operacionais
Além do crescimento, as campanhas promocionais se tornaram constantes. Plataformas estruturam ações de descontos, cupons e frete grátis de forma contínua, praticamente reproduzindo o clima da Black Friday ao longo do ano. Essa lógica revela como a pressão por conversão e engajamento se mantém elevada, criando uma cultura de promoções permanentes que exige agilidade operacional.
O crescimento acelerado, porém, não está isento de desafios. Manter a base de consumidores ativa sem elevar os custos de marketing, crescer de forma sustentável e ampliar a infraestrutura logística são questões centrais. Com mais de dez centros de distribuição e 150 galpões pelo país, algumas plataformas mostram que logística eficiente deixou de ser diferencial para se tornar requisito básico de competitividade.
O cenário atual evidencia uma dualidade: o e-commerce brasileiro cresce de forma impressionante, mas se concentra em poucos players que controlam o ritmo do setor. Ao mesmo tempo, empresas que apostam em inovação operacional, atração de sellers locais e promoções inteligentes conseguem não apenas sobreviver, mas expandir participação. Para pequenos e médios empreendedores, a oportunidade existe, mas exige adaptação rápida, investimento em tecnologia e compreensão de um consumidor cada vez mais exigente e conectado.
Mais do que nunca, a expansão do e-commerce brasileiro mostra que tamanho e escala são importantes, mas eficiência, inteligência operacional e conexão com o consumidor definem quem lidera e quem apenas acompanha o mercado. A consolidação e a inovação caminham juntas, e o varejo que não equilibrar esses dois fatores corre o risco de ficar para trás.