Logo E-Commerce Brasil

O futuro do CX é pessoal, e a inteligência artificial é o que vai conectar tudo

Por: Natália Quadros

VP de Vendas Customer Experience para Brasil e MCLAC Sul na SAP

Natalia Quadros, ingressou na SAP em 2022 como Head of Growth e hoje ocupa a posição de VP de Vendas Customer Experience para Brasil e MCLAC Sul. Com formação em Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, possui especializações em Estratégia Internacional pela EADA de Barcelona e Comunicação Eficaz pelo MIT, além de MBAs em Marketing e Gestão da Experiência do Cliente pela ESPM. Atua diretamente na conexão de tecnologias com as necessidades do mercado aproximando as mais diversas indústrias da transformação digital. Conta com ampla experiência em inteligência artificial com uso de linguagem natural e fomenta iniciativas de dados e marketing em mais de 40 países.

Ver página do autor

Durante anos, discutir a experiência do cliente significou falar de omnichannel. Com o tempo, o setor evoluiu, conectando canais, integrando jornadas e ampliando pontos de contato. No entanto, o comportamento do cliente avançou em uma velocidade ainda maior, e os dados confirmam essa mudança.

Mulher sorrindo enquanto usa o celular ao ar livre, com prédios iluminados ao fundo ao anoitecer.
Imagem: SAP.

O relatório mais recente da SAP (Customer Loyalty Index) mostra que a fidelidade genuína caiu 5% em relação a 2024, registrando seu primeiro declínio em cinco anos. Além disso, 14% dos consumidores agora são classificados como “fiéis por tendência”, aqueles que respondem a estímulos momentâneos, tendências virais e conexões passageiras, não a relacionamentos estruturados.

Essa mudança explica por que o cliente vai além dos canais conectados e quer continuidade na experiência, reconhecimento imediato, proteção dos seus dados e interações planejadas com precisão.

Estamos entrando na era do omnipessoal, em que cada ponto de contato precisa refletir quem o cliente é naquele exato momento, e não apenas o que ele já fez no passado. Para entregar esse novo padrão, é preciso ir além das integrações tradicionais.

A experiência só se torna pessoal quando dados, tecnologia e estratégia operam em sinergia. É aqui que CRM, IA e os agentes de IA formam o novo núcleo operacional da experiência moderna, especialmente para quem busca escala, eficiência e competitividade.

CRM + IA: o ponto de orquestração da experiência omnipessoal

Se o omnichannel conectava canais, o omnipessoal conecta pessoas. E isso só é possível quando o CRM deixa de ser um banco de dados e passa a atuar como o sistema nervoso do CX, unificando informações, contextualizando comportamentos e alimentando decisões.

Com a chegada dos agentes de IA, essa orquestração se transforma profundamente. Ao contrário da automação tradicional, baseada em lógicas predefinidas, os agentes de IA analisam, planejam, executam e aprendem, permitindo que o CRM opere com mais inteligência e precisão. No geral, eles conseguem:

– criar planos de ação com base em objetivos, não apenas em regras;
– usar diferentes ferramentas e sistemas para executar tarefas completas;
– avaliar seus próprios resultados e melhorar continuamente;
– colaborar com outros agentes e com equipes humanas para resolver cenários complexos.

Essa capacidade expande a função clássica do CRM. Em vez de registrar eventos, ele passa a interpretá-los, ajustando jornadas, personalizações, prioridades e recomendações em tempo real.

Isso muda completamente a lógica de entrega de valor. A experiência deixa de depender do esforço humano constante e passa a ser resultado de uma estrutura inteligente, orquestrada e escalável.

Da automação ao relacionamento

A evolução para um CX omnipessoal exige mais do que ativar gatilhos. Exige contexto, leitura de momento e capacidade de antecipação. É exatamente o que os agentes de IA proporcionam quando operam dentro de um CRM unificado. Eles conseguem:

– reconhecer padrões comportamentais sutis;
– adaptar a comunicação ao estágio real do cliente;
– prever necessidades e orientar próximas ações;
– priorizar atendimentos com base em impacto esperado;
– resolver problemas autonomamente antes mesmo que o cliente perceba.

É uma mudança que impacta toda a cadeia de experiência.

No marketing, os agentes ajustam ofertas e narrativas em tempo real. No comercial, avaliam oportunidades com base em múltiplas variáveis. No atendimento, classificam solicitações, encontram soluções e reduzem esperas. Na operação, antecipam rupturas e sugerem ações corretivas. O resultado é um relacionamento muito mais coerente.

Dessa forma, a experiência deixa de ser uma sequência fragmentada e passa a refletir uma marca que conhece, entende e respeita o consumidor em escala. A fidelidade não nasce do benefício imediato, mas da consistência oferecida ao longo do tempo.

O CX do futuro é profundamente pessoal

A tecnologia não substitui o toque humano, mas vai ampliar a capacidade das marcas de agir com precisão, contexto e coerência. O que muda com a IA e os agentes inteligentes é que a personalização deixa de ser um esforço manual e se torna um sistema vivo, adaptativo e contínuo.

As empresas que estruturarem seu CRM com base em dados unificados, IA nativa e agentes inteligentes estarão posicionadas para entregar a experiência que o consumidor já espera: uma jornada que reconhece sua singularidade, respeita seu tempo e evolui junto com ele.

Esse não é apenas o futuro do CX, é o seu novo padrão. E quem dominar essa orquestração será também quem conquistará a próxima década de lealdade no e-commerce.