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Os impactos da evolução da IA generativa aos agentes de IA na experiência do cliente

Por: Natália Quadros

VP de Vendas Customer Experience para Brasil e MCLAC Sul na SAP

Natalia Quadros, ingressou na SAP em 2022 como Head of Growth e hoje ocupa a posição de VP de Vendas Customer Experience para Brasil e MCLAC Sul. Com formação em Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, possui especializações em Estratégia Internacional pela EADA de Barcelona e Comunicação Eficaz pelo MIT, além de MBAs em Marketing e Gestão da Experiência do Cliente pela ESPM. Atua diretamente na conexão de tecnologias com as necessidades do mercado aproximando as mais diversas indústrias da transformação digital. Conta com ampla experiência em inteligência artificial com uso de linguagem natural e fomenta iniciativas de dados e marketing em mais de 40 países.

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A experiência do cliente está vivendo um daqueles momentos de transformação em que as regras mudam, fazendo com que as empresas e as pessoas precisem se adaptar rapidamente. Esse movimento é alavancado pela tecnologia, mas ela não é o único motivo. A velocidade com que suas funcionalidades mudam a vida das pessoas influencia diretamente no que elas esperam quando vão comprar um produto ou um serviço de uma determinada marca.

Mulher usando smartphone com ícone de assistente de IA e balões de conversa em destaque.
Imagem gerada por IA.

Durante mais de uma década, a automação sustentou o atendimento ao cliente, apoiada em agilidade, eficiência e praticidade. No entanto, contar apenas com essas qualidades já não acompanha a complexidade das jornadas digitais. As empresas que seguem operando com a lógica de “responder bem” estão percebendo que o consumidor atual não quer só respostas rápidas, ele quer respostas para perguntas que ainda não verbalizou, mas já demonstrou nos seus comportamentos.

A corrida pela IA generativa deixou isso evidente. Um estudo feito pelo Gartner mostrou que, ao longo do ano de 2025, 85% dos líderes de atendimento planejaram testar ou até adotaram soluções generativas conversacionais em seu dia a dia. O movimento é massivo, mas ainda precisa de mais para garantir os melhores resultados no próximo ano.

Agentes de IA: a próxima evolução da automação

Um levantamento da McKinsey mostrou que as aplicações prontas, como resumos automáticos ou traduções instantâneas, representam apenas 3% a 5% do valor total disponível em operações de atendimento ao cliente. A IA generativa realmente melhorou a produtividade, mas não alterou a lógica central da jornada. E é por isso que o mercado está pronto para avançar ao próximo nível, para um futuro em que o protagonismo é dos agentes de IA.

Eles representam a primeira mudança estrutural desde o advento da automação no e-commerce. Não estamos mais falando de sistemas que replicam instruções, mas de entidades que interpretam, analisam, planejam e executam fluxos completos. Tom Taulli, autor de Building AI Agents, diz que a IA agêntica leva a generativa “a um novo patamar ao adicionar mais planejamento, raciocínio e execução”.

Essa autonomia transforma totalmente a experiência como a gente a conhece. A Harvard Business Review aponta que agentes autônomos conseguem entender intenções e emoções e “tomar decisões independentes” para resolver os problemas das pessoas. Isso significa que, em vez de reagir ao cliente, os agentes começam a agir nos bastidores, e a jornada deixa de depender do tempo humano.

Para as empresas, é a possibilidade de identificar um gargalo nos seus processos antes que ele se torne uma reclamação. Existe a chance de reestruturar um pedido antes que gere atrito. E até priorizar um atendimento antes que surja a percepção de lentidão. A jornada deixa de ser reativa e ganha uma nova dimensão ao operar de forma preditiva.

Colaboração humano-IA e os desafios da adoção

Isso inaugura um novo tipo de colaboração para líderes de marketing e vendas. Os agentes de IA assumem os fluxos que exigem velocidade, precisão e repetição. As equipes assumem o que exige estratégia, narrativa e relacionamento. Não é substituir pessoas, mas elevar o trabalho humano ao que realmente é importante para os negócios.

Esse avanço exige maturidade dos colaboradores. As pessoas precisam aprender a extrair todo o potencial que a tecnologia tem a oferecer, e isso demanda tempo e força de vontade.

Os relatórios da Deloitte mostram que os pioneiros em IA generativa estão ampliando investimentos em gestão de dados (75%) e segurança cibernética (73%), ao mesmo tempo que 58% ainda se preocupam com o uso de dados sensíveis e apenas 23% se consideram preparados para riscos e governança.

Vale lembrar que não existe agente inteligente performando se a estrutura é desorganizada.

A migração da IA generativa para agentes de IA inaugura uma jornada marcada por inteligência contínua, decisões que acontecem antes do problema e experiências que refletem o cliente em tempo real. Não se trata de “melhorar o atendimento”, mas de redesenhar como a empresa pensa e opera.

Na próxima década, as marcas mais admiradas serão as que conseguem transformar os dados, seus agentes e as informações das experiências das pessoas em um ecossistema único e totalmente capaz de evoluir ao ritmo do cliente.

Esse é o verdadeiro impacto da transição para agentes de IA. Uma mudança que melhora a experiência e reposiciona a empresa a outro patamar competitivo dentro do mercado.