Fim do ano é uma época de grandes negócios para o varejo, mas também para os fraudadores. Períodos com picos de transações digitais, como a Black Friday e o Natal, fazem com que o ambiente financeiro online se torne um terreno fértil para a atuação de golpistas. É a época em que eles se buscarem oportunidades únicas quanto de falhas na evolução dos sistemas de segurança e procedimentos das instituições para lidar com um grande volume de transações.

Um cenário semelhante ocorre no ambiente das criptomoedas durante ciclos de alta dos principais tokens. Com mais pessoas interessadas em transacionar esse tipo de ativo e obter ganhos consideráveis, os fraudadores aproveitam para testar novas abordagens e aumentar seus ganhos, o que é reforçado por uma vulnerabilidade ainda mais acentuada, favorecida por transações irreversíveis, ativos globais e anonimidade dos perfis, que criam condições ideais para golpes sofisticados.
É nesse cenário que a inteligência artificial (IA) se tornou uma ferramenta padrão na proteção de exchanges de criptoativos e, cada vez mais, vem sendo aplicada com sucesso também em outros players do ecossistema financeiro digital, incluindo bancos, fintechs e provedores de serviço de pagamento (PSPs) para detecção preditiva de fraudes. Essa abordagem vem sendo adotada até mesmo por órgãos públicos, como a Receita Federal, que utilizam a tecnologia para identificar e coibir fraudes de grande impacto a partir da análise de redes complexas e identificação padrões típicos dos fraudadores, o que ilustra bem o potencial da tecnologia frente às ameaças emergentes. Como as empresas e os fornecedores não têm pessoal suficiente para lidar com o tráfego, os sistemas de IA trabalham incansavelmente e detectam fraudes em tempo real.
Alterando o ritmo do ciclo
Essa evolução é ainda mais relevante quando consideramos que as táticas empregadas com mais frequência no universo cripto, como roubo de credenciais, engenharia social e manipulação de comportamento, já migraram para outros segmentos financeiros tão logo se provaram eficazes. Sempre que conseguimos encontrar rápidas respostas às inovações dos golpistas, invalidamos suas iniciativas, criando um ciclo de adaptação contínua entre atacantes e defensores, em que os últimos sejam os menos prejudicados possível.
Por isso, as soluções antifraude criadas para o mercado cripto se mostram valiosas para todos os setores da economia que transacionem valores relevantes de forma digital. Alguns exemplos de iniciativas amplamente utilizadas pelas exchanges, e que estão disponíveis para outras instituições financeiras que desejem adotar padrões elevados de detecção e combate às fraudes, são a detecção de padrões anômalos, a análise de comportamento e a verificação de identidade adaptativa, estratégias que têm ganhado relevância em qualquer contexto de transação digital de alto risco. Porque as técnicas, ferramentas e táticas usadas por fraudadores em um setor são rapidamente adaptadas para outros.
Inteligência adaptativa para momentos críticos
Aproveitar essa evolução de táticas se faz ainda mais relevante em períodos de alta demanda, como a Black Friday e as festas de final de ano, em que os sistemas tradicionais de detecção, baseados apenas em regras fixas, costumam falhar ao acompanhar o volume e a complexidade das tentativas de fraude.
Para líderes de risco, essa inteligência permite uma resposta proativa a comportamentos atípicos antes que causem prejuízos. Essas soluções, em vez de se basear em comportamentos simples mapeados, são capazes de detectar desvios de padrão com base em centenas de variáveis, aprender com o histórico de transações e feedbacks dos clientes, intensificar automaticamente o rigor da autenticação quando detectam risco elevado e permitir decisões em tempo real, reduzindo o tempo de resposta e evitando perdas.
A combinação entre IA e perfis comportamentais, sem a necessidade de revisões manuais que podem atrasar e gerar novas camadas de falha, não apenas melhora a precisão, mas também engaja os clientes no processo de inovação, adaptando as defesas às suas realidades. Os clientes podem simplesmente ser eles mesmos. E os algoritmos detectarão as anomalias.
Boas práticas para um ecossistema mais seguro
Para reduzir riscos em momentos críticos, empresas de todos os portes devem adotar soluções que englobem alguns dos padrões mais evoluídos do mercado de combate às fraudes, como a verificação de identidade adaptativa, a análise comportamental e biometria passiva, o monitoramento em tempo real com IA preditiva.
A isso devem se somar iniciativas que vão além da tecnologia, como a educação do cliente com alertas sobre golpes comuns e o fomento à cooperação entre players do mercado e órgãos reguladores. Essa junção de tecnologia e outras ações é essencial para garantir o equilíbrio entre segurança e experiência digital, evitando frustrações com falsos positivos e mantendo a confiança do usuário.
Em uma última análise, todos os players devem estar atentos ao que acontece no mercado como um todo, para garantir que estejam adotando as práticas mais eficientes. Por isso, os aprendizados do universo cripto são tão valiosos para todo o ecossistema financeiro digital, sobretudo em tempos de alta demanda, quando a capacidade de detectar e neutralizar fraudes em tempo real é um diferencial competitivo e uma necessidade estratégica.
A inteligência artificial, aliada a dados comportamentais e estratégias de verificação inteligente, representa o caminho mais promissor para um ambiente digital mais seguro, ágil e confiável e, por isso, deve ser prioridade para empresas que desejam proteger receita e reputação em períodos críticos como a Black Friday.