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IA no e-commerce: como se preparar para os novos formatos?

Por: Fabio Ludke

Fabio Ludke é o Gerente de YouTube no Ecommerce na Prática, a maior escola de e-commerce do mundo. Empresário, consultor de Ecommerce e mestre em engenharia, Fabio atua no e-commerce desde 2018.

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Quem trabalha com e-commerce já entendeu que a única certeza nesse mercado é a mudança. Mas a onda que está chegando agora tem um tamanho diferente…

A inteligência artificial está mexendo em tudo: desde a forma como escrevemos os títulos dos produtos até como o cliente descobre, compara e decide o que vai comprar.

Tablet exibindo assistente de IA com dois modelos de fones de ouvido e preços, em ambiente de escritório com monitores ao fundo.
Imagem gerada por IA.

Doug Herrington, CEO da Amazon Stores, resumiu bem numa fala do National Retail Federation (NRF): “Não tivemos uma revolução tecnológica tão grande desde o início da internet”.

E ele está certo. O que vemos agora é um mercado cheio de oportunidades para quem quer inovar e se conectar melhor com o cliente.

Vamos entender melhor esse assunto agora.

Como a IA já está fazendo diferença no e-commerce hoje?

Se tem uma coisa que se aprende rápido no e-commerce é que tecnologia boa é aquela que dá resultado de verdade. E a inteligência artificial já está mostrando, na prática, onde consegue gerar impacto.

Um estudo da Sellers Commerce mostra que organizações que adotam estratégias baseadas em IA geram, em média, 10% a 12% de receita extra.

Então, vamos ver alguns exemplos do que já vem sendo feito?

1. Otimização de títulos e descrições em marketplaces

A Amazon já começou a reescrever títulos de produtos em tempo real, adaptando o texto de acordo com o que o usuário está buscando no momento.

Isso significa que, se alguém procura “tênis para corrida leve”, por exemplo, o título mostrado pode destacar exatamente essa característica, mesmo que o título original fosse mais genérico.

Além disso, existe um detalhe técnico superimportante: no mobile, os primeiros 80 caracteres do título são os que realmente aparecem e chamam a atenção.

E se antes a regra era encher o título de palavras-chave, hoje isso está ficando para trás.

O algoritmo da Amazon, por exemplo, está cada vez mais focado em entender a intenção de busca do usuário e a relevância semântica do texto.

2. Assistentes conversacionais e busca inteligente

A forma como as pessoas buscam produtos na internet está mudando rápido. O cliente quer conversar, fazer perguntas complexas e receber respostas diretas.

Um exemplo disso é o Rufus, o assistente conversacional da Amazon, que está em teste nos Estados Unidos e que já responde a dúvidas como:

– “Qual whey protein é melhor para quem treina à noite?” ou
– “Posso usar esse molinete em água salgada?”

Para quem vende online, isso significa criar conteúdos e descrições que respondam às dúvidas reais do público, pensando em linguagem natural e na forma como as pessoas falam, e não só em palavras-chave.

3. Resumos automáticos de reviews

Se tem algo que influencia a decisão de compra no e-commerce, são as avaliações dos clientes.

    Uma pesquisa da BrightLocal, por exemplo, mostrou que 74% verificam pelo menos dois sites de avaliação antes de decidir comprar.

    Mas a verdade é que pouca gente tem tempo, ou paciência, para ler centenas de comentários.

    Na Amazon, por exemplo, a IA já consegue resumir milhares de reviews em poucos pontos-chave, destacando coisas como “tecido leve”, “veste justo” ou “bom para dias frios”.

    4. Ajuste fino de tamanho e personalização

    Mesmo com tabela, foto e descrição, muita gente compra sem ter certeza e acaba devolvendo.

      Esse é um dos maiores desafios de quem vende moda online, por exemplo…

      Mas a Amazon já criou modelos que cruzam tabelas de medidas de diferentes marcas com padrões de compra e dados de devoluções.

      Com isso, consegue indicar não só o tamanho mais provável, mas detalhes como “essa peça fica mais justa na cintura” ou “as mangas são mais curtas”.

      Para quem trabalha com e-commerce, isso significa menos trocas e uma experiência muito mais personalizada para cada cliente.

      5. Prevenção a fraudes e eficiência operacional

      Nem tudo na IA está só na parte visível para o cliente. Nos bastidores, ela está ajudando a resolver problemas que sempre tiraram o sono de quem vende online, como fraudes e avaliações falsas.

        Muitos marketplaces e gateways de pagamento, por exemplo, já usam IA para identificar padrões suspeitos e bloquear golpes antes que eles aconteçam.

        E o que vem por aí? Os formatos de varejo impulsionados por IA

        Se a IA já está transformando o jeito como a gente vende hoje, o que vem pela frente promete mexer ainda mais com o e-commerce.

        Estamos começando a ver não só ferramentas novas, mas também formatos de varejo que nem existiam até pouco tempo atrás.

        IA como “conselheira” e a mudança do SEO

        Durante muito tempo, fazer SEO era basicamente escolher as palavras-chaves certas e repeti-las ao longo do conteúdo.

        Só que agora a IA está assumindo um papel muito maior: ela virou quase uma conselheira do consumidor.

        A gente vê isso acontecer, por exemplo, com as AI Overviews do Google e os famosos featured snippets.

        Em vez de só mostrar uma lista de links, a IA já entrega uma resposta pronta, como se fosse uma conversa. E, muitas vezes, essa resposta é tudo o que o usuário quer. Tanto que, segundo estudo do Ahrefs, as overviews de IA podem diminuir os cliques de um site em até 34,5%.

        Mas o que isso significa na prática? Basicamente, que o foco deixou de ser apenas ranquear bem para uma palavra-chave. Agora, é preciso criar conteúdos que a IA consiga entender, resumir e usar como fonte confiável. Ou seja: conteúdos profundos, claros e que passem autoridade.

        Personalização extrema: do produto ao relacionamento

        A IA está começando a entender cada detalhe do comportamento do cliente:

        – O que ele vê;
        – O que coloca no carrinho;
        – E até o horário em que costuma comprar.

        Com isso, fica possível criar experiências totalmente personalizadas, desde ofertas específicas até vitrines diferentes para cada pessoa.

        Já imaginou um site que muda os produtos em destaque dependendo de quem está navegando? Isso já está acontecendo e vai ficar cada vez mais comum.

        Novos canais e experiências de compra

        Se tem algo que a inteligência artificial está trazendo para o e-commerce, são caminhos totalmente novos para vender. E um exemplo superatual é o chamado ChatGPT para e-commerce.

        Funciona assim: alguém digita no ChatGPT algo como “quero um fone de ouvido de boa qualidade até R$ 200”. O robozinho de busca da OpenAI, chamado OAI Search Bot, vasculha a internet e traz produtos relacionados. E se a sua loja estiver configurada para ser lida por ele, seus produtos podem aparecer ali.

        Quer saber como deixar seus produtos visíveis para o OAI Search Bot? É simples:

        – Acesse o navegador e digite o endereço do seu site seguido de /robots.txt (por exemplo, www.sualoja.com.br/robots.txt);

        – Copie o conteúdo que aparecer;

        – Vá até o ChatGPT e pergunte: “Meu site está liberado para o ChatGPT Shopping?”, e cole o conteúdo do robots.txt;

        – O ChatGPT vai analisar e dizer se seu site permite o acesso do OAI Search Bot, mostrando o que está liberado ou bloqueado.

        Vale lembrar: o ChatGPT Shopping ainda não finaliza a compra dentro da conversa. Ele direciona o cliente para sites como Amazon, Mercado Livre ou para a sua loja, onde a venda realmente acontece.

        E, embora ainda esteja em testes no Brasil, já é hora de se preparar, preenchendo o cadastro da OpenAI.

        Imagem: Reprodução.

        Como preparar seu e-commerce para essa nova era?
        Ver tudo isso acontecendo pode parecer empolgante, mas também dá aquele frio na barriga: por onde começar?

        A boa notícia é que dá, sim, para se preparar de forma prática e estratégica. Não é preciso implementar tudo de uma vez, mas quem começar agora já vai sair alguns passos na frente.

        Vamos ver o que faz sentido colocar no radar?

        1. Comece pelo conteúdo e SEO inteligente

        O primeiro passo é olhar para o seu conteúdo.

          Hoje, a IA valoriza textos em linguagem natural, que soem como conversa e realmente respondam às dúvidas do cliente.

          E não dá para esquecer do E-E-A-T: mostrar experiência, autoridade e confiança é o que faz a IA te escolher como fonte quando o cliente procura respostas.

          2. Invista em dados próprios e na integração dos canais

          No e-commerce, os dados próprios são um dos maiores ativos que você pode ter.

            Ter sua loja própria permite conhecer melhor quem compra de você, entender hábitos, preferências e criar experiências muito mais personalizadas.

            Mas isso não quer dizer abandonar os marketplaces. Eles podem ser um ótimo funil de aquisição, trazendo clientes novos e visibilidade rápida.

            3. Teste, meça e ajuste sempre

            Trabalhar com IA no e-commerce é ter claro que errar faz parte.

              Até a Amazon, que é gigante, vive testando e ajustando tudo o tempo todo. O importante é não ficar parado esperando a solução perfeita.

              Para isso, conte com ferramentas que ajudem a medir o impacto da IA: métricas de conversão, engajamento, tempo no site, performance de SEO… tudo isso precisa entrar no radar.

              Quanto mais dados você tiver sobre o que está funcionando ou não, mais rápido consegue corrigir a rota e aproveitar as oportunidades.