Esqueça a época do “mato alto”.
Conforme acompanhamos pelos eventos pelo setor e pelos dados da indústria, o Brasil vive sua plena maturidade no setor do comércio eletrônico. Uma maturidade feita da convivência e da efervescência dos grandes players e dos precursores, com novos entrantes oriundos de diferentes mercados globais (sobretudo da Ásia, mas também da América Latina), com o dinâmico setor de tecnologias e serviços – agora ainda mais acelerado pela IA – e, principalmente, com a volumosa massa de pessoas e empresas colocando seus produtos, serviços e experiências à venda pelos marketplaces ou até mesmo em suas plataformas dedicadas.

Me recordo do Romero Rodrigues, anos atrás, falando de uma época ainda mais longínqua em que, para exibir, vender, receber, entregar e atender, era necessário criar sistemas nativos para vitrine, sistemas de pagamento e recebimento, sistemas, processos e parcerias para entregas, e sistemas e processos para atendimento ao cliente…
Bem, você entendeu… em vez do “mato alto”, agora está tudo à mão – os componentes estão prontos e, ao que tudo indica, nem mesmo fabricar seu próprio produto ou entregar o seu próprio serviço é realmente obrigatório.
Mais do que nunca, o e-commerce é um jogo aberto
Para jogar o jogo do e-commerce atual, basta querer e dar os primeiros passos, e isso vale tanto para empresas como para empreendedores, em estágios iniciais ou intermediários de maturidade, mas que tenham interesse real de entrar nesse jogo. Isso traz benefícios claros – o crescimento do mercado sendo o mais óbvio, mas também a competitividade do setor – e também algumas preocupações, como os riscos de segurança, as falhas de serviço e a saturação das plataformas.
Não nos cabe aqui arbitrar sobre os riscos e benefícios, apenas entender que o momento de expansão atual deverá nos apresentar algumas instabilidades. Se por um lado a “grama” do nosso e-commerce está perfeitamente aparada igual à dos grandes templos do futebol mundial, por outro lado nesses gramados verdes e bem aparados fica evidente a demanda por bons jogadores e ótimos jogos.
Fácil de entrar mas… como se manter na primeira divisão?
Os players do e-commerce moderno, municiados por uma infraestrutura jamais vista, barata, integrada e escalável, têm a quase obrigação de jogar bonito (para o cliente final). Quem não tem mais o desafio de erguer o backend pode investir recursos em entender o cliente: como cativá-lo, como atendê-lo, como criar experiências diferenciadas para segmentos distintos e customizar o atendimento para diferentes necessidades de produtos e serviços, entre outros.
Ainda na analogia futebolística: se o gramado está tão bem aparado, a bola está redonda e até as traves e a rede do gol estão brilhando, agora é hora de prestar atenção se o consumidor também consegue ter uma experiência segura de escolha, de compra, de atendimento no estádio e ao redor como um todo. O espetáculo só será perfeito quando for igualmente bom para os jogadores e para os torcedores, certo?
Mais do que isso: nesse momento em que observamos a universalização do e-commerce, tanto no lado dos compradores como na ponta dos vendedores, é previsível que os setores de comércio eletrônico e serviços digitais passem por uma qualificação progressiva, uma peneira. Se por um lado está mais fácil de entrar, por outro será mais difícil ficar e crescer sem o desenvolvimento das competências-chave como centralidade do cliente, eficiência de processos, planejamento estratégico, gestão de marca e reputação, entre outras.
Conclusão: de volta ao campo dos negócios
Deixando de lado a analogia esportiva-futebolística e aterrissando na realidade dos negócios e do empreendedorismo, o e-commerce brasileiro desponta como uma força motora de desenvolvimento para as mais diversas indústrias, com presença em todas as regiões do país, beneficiando o desenvolvimento regional e impulsionando toda a cadeia de valor. Com provedores de tecnologia e serviços capazes de atender nas escalas de volume e de valor, aliados a uma saudável mistura de maturidade local com o uso de integrações e padrões globais, além de um contexto de tecnologia e mercado favorável, a oportunidade é iminente. Se você ainda não está no jogo, prepare suas chuteiras e se aqueça – o momento é de entrar, investir, inventar e experimentar a criação de novas marcas, produtos, serviços, experiências e propostas de valor.
Nota: o artigo é de cunho pessoal e reflete exclusivamente a opinião do autor, não representando a opinião de empresas ou organizações em particular.
Nota sobre a imagem: imagem ilustrativa.
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