A digitalização das empresas brasileiras acontece de forma gradativa, mas ainda com gargalos envolvendo dados e o tratamento deles. Essa e outras constatações são do 2º Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr), produzido pela PwC Brasil em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), especificamente o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais.
Com uma escala de 10 dimensões da Transformação Digital, a pesquisa mostrou crescimento das empresas brasileiras em oito. Numa pontuação média que indica essa evolução, de 1 a 6, o salto foi de 3,3, identificado na primeira edição da ITDBr, para 3,7 neste ano.
De forma geral, o estudo identificou mais importância dada às tecnologias e inovações digitais pelos tomadores de decisão. Contudo, identifica um nível mediano de maturidade digital no Brasil.
“A tecnologia, historicamente, e como um dos habilitadores importantes da transformação digital, evolui para aumentar a eficiência do trabalho e impulsionar novos negócios e serviços. Hoje, o que vemos com a disseminação e avanço rápido das tecnologias de inteligência artificial generativa é exatamente isso. Observamos nesta edição da pesquisa um salto muito grande no índice de IA, o que já era esperado, mas com foco principalmente em eficiência. Afinal, a IA generativa democratizou o uso da inteligência artificial na força de trabalho, promovendo uma eficiência mais ampla e massiva e alcançando diretamente o usuário final”, pontua Denise Pinheiro, sócia da PwC Brasil.
Saldo positivo
Dentre as dez dimensões analisadas, a Inteligência Artificial e a Fronteira Tecnológica evoluíram de forma significativa – com destaque para o tema de IA, saindo de 2,4 na 1ª edição para 3,6 nesta segunda. Das organizações consultadas, 20% delas apontou a ferramenta como a principal tecnologia de fronteira adotada, o que indica que as empresas têm investido consideravelmente neste tipo de solução – a robótica (12%) e a Internet das Coisas (IoT) (9%) vêm em seguida e são usadas, respectivamente, para otimização de processos e conexão de dispositivos em tempo real.
Já a fronteira tecnológica saltou de 2,3 para 3,9, dimensão que consiste em explorar inovações em áreas como nanotecnologia, biotecnologia e outras com potencial transformador. Por meio da adoção de uma determinada técnica, uma empresa pode revolucionar setores inteiros e impulsionar avanços significativos, ultrapassando os limites do conhecimento atual.
O crescimento pode ser explicado pela pergunta: “Na sua organização, existem projetos em andamento para o uso de tecnologia blockchain?”. Ao analisar as respostas qualitativas, 8% indicaram Blockchain como a principal tecnologia de fronteira adotada. Além disso, esse aumento pode ser atribuído ao setor de Construção e Infraestrutura.
Dá para melhorar
Na dimensão “decisões orientadas por dados”, que mede a cultura data-driven das organizações, o índice indica uma pequena queda de 3,9 em 2023 para 3,5 em 2024 e que pode ser explicada pelos resultados da pergunta: “Na sua organização, existe foco para a gestão de dados em infraestrutura cloud e com foco em maior conectividade de equipes?”. Ao analisar as respostas qualitativas, essa redução pode ser atribuída a empresas que ainda não implementaram ou estão em processo de implementação da infraestrutura.
Além disso, na pergunta “Quais seriam as oportunidades de melhoria observadas sobre o desenvolvimento de uma cultura data-driven para a transformação digital na sua organização?”, muitos respondentes indicaram a necessidade de capacitação e desenvolvimento e disseminação das decisões orientadas por dados.
ESG
Pouco mais da metade (55%) das organizações avalia os impactos da transformação digital em sua estratégia ESG . No entanto, 40% ainda não utilizam tecnologia nesta área, indicando que há grande oportunidade de alinhamento entre as práticas digitais e a responsabilidade social e ambiental.
Observa-se que a grande parte dos respondentes (48%) respondeu “não” quando perguntados se “existe a adoção de tecnologias digitais para a mitigação de riscos e práticas ESG envolvendo todos os stakeholders”. No entanto, 44% (totalmente ou parcialmente) responderam “sim”, enquanto 8% afirmaram estar com ações em desenvolvimento por reconhecerem a importância dessa integração.
Ainda em relação aos temas ESG, 46% das empresas não integraram completamente as competências de tecnologia digital com as áreas relacionadas à responsabilidade social, ambiental ou de governança. Pode-se atribuir este espaço a desafios como mudanças culturais, necessidade de investimentos e falta de conscientização sobre o tema.
Entretanto, 41% das empresas já adotam essas práticas, o que indica que o alinhamento estratégico entre transformação digital e ESG teve início nas organizações que estão preocupadas em priorizar este tema.
O índice observa que, no mercado, muitas empresas ainda adotam uma abordagem ESG mais preocupada com a elaboração de relatórios atraentes do que com a implementação de ações concretas que gerem resultados tangíveis, este comportamento se reflete na maturidade digital que elas demonstram neste levantamento.
O estudo teve a contribuição de 100 grandes e médias empresas brasileiras, incluindo startups, de segmentos diversos. Como metodologia, o Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr) sistematizou a avaliação do progresso em transformação digital nas empresas, monitorando a evolução e trazendo orientações para empresas, governos e sociedade.