No varejo online, algumas datas não admitem falhas. À medida em que nos aproximamos de algumas das principais datas para o comércio eletrônico brasileiro, como a Black Friday e o Natal, torna-se prioritário prepara adequadamente a infraestrutura para lidar com dias específicos que concentram os maiores volumes de pedidos do ano – qualquer instabilidade nesses momentos pode custar milhares de reais e, pior, a confiança do cliente.

Nos últimos anos, vimos empresas conhecidas no país enfrentarem transtornos por não estarem preparadas para esses picos de demanda: atrasos, quedas, carrinhos travados, filas virtuais mal dimensionadas. E os consumidores não perdoam. Segundo dados da Ebit|Nielsen, mais de 70% dos brasileiros abandonam uma compra quando enfrentam lentidão ou instabilidade.
Nos anos em que atuamos no e-commerce brasileiro, já foi possível notar que datas sazonais podem elevar o tráfego em até 20 vezes. Para garantir que tudo funcione sem interrupções, é primordial contar com um time de tecnologia capaz de endereçar as questões de forma flexível, capaz de ampliar e depois reduzir a infraestrutura conforme a necessidade, sem desperdício e sem riscos.
Com base nos aprendizados obtidos, compartilho cinco recomendações práticas para preparar sua operação para grandes picos de demanda e evitar os erros mais comuns cometidos por e-commerces.
1. Planeje com antecedência e por etapas
Escalar em cima da hora é uma aposta arriscada. Começamos sempre com um plano estruturado, dividido por fases:
– 30 dias antes da data;
– 15 dias antes;
– 3 a 4 dias antes;
– 1 dia antes.
Em cada etapa, definimos ações específicas, responsáveis e possíveis gargalos. Para isso, o alinhamento entre o time de infraestrutura, DevOps e desenvolvimento é essencial. Todos precisam saber o que fazer e quando agir.
2. Projete a demanda – e depois dobre a estimativa
O volume de pedidos aumenta ano após ano. Por isso, sempre combinamos dados históricos com informações do marketing e projeções de campanhas pagas.
Se esperamos um pico de 20 vezes, nos preparamos para 40. Esse “colchão” permite reagir a imprevistos sem comprometer a operação. Com serviços em nuvem, conseguimos aumentar capacidade rapidamente e reduzir depois, sem manter recursos ociosos.
Antes disso, mapeamos toda a infraestrutura: servidores, aplicações, integrações e banco de dados. Só assim conseguimos prever onde o crescimento vai pressionar mais o sistema.
Também aplicamos uma regra simples: todo erro deve ser analisado em escala. Se algo pode acontecer 20 vezes mais no pico, precisa ser resolvido antes.
3. Proteja o time técnico de demandas paralelas
Não há como preparar a casa enquanto novos cômodos estão sendo construídos. Nos períodos de preparação, criamos um time interno 100% dedicado à performance, livre de solicitações comerciais ou novas funcionalidades.
Um mês antes da data crítica, iniciamos um “congelamento de features”. Nada de implementar novidades em código ou banco de dados. Uma mudança mal planejada pode derrubar o sistema justamente quando o custo do erro é 30 vezes maior.
Aqui, seguimos o princípio de Pareto: otimizar 20% dos gargalos costuma resolver 80% dos problemas de performance.
4. Identifique gargalos e faça otimizações cirúrgicas
Monitoramos cada parte da infraestrutura separadamente para entender o desempenho de forma granular: servidores, filas, banco de dados, APIs e integrações com parceiros logísticos ou meios de pagamento.
Ferramentas de monitoramento em tempo real e logs agregados ajudam a localizar falhas, lentidões e pontos de consumo anormal de recursos.
Quando o volume aumenta, os gargalos ficam evidentes, mas é antes disso que eles devem ser atacados.
5. Realize testes de estresse reais
Testes de carga precisam simular o comportamento do cliente, e não apenas números. Criamos cenários que reproduzem navegação, busca de produtos, login, checkout e notificações.
Começamos testando dez vezes o tráfego normal e usamos ferramentas que reproduzem uma hora de uso em poucos minutos. A partir dos resultados, ajustamos o que for necessário para que o sistema suporte a pressão e, se possível, mais do que o previsto.
No dia D, coordenação é tudo
Em datas de pico, organização e comunicação valem tanto quanto capacidade técnica. Elaboramos uma escala clara, com responsáveis por cada área e um líder que acompanha tudo em tempo real. Quando um componente se aproxima do limite – 80% de uso, por exemplo -, a ação precisa ser instantânea.
Mesmo trabalhando de forma remota, utilizamos múltiplos canais de comunicação: Slack no dia a dia, Telegram e telefone para emergências. Isso evita silos e acelera a resposta a qualquer alerta.
Grandes volumes são oportunidades, não ameaças
Mais tráfego significa mais negócios. Mas sem infraestrutura preparada, o que poderia ser um recorde se torna um prejuízo. Investir em escalabilidade e monitoramento não é custo técnico: é estratégia comercial.
Datas como Dia das Mães, Black Friday e Natal movimentam bilhões no e-commerce brasileiro. Estar pronto para elas é proteger a reputação da marca, garantir a receita e fortalecer o relacionamento com o cliente.
A tecnologia certa, combinada com planejamento, previsibilidade e foco, transforma pressão em crescimento.