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Brasil, o novo epicentro do e-commerce global

Por: Fernando Cabral

Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust

Fernando Cabral é especialista em marketing e publicidade digital, com mais de 16 anos de experiência, focado em impulsionar o crescimento de empresas renomadas como Salesforce, ExactTarget e Vagas.com. Com uma abordagem centrada no cliente, ele se dedica a compreender suas necessidades e estratégias, criando soluções que atendem de forma eficaz às demandas comerciais. Além disso, possui sólida experiência em atendimento ao cliente, desenvolvimento de negócios e expansão de mercado. Atualmente, Fernando ocupa o cargo de Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust, onde está há mais de cinco anos. Seu trabalho tem sido fundamental na transformação do setor de Mobile Marketing, colocando o cliente no centro das estratégias e utilizando insights valiosos para aprimorar o entendimento e comportamento dos aplicativos móveis.

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Ao longo da minha trajetória acompanhando a evolução do varejo digital, raramente testemunhei uma realidade tão viva quanto o Brasil de hoje: o país se consolidou como o novo epicentro do e-commerce mundial. O que nos posiciona de forma tão destacada é a confluência de um grande crescimento com a voracidade do consumidor brasileiro por plataformas digitais.

Bandeira do Brasil sendo segurada à mão diante de um lago com montanhas ao fundo.
Imagem: Freepik.

Com um faturamento de R$ 204,3 bilhões em 2024 e uma projeção de crescimento para R$ 234,9 bilhões em 2025, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o setor demonstra números que, por si só, explicam o olhar atento do mercado global.

No entanto, o que verdadeiramente fascina os players internacionais é o comportamento do nosso consumidor. Dados do relatório “The Shopping App Insights Report: 2025 Edition” da Adjust, que acompanho de perto, mostram que lideramos na América Latina com um aumento de 48% nas instalações de apps de compras e 38% nas sessões (período de interação de um usuário com um aplicativo).

O mais impressionante, e que sempre enfatizo, é o nosso engajamento inicial: somos o povo que mais explora um aplicativo logo após o download, com 1,39 sessões por usuário já no primeiro dia. Isso é um sinal claro de uma audiência curiosa e disposta a comprar.

O desafio da concorrência e o caminho da inovação

E esse apetite, sem dúvidas, não passa despercebido pela concorrência internacional – a fatia abocanhada por varejistas estrangeiros, principalmente os asiáticos, é significativa e crescente. Segundo dados da edição de junho do Relatório Setores do E-commerce no Brasil, cinco dos dez maiores e-commerces em operação no Brasil já são de fora. Apenas como exemplo, a Shopee ultrapassou a Temu e retomou o 2º lugar do Top 10.

A força dessas empresas reside na sua capacidade de operar com custos menores e, consequentemente, oferecer preços mais agressivos. Elas chegam com estratégias robustas, seja com operações próprias ou no modelo cross-border, testando o terreno antes de uma nacionalização completa.

Para as empresas brasileiras, o cenário é desafiador, mas longe de ser intransponível. Na minha experiência, a resposta está na inovação e na diferenciação. A diversificação de serviços, como o Magalu (que ocupa a 9ª posição do ranking) tem feito com sua plataforma em nuvem e carteira digital, é um caminho promissor.

Nesse contexto, a inteligência artificial tem desempenhado um papel transformador em todo o funil de vendas, desde a geração criativa até a segmentação preditiva e a modelagem de atribuição. A IA permite decisões mais rápidas e inteligentes em escala, aumentando a eficiência e a precisão das estratégias.

A inovação também está remodelando o caminho para a compra e para a manutenção daquele cliente. O comércio rápido redefine expectativas de experiência do usuário, enquanto tecnologias como o comércio por voz ganham espaço entre geração Z e millennials. Chatbots com IA vêm impulsionando taxas de conversão, e marcas DTC (direct-to-consumer) com foco mobile apostam cada vez mais em aplicativos para capturar dados primários e aumentar o valor do tempo de vida do cliente (LTV). Trata-se de um novo paradigma, no qual agilidade, personalização e integração digital são elementos centrais para garantir a retenção de clientes e competir em alto nível.

Somos um mercado de enorme potencial, mas também um campo de batalha em que a competição é acirrada. Para o varejista nacional, a chave para o sucesso não está apenas em surfar a onda do crescimento, mas em inovar constantemente, entender a fundo o consumidor e fortalecer seus diferenciais para não apenas competir, mas para vencer neste novo cenário globalizado.