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Mais que dados, a nova era dos apps exige uma nova inteligência

Por: Fernando Cabral

Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust

Fernando Cabral é especialista em marketing e publicidade digital, com mais de 16 anos de experiência, focado em impulsionar o crescimento de empresas renomadas como Salesforce, ExactTarget e Vagas.com. Com uma abordagem centrada no cliente, ele se dedica a compreender suas necessidades e estratégias, criando soluções que atendem de forma eficaz às demandas comerciais. Além disso, possui sólida experiência em atendimento ao cliente, desenvolvimento de negócios e expansão de mercado. Atualmente, Fernando ocupa o cargo de Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust, onde está há mais de cinco anos. Seu trabalho tem sido fundamental na transformação do setor de Mobile Marketing, colocando o cliente no centro das estratégias e utilizando insights valiosos para aprimorar o entendimento e comportamento dos aplicativos móveis.

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Com a minha vivência acompanhando o mercado de tecnologia, aprendi que os números raramente mentem. E ainda mais: eles são capazes de se transformar em histórias. E a narrativa que os dados do nosso Mobile App Growth Report: 2025 Edition contam é super interessante: o centro de gravidade do crescimento de aplicativos está se movendo, e a América Latina deixou de ser coadjuvante para assumir um papel de protagonista.

Mão segurando smartphone com vários apps diante de um notebook com gráficos.
Imagem gerada por IA.

E, para entender a profundidade desse movimento, nós precisamos primeiro olhar para a metodologia por trás do nosso Growth Score. O relatório formatou essa pontuação, que vai de 0 a 100, com base na análise do desempenho de mais de cinco mil aplicativos durante o primeiro semestre de 2025. O que a torna tão relevante é que ela não só mede o volume de instalações, que tem um peso de 40%, mas também avalia a eficiência de custos (20%), o engajamento medido por sessões por usuário (20%) e a retenção (20%).

Com essa metodologia em mente, os dados se tornam ainda mais reveladores. Enquanto mercados como a América do Norte mostram sinais claros de saturação, com um crescimento mais lento (score de 27,3), a América Latina tem uma força diferente, marcando 30,5, acima da média global, que foi de 29,2.

Vale lembrar que a região é um dos mercados mais importantes do mundo. Segundo o Americas Market Intelligence, são mais de 413 milhões de usuários de internet móvel, o que representa 64% de penetração digital. Para mim, essa não é apenas uma estatística, mas um sinal claro de onde estão as oportunidades no momento.

E o que mais chama a atenção é ver três dos nossos vizinhos no ranking dos dez países que mais crescem no mundo: a Argentina em 3º lugar (34,9), a Colômbia em 4º (34,5) e o Brasil em 9º (30,2), refletindo o potencial de protagonismo no mercado do qual eu falei um pouco acima.

Na região, os apps de Jogos são os mais populares, tendo crescido 32,4%. E logo atrás aparecem os aplicativos de Publicações (29%), Entretenimento (25,5%) e Utilities (21,9%). Quando o assunto é o mercado brasileiro, o setor de aplicativos de Viagem é o que mais se sobressai.

Com o avanço do turismo interno e a digitalização das reservas, os apps de Viagem abrem oportunidades para o setor incorporar elementos de gamificação, conteúdo interativo e experiências personalizadas, ampliando engajamento e fidelização. Há também espaço para parcerias estratégicas com plataformas de entretenimento e utilities, integração de serviços complementares (como transporte, aluguel e seguros), além de inovação em modelos de negócio, como trocas de casas e turismo sustentável.

Em conjunto, essas tendências reforçam o potencial dos apps de viagem como hubs completos para um público cada vez mais digital, conectado e ávido por conveniência. Como dá para perceber, as oportunidades são as mais diversas! Mas como colocá-las em prática?

O papel da inteligência artificial

Se os dados são o novo petróleo, muitos profissionais de marketing estão se afogando nele. O que tenho visto hoje é que o desafio para os profissionais de marketing hoje não é a falta de dados, mas sim saber quais são os sinais mais importantes.

É exatamente aqui que a inteligência artificial (IA) entra como uma aliada indispensável. Com tantas variáveis na mesa, como instalações, custos, engajamento e retenção, a capacidade estratégica e criativa de quem lida com um app no dia a dia é bem limitada.

Como uma equipe de marketing pode otimizar campanhas de forma simultânea e em tempo real? A IA consegue analisar uma imensidão de dados para identificar padrões e otimizações que seriam praticamente impossíveis de encontrar manualmente.

A aplicação da IA no marketing, no entanto, vai além da simples análise. Ferramentas do tipo já permitem a automação e otimização de campanhas em tempo real, direcionando investimentos para os canais e criativos que entregam os melhores resultados com base nos objetivos definidos.

Soluções mais recentes, como assistentes de IA que respondem a perguntas de negócio em linguagem natural, prometem democratizar o acesso a insights complexos, permitindo que os times de marketing tomem decisões mais rápidas e inteligentes.

A IA se torna, assim, a ponte entre a complexidade dos dados apresentada no relatório e a execução de estratégias de crescimento eficazes.