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O futuro do marketing é mais humano graças à IA

Por: Fernando Cabral

Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust

Fernando Cabral é especialista em marketing e publicidade digital, com mais de 16 anos de experiência, focado em impulsionar o crescimento de empresas renomadas como Salesforce, ExactTarget e Vagas.com. Com uma abordagem centrada no cliente, ele se dedica a compreender suas necessidades e estratégias, criando soluções que atendem de forma eficaz às demandas comerciais. Além disso, possui sólida experiência em atendimento ao cliente, desenvolvimento de negócios e expansão de mercado. Atualmente, Fernando ocupa o cargo de Diretor de Novos Negócios para a América Latina na Adjust, onde está há mais de cinco anos. Seu trabalho tem sido fundamental na transformação do setor de Mobile Marketing, colocando o cliente no centro das estratégias e utilizando insights valiosos para aprimorar o entendimento e comportamento dos aplicativos móveis.

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Um dado recente do Panoramas RD Station 2025 me chamou a atenção: 58% das empresas brasileiras já aplicam inteligência artificial em suas operações de marketing e vendas. O relatório aponta que os usos mais comuns são a criação de conteúdo, a personalização de campanhas e, mais importante, o planejamento estratégico e a análise de dados. Esse número não apenas confirma que a IA deixou de ser uma promessa distante para se tornar uma realidade operacional, mas também revela uma verdade mais profunda.

Homem usando laptop em ambiente moderno, com hologramas de gráficos e ícone de inteligência artificial ao fundo.
Imagem gerada por IA.

Enquanto muitas empresas se concentram nos ganhos de produtividade imediatos, tenho visto que essas aplicações são apenas a superfície. A verdadeira mudança não está no que a IA faz por nós, mas em como ela nos força a pensar. A questão não é mais se a IA vai tomar nosso lugar, mas como devemos nos reinventar diante de uma ferramenta que redefine o próprio conceito de valor no setor.

A verdadeira revolução da IA

Quem atua na área há algum tempo se lembra bem da rotina: horas a fio mergulhado em planilhas, passando horas em incontáveis planilhas de dados para tentar encontrar uma agulha no palheiro: aquele insight que poderia justificar o investimento ou mudar o rumo de uma campanha. Era um trabalho reativo, focado em entender o que já tinha acontecido.

Hoje, a IA já é capaz de entregar essa resposta em uma bandeja em segundos. A queda na performance de uma campanha, o cansaço de um criativo ou a correlação entre um canal e a conversão; essa análise de dados, citada como uma das principais aplicações da tecnologia, tornou-se commodity.

A máquina executa a tarefa com uma velocidade e precisão que jamais alcançaremos. É aqui que o pânico de alguns começa, mas é onde a oportunidade floresce. Na minha experiência, a qualidade de uma campanha impulsionada por IA é diretamente proporcional à qualidade dos questionamentos e do contexto que a equipe humana fornece à ferramenta.

As novas habilidades essenciais

A habilidade mais valiosa no marketing moderno deixou de ser a capacidade de encontrar a resposta e passou a ser a arte de fazer as perguntas certas – como “por quê?” e “e agora?” – e agir de acordo com as respostas. Tudo em tempo real.

A máquina pode apontar que um criativo em uma rede está performando bem. O profissional vai além do dado. Ele investiga o porquê daquele sucesso e decide a estratégia de expansão, questionando se deve escalar o criativo para outras redes ou se há um contexto de mercado que a ferramenta ignora. A máquina detecta o padrão; o humano gerencia o risco e capitaliza a oportunidade.

O que observo nas equipes mais bem-sucedidas é a criação de uma simbiose. Elas usam a IA como um copiloto para testar hipóteses e automatizar o trabalho pesado, liberando o recurso mais valioso do time: o tempo para pensar, criar e ter empatia com o cliente.

Portanto, para os líderes que se perguntam como preparar suas equipes, minha opinião é simples: parem de treinar apenas o uso de ferramentas. Comecem a treinar o pensamento crítico, a formulação de hipóteses e a capacidade de contar histórias com os dados que a IA nos fornece. Os profissionais que prosperarão não serão os melhores operadores de software, mas os melhores pensadores estratégicos.

A inteligência artificial não é uma ameaça à nossa relevância. Ela é um convite (quase uma intimação) para sermos mais estratégicos, criativos e, no fim das contas, mais humanos. E essa, felizmente, sempre foi a parte mais fascinante (e frutífera) do marketing.