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A segunda onda da inteligência artificial no e-commerce

Por: Gabriel Carlini

Fundador e CEO da Agência FG

É fundador e CEO da Agência FG, especializada em e-commerce com atuação em performance, evolução e implantação de projetos B2C e B2B. Com mais de 21 anos de experiência no setor, lidera a empresa com foco em inovação, adotando uma abordagem IA first para otimizar processos e fomentar a criatividade da equipe. Sob sua gestão, a FG atende a grandes marcas como Brooksfield, Brooksdonna, Guess, Colcci, Zelo, Flexform e Ovos Mantiqueira, e foi eleita uma das seis melhores agências de comunicação para trabalhar no Brasil pelo GPTW.

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O varejo digital brasileiro entrou em 2025 pressionado por um consumidor cada vez mais exigente, jornadas fragmentadas e custos de aquisição que não param de subir. Esse cenário, que já vinha sendo antecipado há alguns meses, ganha força justamente no período em que as operações mais precisam de eficiência: a temporada de Natal. A data, historicamente responsável por volumes expressivos de vendas, exige previsibilidade, velocidade e precisão, três elementos que têm sido diretamente impactados pela segunda onda da inteligência artificial no e-commerce.

Sala de controle de e-commerce com operadores monitorando painéis de dados e alertas de IA durante o período de Natal.
Imagem gerada por IA.

Após um ciclo inicial no qual a IA se popularizou por meio de tarefas visíveis, como criação de conteúdo e atendimento automatizado, o mercado agora avança para um estágio mais profundo: a IA operacional. É a tecnologia aplicada nos bastidores, onde as decisões realmente afetam margem, conversão e experiência. E no Natal, quando cada minuto de navegação conta e cada ruptura de estoque pode gerar perdas significativas, ela se torna mais determinante do que nunca.

A evolução da IA operacional no período mais competitivo do ano

A IA operacional analisa padrões de comportamento em tempo real, identificando pontos de fricção que antes só eram percebidos após quedas expressivas de desempenho. Durante o pico natalino, período marcado por pressa, indecisão, múltiplas abas abertas e intenso comparativo de preços, essa leitura de microinterações oferece às marcas a chance de ajustar a experiência antes que o cliente desista da compra. Layouts que se adaptam conforme a navegação, vitrines reorganizadas automaticamente e recomendações mais inteligentes passam a reduzir a dispersão de tráfego e a manter o consumidor engajado até o fechamento do pedido.

No campo da precificação e da gestão de estoque, a tecnologia também assume protagonismo. O Natal é a época em que rupturas se tornam críticas, e excedentes podem comprometer as margens nos dias seguintes. Algoritmos preditivos analisam histórico, demanda atual, competitividade e giro para ajustar automaticamente o preço ou sinalizar riscos de falta. Em muitas operações, isso significa evitar a perda de vendas justamente nos produtos mais desejados, além de proteger o caixa após o período de pico.

Atendimento, logística e experiências mais responsivas com IA

Outro impacto direto da IA operacional aparece no atendimento. Nesta época festiva, o volume de dúvidas, trocas, rastreamentos e solicitações cresce de forma acelerada. O uso de modelos avançados permite priorizar solicitações urgentes, prever reclamações, reduzir atrasos e orientar decisões logísticas antes que elas se tornem problemas. Uma operação mais responsiva tende a gerar satisfação em um momento em que cada detalhe da experiência influencia a percepção do consumidor.

Os exemplos de aplicação já mostram resultados consistentes. Uma marca de moda implementou automações orientadas por IA capazes de ajustar banners e a ordem de produtos conforme o comportamento dos clientes nos primeiros dias da temporada. O resultado foi um aumento de conversão justamente no período mais competitivo. Em outro caso, uma varejista de cosméticos utilizou recomendação inteligente para destacar kits e produtos presenteáveis, reduzindo abandono de página e elevando o ticket médio durante a semana de maior volume.

A nova lógica de competitividade no Natal do varejo digital

Mais do que uma tendência tecnológica, a chegada da IA operacional ao final do ano representa uma mudança de mentalidade. A temporada natalina sempre exigiu agilidade, mas agora exige algo mais complexo: a capacidade de aprender rápido, reagir rápido e corrigir rotas em tempo real. O varejista que entra no período festivo com processos estáticos arrisca perder oportunidades antes mesmo de perceber que elas existiam.

A vantagem competitiva está justamente nessa inteligência contínua. Ao permitir que a operação se ajuste automaticamente à demanda, ao comportamento e às incertezas do período, a IA reduz custos, preserva margem e aumenta a conversão sem que seja necessário ampliar investimentos em mídia. E, em um Natal cada vez mais disputado, essa combinação pode definir quem cresce e quem apenas participa.

A segunda onda da inteligência artificial inaugurou uma forma de gestão no e-commerce mais técnica, precisa e conectada ao consumidor real. E o Natal, com toda sua intensidade e imprevisibilidade, é o palco perfeito para as marcas que quiserem liderar a próxima fase do varejo digital no Brasil.