Após um início de semana marcado por alívio nos mercados globais, a manhã desta quarta-feira (18) voltou a ser marcada por cautela. Investidores reagiram às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que abandonou a reunião do G7 e descartou um acordo iminente entre Israel e Irã, além de solicitar a evacuação de civis em Teerã. O movimento reacendeu o receio de uma escalada no conflito no Oriente Médio e pressionou ativos de risco.

Embora a aversão ao risco não tenha se intensificado como na última sexta-feira (14), quando os mercados globais registraram fortes perdas, os reflexos geopolíticos seguem no radar. Por volta das 8h (no horário de Brasília), o petróleo subia cerca de 1,5%.
Impacto no Brasil
Em entrevista à reportagem do E-Commerce Brasil, João Alfredo Nyegray, professor de Negócios Internacionais e Geopolítica da PUC-PR, comenta que o ataque de Israel ao Irã, embora localizado, possui efeitos globais imediatos. Os impactos, segundo ele, regem esferas econômicas, diplomáticas e estratégicas para o Brasil.
“A escalada no Oriente Médio pode levar à alta dos preços do petróleo, pressionando a inflação, custos logísticos e a política de preços da Petrobras. O agronegócio paranaense, em especial, deve ficar atento ao encarecimento de insumos e à possível instabilidade nos mercados islâmicos importadores”, comenta.
Além disso, o especialista comenta que o risco geopolítico gera fuga de capitais e desvalorização cambial, elevando custos de importação e afetando setores dependentes de tecnologia. Por fim, ele alerta também que a neutralidade diplomática brasileira pode ser testada, com possíveis prejuízos ao comércio exterior caso o conflito atinja rotas marítimas como o Canal de Suez. Diante desse cenário, o professor defende inteligência estratégica e adaptação rápida da política econômica para reduzir danos potenciais.
Dados de varejo nos EUA e FED
No cenário norte-americano, além da tensão geopolítica, os investidores acompanham com atenção a divulgação das vendas no varejo do país referentes a maio — último dado relevante antes da decisão de política monetária do Federal Reserve, marcada para esta quarta-feira (19).
A expectativa do mercado é de retração de 0,6% nas vendas do varejo ampliado. O recuo, em parte, é atribuído à antecipação de compras pelos consumidores dos EUA nos meses anteriores por conta do ‘tarifaço’ de Trump.
Esses indicadores podem reforçar a leitura de um FED mais cauteloso, especialmente diante da recente combinação de inflação mais comportada e sinais de desaceleração no consumo.
Mercado local e expectativas
Apesar do cenário externo desafiador, os ativos brasileiros têm apresentado desempenho relativamente mais robusto. Na sessão anterior, o dólar rompeu para baixo a marca de R$ 5,50 pela primeira vez desde o fim de 2024, mesmo com ruídos fiscais internos e a votação iminente de urgência para revogar o aumento do IOF na Câmara dos Deputados.