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Shopee é o e-commerce mais utilizado nas favelas do Brasil, aponta estudo

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

A Shopee é a plataforma de e-commerce mais utilizada por moradores de favelas brasileiras, segundo pesquisa do Instituto Data Favela divulgada nesta sexta-feira (18). O marketplace superou o Mercado Livre em preferência dentro desse público, que enfrenta desafios logísticos, como a entrega até a porta de casa.

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(Imagem: Divulgação/Shopee)

Apesar dos entraves na última milha, 60% dos entrevistados afirmaram ter o hábito de comprar pela internet. Entre as intenções de compra para os próximos seis meses, os destaques são vestuário (70%), perfumes (60%) e produtos de beleza (51%).

Para Renato Meirelles, fundador do Data Favela, a liderança da Shopee está relacionada ao tipo de portfólio da plataforma. “Está mais alinhado a roupas do que o Mercado Livre, com a Shein também próxima”, afirma.

Em dezembro de 2024, a Shopee também liderava em usuários ativos mensais no Brasil, segundo estudo do banco Citi. Na ocasião, somava 50 milhões de usuários, à frente de Temu (39 milhões) e Mercado Livre (37 milhões).

O levantamento ouviu 16,5 mil pessoas em comunidades espalhadas pelo país. Segundo o instituto, o Brasil possui cerca de 12,3 mil favelas, que abrigam 17 milhões de pessoas — o equivalente a 8% dos lares brasileiros — e movimentam R$ 300 bilhões por ano em renda total.

Diferenciais e mais dados

Roberto Kanter, professor de marketing da FGV e diretor da consultoria Canal Vertical, aponta ainda a gamificação como diferencial da Shopee. “A plataforma traz um lado lúdico que as pessoas adoram”, diz. O recurso é herança da origem da empresa, criada por Forrest Li, também fundador da Garena, desenvolvedora de jogos como Free Fire.

Apesar do avanço, 40% dos entrevistados ainda não utilizam plataformas de e-commerce. Entre os principais problemas citados estão atrasos nas entregas e dificuldades logísticas, como falha no acesso ou na localização dos endereços.

A pesquisa também destaca que o consumo para esse público está associado a um sentimento de conquista. Ao todo, 78% afirmaram buscar produtos que não tiveram acesso na infância e 85% relataram realização ao conseguir poupar para atingir metas de consumo.

Por outro lado, 50% disseram já ter se sentido excluídos por não possuírem produtos considerados “da moda” ou marcas em alta. “O consumo é a grande diversão das classes C e D. É uma forma de transformar dificuldades em momentos de compensação”, diz Kanter.