Ivan Martinho, presidente da World Surf League, começou sua palestra no Fórum E-Commerce Brasil a partir de uma pergunta que todo lojista faz: como disputar a atenção do seu público?
“Quando eu perguntava para as pessoas se elas gostavam de surf, o que eu mais ouvia era: eu não surfo, mas eu gosto. Ou seja, as pessoas se justificam antes. Isso não acontece com a Fórmula 1 ou com o futebol. Por que isso acontece com o surf?”, indaga.

Depois de uma dinâmica de memória com o público sobre medalhistas brasileiros de outros esportes, do judô ao salto com vara, Martinho concluiu que vencer não é o suficiente para gravar seu nome na memória das pessoas. Na disputa de atenção, é preciso ter constância.
Por isso, é mais fácil no Brasil lembrarmos das trajetórias de atletas do futebol, ainda que muito secundários dentro de partidas decisivas, do que de quaisquer outros esportes. É a previsibilidade aliada à reincidência dos jogos, toda quarta e domingo, que estabeleceu uma relação com o público ao longo de décadas.
Pensando o esporte como um negócio, Ivan Martinho organizou uma estratégia que passa por produção de conteúdo, de eventos, transmissão e diversificação do rol de atividades da marca. De cara, a cessão de direitos de transmissão para uma mídia interessada no esporte, no caso a Globo, permitiu a transmissão das competições em português, o que aumentou significativamente a audiência, e também a inserção dos atletas na vida do público, seja pela participação de reality shows ou em programas de entrevistas. Desse modo, investir no atleta também é investir no fortalecimento do esporte como um todo
Marca vencedora do prêmio Marketing Best 2024 na categoria Inovação, WSL diversificou sua área de atuação para além do esporte, promovendo um festival de música para abertura de uma temporada. Além disso, WSL teve a originalidade de usar a imprevisibilidade das competições de surf, esporte que costuma ter dias cancelados devido às condições do mar, ao seu favor.
Na competição de Saquarema, no Rio de Janeiro, a marca tornou os dias “OFF”, em que não tem provas, em dias de entretenimento, com ativações de marcas, shows, festas, possibilidades de lazer para o público que acompanha o esporte. “Uma vez criada uma forma diferente de falar sobre o esporte, que tem frequência e que converte a atenção do público em venda, WSL atraiu patrocínio”, conta Martinho.