O interesse do consumidor brasileiro por produtos chineses ganhou novas proporções nas últimas semanas. Com uma economia inflacionada e o cenário macroeconômico conturbado, itens mais baratos vindo da China se tornaram um opção plausível. De olho mais no passado, especificamente nas semanas após a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, empresas chinesas lotaram as lojas brasileiras com eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos. Por estratégia comercial, marcas que só vendiam TVs e celulares ampliaram o leque.

Agora, Hisense, TCL e Midea são alguns exemplos de companhias do gigante asiático que expandiram os tipos de produtos oferecidos. Com isso, itens como lava-louças, máquinas de lavar roupa e geladeiras chegaram aos portfólios.
A mudança é também mais uma amostra de como a guerra comercial de Trump está mudando o varejo globalmente. As empresas chinesas buscam participação de mercado na América Latina, já que as tarifas elevadas nos EUA e as políticas de Trump dificultam a venda de produtos no país.
Vale lembrar que, na semana passada, EUA e China acordaram uma redução no ‘tarifaço’ por 90 dias enquanto buscam um acordo neste período.
Cenário nacional
Os varejistas no Brasil apostam em produtos chineses para revitalizar a demanda, afetada pelas altas taxas de juros e pela desaceleração da economia. Atualmente, as marcas chinesas representam 20% dos eletrônicos e eletrodomésticos vendidos no Brasil, ante 16,5% em 2019, segundo dados da NielsenIQ. A competição tem sido com empresas como LG, Samsung, Electrolux, Panasonic e Brastemp.
“As empresas chinesas estão aumentando sua participação de mercado e diversificando seus portfólios de produtos ao mesmo tempo. Pensando nisso, estamos entrando em um ciclo em que o Brasil é cada vez mais um player-chave”, afirma Henrique Mascarenhas, diretor de Tecnologia e Duráveis da NIQ para a América Latina, em entrevista à Bloomberg News.
O Brasil, conforme análise do especialista, é um alvo natural para expansão das marcas chinesas.
Experiência
A estratégia para impulsionar as vendas no Brasil está focada em lojas físicas ao invés do e-commerce. O motivo é estratégico: tratar a desconfiança de alguns consumidores com relação aos produtos chineses.
Por aqui, as marcas estão investindo em displays elaborados nas lojas para apresentar produtos chineses. Para venda de TVs, por exemplo, algumas empresas desenvolveram um ambiente de sala de estar dentro das lojas, com sofás e iluminação que remetem a este ambiente.
A Casas Bahia afirmou à Bloomberg News que, desde 2020, a participação dos fabricantes chineses em seus negócios cresceu de 10% para 18%. Com a chegada de novos fornecedores e produtos, a varejista espera que o índice passe de 20% até o fim de 2025.