O mercado editorial brasileiro registrou um avanço nas vendas de livros digitais em 2024. Segundo o levantamento coordenado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), com apuração da Nielsen BookData, o faturamento das editoras com conteúdo digital cresceu 21,6% em termos nominais em comparação com o ano anterior. Descontada a inflação, o aumento real foi de 16%.

Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelas Bibliotecas Virtuais, que representaram 44% do faturamento do segmento digital e cresceram 47,6% em relação a 2023. Outro destaque foi o formato de assinatura, no qual a categoria de Ficção passou a responder por 54% da receita gerada — a maior participação entre os gêneros.
Ao todo, foram vendidos 12,2 milhões de livros digitais no modelo à la carte, sendo 94% e-books e apenas 6% audiolivros. A maior parte das vendas se concentrou nos gêneros Ficção e Não Ficção, ambos com 39% de participação. O segmento CTP (Científico, Técnico e Profissional) ficou com 22%.
O acervo nacional de livros digitais atingiu 135 mil títulos em 2024, sendo 91% em formato e-book e 9% em áudio. Apenas 11% desse total corresponde a lançamentos do ano, enquanto 89% pertence ao catálogo de anos anteriores.
“A pesquisa deste ano traz uma novidade importante ao apresentar pela primeira vez os resultados de venda por gênero. Isso não apenas alinha o Brasil com práticas de mercados mais maduros, mas também nos permite uma análise mais detalhada e estratégica. Observamos que a categoria de Não Ficção Adulto lidera em faturamento, representando 28,5% das vendas ao mercado, enquanto os livros Religiosos dominam em número de exemplares vendidos, com 29,5% do total”, , afirma Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).
“Esses dados revelam uma diversificação interessante nas preferências dos leitores brasileiros, indicando uma busca por conteúdo que vai além do entretenimento, abrangendo também conhecimento e espiritualidade. Essa diversidade é um reflexo da riqueza cultural do nosso país e abre novas oportunidades para editoras explorarem nichos específicos e atenderem melhor às demandas do público”.
Venda de impressos
Na comparação com o mercado de livros impressos, o digital ainda representa uma parcela pequena: 9% do total de vendas em 2024, contra 91% dos impressos. Ainda assim, o crescimento do digital foi significativamente superior ao do impresso, que avançou 3,7% no mesmo período.
Em relação aos canais de venda, as livrarias exclusivamente virtuais saíram na frente, com 32,1% dos livros vendidos e 33,6% do faturamento do ano passado, um número que supera os atingidos em 2023, quando o resultado foi 32,5%. De maneira tímida, o faturamento dos marketplaces e sites das próprias editoras aparece em quarto lugar no ranking, com 7,6%, mantendo o mesmo resultado de 2023.
A performance digital também teve papel decisivo para que o setor editorial encerrasse 2024 com crescimento real de 0,2%, mesmo em um cenário de retração na venda de livros didáticos e pressão inflacionária no segmento impresso.