A transformação logística por trás de cada clique no e-commerce passa, inevitavelmente, pelas pessoas que fazem essa engrenagem funcionar. No Fórum E-Commerce Brasil 2025, Regina Rufino, Gerente Sênior de Operações do centro de distribuição do Mercado Livre na Bahia, será uma das palestrantes da Plenária de Gestão & Operação no dia 31 de julho.
Na apresentação, ela vai tratar da gestão de pessoas como peça-chave da eficiência nos Centros de Distribuição (CDs), destacando os bastidores humanos que sustentam o avanço tecnológico da operação logística.
De acordo com a Reuters, é estimado que o Brasil represente 50% da receita do marketplace. Além disso, até 2025, a empresa planeja investir R$ 34 bilhões no país, um recorde histórico, com foco em logística, tecnologia e expansão de pessoal, com 14 mil novas contratações previstas para chegar a mais de 50 mil colaboradores no fim do ano.
A empresa também anunciou que dobrará sua rede logística, passando de 10 para 21 Centros de Distribuição Fulfillment, com 63% dos novos CDs fora de São Paulo, e com metas de que até 53% das entregas cheguem no mesmo dia ou no dia seguinte
Conexões que multiplicam resultados
Essa escala logística poderosa permite ao Mercado Livre realizar mais de 1,1 milhão de entregas por dia no Brasil, consolidando-se como referência no e-commerce nacional e superando grandes redes tradicionais em volume.
O sistema de robôs no CD de Cajamar impacta diretamente na eficiência operacional, reduzindo o tempo de processamento em até 20% e usando 15% menos espaço
Na entrevista exclusive ao portal, Regina expõe como as pessoas estão no centro dessa engrenagem tecnológica:
Como o Mercado Livre estrutura o desenvolvimento de pessoas nos seus CDs?
Atuamos em um setor altamente competitivo, focados em atrair talentos que queiram enfrentar grandes desafios, dispostos a sair da sua zona de conforto e crescer em um ambiente empreendedor. O desenvolvimento profissional nos CDs é estratégico: cada funcionário é incentivado a liderar sua jornada de aprendizagem.
Avaliações de desempenho consideram resultados e cultura, com feedbacks constantes. A maioria dos líderes começou em funções operacionais, reflexo do protagonismo estimulado desde o início. Valorizamos a mobilidade interna como ferramenta de crescimento. A tecnologia impulsiona, mas são as pessoas, preparadas e capacitadas, que estão no centro das decisões.
Quais tecnologias têm apoiado a gestão eficiente das equipes operacionais?
O avanço tecnológico é central na transformação que lideramos. Nosso impacto social cresce com mais usuários, soluções, alcance e dados. A tecnologia é usada para gerar eficiência, escalar a operação e melhorar a experiência do usuário.
Desenvolvemos IA própria, com os mais altos padrões da indústria. Ética é essencial: buscamos equidade, evitamos vieses e garantimos a segurança dos dados. Todas as soluções são co-construídas entre times técnicos e de negócio, adotadas apenas se resolverem desafios reais. A IA melhora segurança, velocidade e escalabilidade em todo o ecossistema.
Que ações de cultura interna mais se destacam nas operações do Meli?
Nossa principal vantagem competitiva é a cultura única, baseada em espírito empreendedor e talentos de alta performance. Nós contratamos e reconhecemos com base no alinhamento com nosso DNA MELI.
Nas operações, valorizamos autonomia e protagonismo. O modelo 90-10 garante agilidade: 90% das decisões ficam com os times, 10% com a liderança. Cuidar das pessoas também é prioridade e, como sempre falamos, damos o máximo e nos divertimos. Nas áreas administrativas, o modelo híbrido dá flexibilidade; nas operações, escalas flexíveis e trocas entre turnos promovem equilíbrio.
Qual o impacto da logística automatizada sobre o papel dos colaboradores?
À medida que novas tecnologias otimizam etapas operacionais, os funcionários passam a atuar mais próximos do centro da operação, gerindo fluxos, controlando processos e tomando decisões baseadas em dados. Em vez de reduzir a presença humana, a automação amplia a atuação dos times, que assumem funções técnicas e estratégicas dentro dos centros de distribuição.
Hoje, os funcionários são responsáveis por operar sistemas inteligentes, interpretar indicadores em tempo real e atuar diretamente nos ajustes necessários para manter o ritmo da operação. A tecnologia garante precisão e escala, mas são as pessoas que monitoram o desempenho e fazem a logística funcionar de forma eficiente.
Essa tecnologia, desenvolvida 100% in house, sustenta os processos nos centros de distribuição, como os de Fulfillment, e permite antecipar demandas, como a expansão da malha logística, a abertura de novos CDs ou o investimento em frotas próprias, como aviões, carretas e vans.
Como criar um ambiente de trabalho motivador e de alta entrega em larga escala?
No Mercado Livre, assumimos o desafio de ser protagonistas, criando valor para nossos usuários, enquanto competimos em equipe para ganhar.
Também apostamos no acompanhamento contínuo. Avaliações frequentes, conversas de feedback e rituais de gestão próximos ajudam as lideranças a identificar quem precisa de mais apoio e onde podemos acelerar o desenvolvimento. O aprendizado é constante, mas direcionado para o que realmente importa: preparar cada colaborador para contribuir de forma mais eficiente dentro da sua função.
Essa forma de trabalhar reflete a nossa cultura empreendedora, que estimula autonomia, colaboração e aprendizado contínuo. No MELI, cada pessoa é responsável pelo próprio desenvolvimento, mas conta com suporte próximo das lideranças e um ambiente que valoriza o crescimento individual como parte do resultado coletivo.