O setor de fast food registrou o maior crescimento entre todas as categorias analisadas pelo Kantar O nicho foi o que mais cresceu em valor de marca nas últimas duas décadas, segundo o Kantar BrandZ. Desde 2006, houve uma valorização de 700%, a maior entre todas as categorias acompanhadas pela consultoria global. Em 2025, as 10 maiores marcas do segmento somam US$ 408,1 bilhões, um avanço de 4% em relação ao ano anterior.

De acordo com a Kantar, dois fatores principais explicam o desempenho: globalização e percepção de valor. “E aqui ‘valor’ não significa necessariamente ‘preço baixo’”, destaca Fernanda Bassanello, diretora de brand na Kantar Brasil.
Da “Guerra do Dólar” à revalorização do fast food
Nos anos 2000, a disputa acirrada por preços baixos, chamada de “Guerra do Dólar“, reduziu as margens e a diferenciação das marcas. Esse cenário só começou a mudar com a crise da Grande Recessão, quando redes líderes reformularam suas estratégias e passaram a oferecer itens promocionais com maior valor agregado, atraindo consumidores que migravam de restaurantes casuais.
Um exemplo foi o McDonald’s, que reforçou o posicionamento do McCafé, reposicionando a marca como alternativa às cafeterias premium.
A força da expansão global
O processo de internacionalização foi determinante para o avanço das gigantes do setor. McDonald’s, KFC, Subway e Starbucks, por exemplo, abriram milhares de unidades na China, aproveitando não só o tamanho do mercado, mas também a valorização de suas marcas frente a concorrentes locais.
Nos últimos anos, no entanto, a concorrência de marcas asiáticas e a necessidade de adaptação cultural forçaram ajustes nas estratégias de cardápio e precificação, como no Canadá (Tim Horton’s) e na Suécia (MAX Burgers).
Fast casual, digitalização e o impacto da pandemia
Na década de 2010, redes fast casual como o Chipotle ganharam espaço com a proposta de refeições com ingredientes frescos e melhor procedência por um preço um pouco mais alto. Em resposta, as marcas tradicionais passaram a testar opções gourmet, práticas sustentáveis e cardápios mais enxutos.
Esse movimento se intensificou com a pandemia de COVID-19. Houve foco em delivery, retirada e drive-thru, com a digitalização das operações e uma redução dos espaços físicos para refeições. “As marcas priorizaram eficiência no atendimento e combinações de maior valor, mesmo com cardápios mais simples”, explica Fernanda.
Embora lucrativo, o modelo também gerou tensões: com a alta nos preços e nas taxas de entrega, parte dos consumidores pressionados pela inflação se afastou. E entre os mais jovens, cresceu a insatisfação com o fim de espaços físicos de convivência.
Perspectivas: consistência e relevância cultural
A análise da Kantar aponta que, para manter a liderança, as grandes redes precisam equilibrar escala global e adaptação local. “Consistência não significa rigidez”, afirma Fernanda. “É preciso manter identidade e mensagem, mas se adaptar às preferências regionais para continuar relevante.”
As 10 marcas de fast food mais valiosas em 2025
Confira o ranking das maiores marcas de fast food em valor de marca em 2025, segundo o Kantar BrandZ:

Entre os destaques do ranking, Chipotle e Domino’s continuam acelerando o crescimento com forte atuação digital e engajamento nas redes sociais. O Chick-fil-A, por sua vez, investiu em aplicativos e ampliação do cardápio para adicionar 25% ao seu valor de marca. Já o Taco Bell ganhou relevância com foco em custo-benefício e combos populares.
O desempenho das marcas reflete não apenas o apetite global pelo fast food, mas também a capacidade de adaptação e inovação em um cenário de consumo cada vez mais dinâmico.